Preciosa contribuição da Laudato Si acerca de um estilo de vida alegre e simples.
domingo, 24 de abril de 2016
sábado, 9 de abril de 2016
sexta-feira, 18 de março de 2016
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Oração pela nossa Terra
Deus
Onipotente,
que
estás presente em todo o universo
e
na mais pequenina das tuas criaturas,
Tu
que envolves com a tua ternura
tudo
o que existe,
derrama
em nós a força do teu amor
para
cuidarmos da vida e da beleza.
Inunda-nos
de paz,
para
que vivamos como irmãos e irmãs
sem
prejudicar ninguém.
Ó
Deus dos pobres,
ajuda-nos
a resgatar
os
abandonados e esquecidos desta terra
que
valem tanto aos teus olhos.
Cura
a nossa vida,
para
que protejamos o mundo
e
não o depredemos,
para
que semeemos beleza
e
não poluição nem destruição.
Toca
os corações
daqueles
que buscam apenas benefícios
à
custa dos pobres e da terra.
Ensina-nos
a descobrir o valor de cada coisa,
a
contemplar com encanto,
a
reconhecer que estamos profundamente unidos
com
todas as criaturas
no
nosso caminho para a tua luz infinita.
Obrigado
porque estás conosco todos os dias.
Sustenta-nos
na nossa luta
pela
justiça, o amor e a paz.
(Papa Francisco, Laudato Si 246)
Ações coletivas a partir da Laudato Si
O Papa Francisco
pede que, ao mesmo tempo, mudemos nossas atitudes pessoais e realizemos ações
coletivas de cuidado com a nossa casa comum. Essas são
empreendidas com a finalidade de efetivamente contribuir para a melhoria da
qualidade da vida das pessoas, proteger o meio ambiente, favorecer a inclusão
social dos pobres, exercitar a cidadania e cultivar a espiritualidade ecológica.
Então, o estudo da Laudato Si desemboca necessariamente em atitudes e ações práticas,
realizadas em âmbito individual e coletivo. Quando já existem iniciativas da
sociedade civil, devemos nos unir a elas, ou realizar um trabalho de parceria.
Se não há nada parecido no nosso bairro ou cidade, é hora de começar. Vamos
lá!!!
Ações coletivas
Na LS 219, Francisco diz como clareza: para
resolver a grave situação socioambiental do planeta, que é tão complexa, não
basta que cada um seja melhor. São necessárias redes comunitárias, união de
força! Por isso, vamos sugerir algumas ações possíveis, que você pode realizar
com outras pessoas e grupos.
O Texto abaixo reproduz e atualiza parte do
capítulo 16, “Laudato Si – Pistas
pastorais para conhecer e colocar em prática”, do livro Cuidar da Casa Comum.
Chaves de leitura teológicas e pastorais da Laudato Si’. Paulinas, 2016.
Existem no mínimo dois tipos de ações
comunitárias: campanhas e processos.
As campanhas visam desinstalar as pessoas e mobilizá-las para mudar de atitudes
e empreender ações de impacto, durante um tempo fixado. Já os processos são
duradouros. E devem ser avaliados a cada ano, para melhorar ou modificar. Uma
campanha pode desembocar num processo. Depende da existência ou não de pessoas
na comunidade que assumam a responsabilidade.
Tanto as campanhas como os processos devem ser
bem preparados, com uma comunicação eficiente, utilizando meios interpessoais e
virtuais. Não basta que a proposta seja boa. Ela deve começar bem, para ter
futuro. Chegar até as pessoas, onde elas estão. É necessário unir várias formas
e canais de comunicação.
Algumas destas iniciativas somente serão
duradouras se contarem com a ajuda de voluntários, ambientalistas e pessoas que
tragam sua experiência e contribuição técnica. Em outros casos, com o apoio das
associações locais e outras igrejas cristãs. Algumas atividades complexas
exigem a parceria com o poder público, especialmente a prefeitura. Evite-se a submissão
destas iniciativas ao apoio interesseiro de vereadores ou deputados.
Antes da reunião,
vocês devem estudar as propostas viáveis, pesquisar na internet e prever os
passos necessários. Discernir sobre a viabilidade, os riscos e os eventuais
custos de cada iniciativa. E estar aberto(a) às propostas que venham do grupo.
Seguem abaixo algumas sugestões. Você encontrará vários vídeos com experiências
detalhadas na internet, que podem lhes servir de inspiração.
Sugestão de ações
concretas
a) Eventos e campanhas
- Feira de trocas:
podem ser realizadas com as mais diversas faixas etárias. A finalidade é
refletir sobre a maneira como compramos, usamos e descartamos os objetos. Na
feira de trocas, cada um(a) traz alguns objetos pessoais em bom estado, que ele/a
não usa mais, para trocar com outra pessoa. Descobre-se o valor de uso dos objetos e exercita-se o desapego. Veja algumas
experiências na internet (busque: “feira de troca”).
- Mutirão de limpeza:
mobiliza membros da comunidade para limpar um espaço de uso público, como um
parque, uma praça, a praia ou a beira do rio. Alerta as pessoas sobre a
necessidade de cuidar dos espaços comuns.
- Caminhada ecológica:
serve para muitas finalidades. Algumas vezes, destina-se a tomar consciência do
próprio corpo, fortalecer os laços interpessoais, e encantar-se com as belezas
da Terra (as árvores, as águas, o ar, os pássaros, as flores). Noutras
ocasiões, tem um caráter profético, de denúncia diante da destruição dos
ecossistemas. Em outros momentos, enfatiza a dimensão celebrativa, de louvor
com a criação. Ou pode conter simultaneamente todos estes elementos.
- Feira de produtos orgânicos e da economia
solidária:
pode acontecer algumas vezes no ano, ou ser um processo. As feiras fortalecem a
cadeia produtiva com alimentos saudáveis, estimulam as iniciativas de economia
solidária, conscientizam sobre o valor da alimentação sem agrotóxicos e
estimulam a inclusão social. Devem ser realizadas em parceria com produtores de
alimentos orgânicos, de agricultura familiar ou outras iniciativas de economia
solidária. Para saber mais, procure na internet: “economia solidária”. Para ver
notícias e experiências: http://cirandas.net/
- Passeio ciclístico:
visa despertar para o uso da bicicleta com meio de transporte ou diversão.
Chama a atenção para o importante tema da mobilidade urbana.
- Romaria da terra e das águas:
organizada pelas pastorais sociais, constitui importante momento para denunciar
o mau uso do solo e a degradação dos nossos rios, fortalecer as lutas
socioambientais e louvar a Deus com a água e o solo.
- Campanha de plantio de mudas:
em parceria com outras organizações, mobiliza membros da comunidade para
plantarem e cuidarem de árvores frutíferas ou do bioma onde você vive (como a
amazônia, mata atlântica, cerrado ou semi-árido). É bom contar com a ajuda de
técnicos que ensinam como plantar e cuidar das árvores, bem como escolher as
mais adequadas para sua região.
- Campanha de resgate de nascentes:
mais apropriada para áreas rurais (embora também seja útil na cidade), consiste
em localizar nascentes e zelar do seu entorno.
- Campanha de coleta de água de chuva:
a experiência bem sucedida de construção de cisternas caseiras em comunidades
rurais no semiárido do Brasil, com apoio da Caritas,
agora se estendeu para as cidades e outras regiões, para ajudar a superar a
crise de abastecimento da água.
- Campanha da compostagem e de jardim/horta
caseira: com informações claras, estimula a produção
de adubo orgânico em pequena escala e um espaço para cultivo de plantas. Busque
mais informações e experiências na internet.
- Campanha de redução do consumo de água e
energia: já há muitas iniciativas, com apoio das concessionárias. Devemos
ajudar as famílias a fazer um diagnóstico, para perceber onde e como há maior
impacto ambiental na sua casa. E então adotar atitudes sustentáveis.
b) Processos
-
Coleta de óleo de cozinha: organiza-se um
local para recolher o óleo de fritura utilizado nas casas ou organizações. E se
escolhe uma organização que recolhe e recicla o material coletado. Além de
reduzir a poluição das águas, o resto óleo de fritura serve de matéria prima
para fabricar sabão e detergente.
- Apoio
às cooperativas de coletores de material reciclado: a comunidade, ou um condomínio,
monta um sistema de separar e destinar o chamado “lixo seco”, para reduzir a
quantidade de resíduos e fortalecer empreendimentos populares de “catadores”.
Convém escolher qual material recolher (por exemplo: latinha, garrafas pet e
papel branco limpo). Esta iniciativa tem ajudado na promoção social de muitas
famílias pobres, além de reduzir o volume dos aterros sanitários da cidade.
-
Horta urbana coletiva: iniciativa
crescente em várias partes do mundo, consiste em aproveitar espaços urbanos para
plantio de hortaliças, realizado por um grupo. Ver na internet: “horta urbana”.
c)
Pressão sobre o poder público
Algumas mudanças duradouras exigem o
compromisso do governo municipal, através de leis, organismos, empreendimentos
e políticas públicas. Para isso, é necessário criar grupos de cidadãos que
farão um longo trabalho de conscientização, reivindicação e pressão sob o poder
público. A palavra oficial da Igreja, através de pastorais organizadas,
paróquias e dioceses, tem grande valor para fortalecer estas iniciativas.
Veja algumas mudanças importantes para a
cidade: implantação de aterro sanitário; apoio logístico aos coletores de
material reciclável, estação de tratamento de esgoto (ETE), criação de
ciclovias, criação e manutenção de parques públicos e áreas de conservação,
política de mobilidade urbana, controle da poluição do ar, controle da
qualidade dos alimentos.
d) Gestos institucionais da igreja
O Papa Francisco
está ensinando ao mundo que os gestos valem mais do que as palavras. E as
palavras se tornam dignas de credibilidade quando acompanhadas por atitudes.
Veja alguns gestos institucionais que podem ser assumidos pela Igreja local.
- Incorporar o
olhar da sustentabilidade em qualquer atividade promovida pela Igreja, (como
eventos, festas, celebrações) com gestos simples e visíveis. Por exemplo:
reduzir a geração de lixo (resíduos sólidos), separar e destinar o resíduo
reclicável para cooperativas de coletores, diminuir a distribuição inútil de
papel, adotar papel misto e reciclado nas publicações.
- Rever a
política de construção e reforma dos prédios, de forma assumir as conquistas do
“ecodesign” (configuração ecológica) e da construção sustentável. Por exemplo:
construir de acordo com o clima da região, para favoreça ventilação e
iluminação naturais, usar material que economize eletricidade e água, captar e
utilizar água da chuva dos imensos telhados das igrejas.
- Promover o
plantio de árvores da região em Casas de Encontros e de Retiros.
- Em encontros e
retiros, utilizar o ambiente externo, de forma que os participantes rezem em
sintonia com o solo, o ar, as árvores, os pássaros. Vivam momentos gratuitos em
contato com a paisagem; vejam as estrelas; sintam a energia do sol da manhã. E
cultivem a perspectiva cristã da gratidão, do louvor e do cuidado.
Compartilhe
conosco a(s) iniciativa(s) comunitária(s) que você empreendeu com sua
comunidade ou instituição cristã, a partir da Laudato Si. Envie um texto para nós, com uma foto significativa. Ou
mesmo um breve vídeo (máximo 5 minutos), narrando a experiência. Postaremos
algumas delas neste blog. Enviar para: murad4@hotmail.com
Vamos juntos cuidar da Nossa Casa Comum!
Vamos juntos cuidar da Nossa Casa Comum!
Ir. Afonso Murad
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Edgar Morin: Laudato Si aponta para uma nova civilização
Entrevista
a Edgar Morin, com A. Peillon e I. Gaulmyn, publicada por La Croix e reproduzida por Avvenire,
10/09/2015. Tradução de IHU On-Line.
Você
definiu como providencial a encíclica Laudato Si'. O que entende por isso?
Estamos
numa era do pensamento fragmentado onde os assim denominados partidos ambientalistas
não compreendem a amplidão e a complexidade do problema, perdendo de vista a
pertinência daquilo que o Papa
Francisco chama "a casa comum",
uma expressão já empregada por Gorbachov.
Sempre fui movido por esta mesma exigência de um olhar complexo, global, ou
seja, da necessidade de tratar as relações entre as diferentes partes. No
'deserto' atual, portanto, aparece este texto que me parece bem pensado e que
responde à esta complexidade.
Francisco
define "a ecologia integral",
que não é, de fato, aquela ecologia 'profunda' que pretende nos converter ao
culto da Terra, subordinando todo o resto. Ele mostra que a ecologia diz
respeito às nossas vidas em profundidade, à nossa civilização, aos nossos modos
de agir, às nossas reflexões. Mais profundamente, critica um paradigma
"tecno-econômico", este modo de pensar que preside todos os nossos
discursos, tornando-os obrigatoriamente fieis aos postulados técnicos e
econômicos para resolver qualquer problema. Este texto assinala uma tomada de
consciência, um incitamento a repensar
a nossa sociedade e o nosso agir. É, portanto, providencial, no
sentido que é um texto imprevisto que indica o caminho.
O
texto tem uma prospectiva humanística da ecologia?
Sim,
já que usando a noção de ecologia integral, convida a tomar em
consideração todas as lições desta crise ecológica. Mas, primeiramente,
precisemos a noção de humanismo, que tem um sentido duplo, como Francisco,
por sua vez, afirma no seu discurso, criticando uma determinada forma de
antropocentrismo. Existe um humanismo antropocentrista, que coloca o homem como
centro do universo, que considera o homem como o único sujeito do universo.
Enfim, onde o homem toma o lugar de Deus. Não sou crente, mas penso que este
papel divino que o homem se atribui é absolutamente insensato. E uma vez que
assumimos este princípio antropocentrista, a missão do homem, muito claramente
formulada por Descartes, é de
conquistar e dominar a natureza. O mundo da natureza tornou-se um mundo de
objetos. O verdadeiro humanismo consiste, ao contrário, em reconhecer em cada
ser vivente um ser semelhante e
diferente de mim.
Você
compartilha a invocação de Francisco de Assis, retomada pelo Papa, que fala do irmão Sol,
que implica numa forma de fraternidade com aquilo que os cristãos denominam de
o Criado?
O
Papa teve a sorte de encontrar, no cristianismo, São Francisco de Assis. Sabemos hoje que possuímos células que se
multiplicaram desde a origem da vida e de que somos compostos, como qualquer
ser vivente. Se percorremos a história do Universo, nos damos conta que
carregamos conosco todo o cosmos e de uma maneira singular.
Existe
uma solidariedade profunda na natureza, ainda que sejamos diferentes, por causa
da consciência, da cultura. Mas mesmo sendo diferentes, todos somos filhos do
Sol. O verdadeiro problema não consiste em nos reduzirmos ao estado da natureza,
mas de não nos separarmos do estado natural.
O
Santo Padre pode encontrar na Bíblia um certo número de pontos que justificam
esta compreensão. Pessoalmente, acredito que a Bíblia narra uma criação do homem totalmente separada daquela dos
animais e que começou a suscitar este pensamento antropocentrista. A mensagem
de Paulo prolonga esta
compreensão, separando o destino humano depois da morte dos outros seres vivos.
Parece-me que esta concepção separa a civilização judaico-cristã das outras
grandes civilizações.
Mas
a propósito, na encíclica Laudato Si', o Papa dá uma interpretação oposta do
Gênesis...
É
verdade, podem ser formuladas interpretações cosmogônicas do Gênesis, sobretudo porque Elohim, o termo do Gênesis que
denomina Deus, é um plural singular ao mesmo tempo uno e múltiplo. Aí podemos
ver uma espécie de turbina criadora. Também é verdade que no Gênesis se lê que no princípio Elohim separou o céu e a terra. Trata-se de uma ideia interessante, já
que para se ter um universo é preciso uma separação, entre os tempos (passado,
presente, futuro) e o espaço (aqui e ali). Mas tenho pessoalmente uma concepção
que herdei de Spinoza, baseada
na capacidade criadora da natureza. Creio que a criatividade não nasça de um
criador inicial, mas de um evento inicial.
Você
conhece bem a América do Sul. A reflexão de Francisco está muito ligada à
cultura argentina?
Sim,
concordo. O que sempre me impressionou é perceber na América Latina uma
vitalidade, uma capacidade de iniciativa que nós não temos. Por exemplo,
encontro na encíclica este sentido da pobreza tão
forte neste continente. Na Europa, esquecemos totalmente os pobres,
marginalizando-os. Mas na encíclica, o conceito de pobreza é vivo, como nas
manifestações do Movimento dos
Agricultores sem Terra, no Brasil.
E
seguramente a Argentina, que
conheceu tantas provas, que teve que cancelar a própria dívida declarando a
bancarrota, é um País com uma vitalidade democrática extraordinária. Não acho
que é um milagre, mas era preciso que um Papa viesse de lá, com esta
experiência humana. É um Papa encharcado da cultura andina que opõe ao
'bem-estar' exclusivamente materialístico europeu o estar bem (o buen vivir) que representa uma
plenitude pessoal e comunitária autêntica. A mensagem pontifícia é um convite à
mudança, à uma nova civilização e eu acho isto muito tocante. Esta mensagem é,
talvez, o primeiro artigo de um apelo para uma nova civilização.
Para
além desta encíclica, como você percebe a contribuição das religiões para a
nossa sociedade?
Todos
os esforços para erradicar as religiões faliram completamente. As religiões são
realidades antropológicas. O cristianismo conheceu uma contradição entre alguns
dos seus desenvolvimentos históricos e a sua mensagem inicial, evangélica, que
é o amor dos homens. Mas quando a Igreja perdeu o seu monopólio político, uma
parte reencontrou a sua fonte evangélica.
A
última encíclica é integralmente
um retorno às origens evangélicas. Os cristãos, quando são animados pela fonte
da sua fé, são tipicamente pessoas de boa vontade, que pensam no bem comum. A
fé pode ser uma armadura contra a corrupção dos políticos e administradores.
A
fé pode dar coragem. Se numa era virulenta como a nossa, as religiões voltarão
à sua mensagem inicial, particularmente o Islã, já que Alá é o Clemente e
o Misericordioso, elas poderão
se compreender. Hoje, para salvar o nosso planeta verdadeiramente ameaçado, a contribuição
das religiões não é supérfluo. Esta encíclica é
uma demonstração evidente disto.
Oremos pela Terra (Padre Zezinho)
Bilhões de anos ela tem
Está cansada a velha mãe
Trilhões de vida já nos deu
Trilhões de filhos já gerou
Bilhões de homens e mulheres
O seu seio alimentou
Fez tanto e tanto e tanto bem
E agora chora a velha mãe
Que tantas vidas já criou
A ingratidão a derrotou
Pra ficar rico e ter dinheiro
O ser humano a espoliou
Pois de tanto se doar
Sem receber cuidados
Foi tanto o que sugaram
Que ela enfraqueceu
A Terra está morrendo lentamente
O mundo enlouqueceu
Desmataram seu verde, sujaram seus rios
Mancharam seus mares, tiraram-lhe o ar
Explodiram seus ventres
Queimaram com fogo seu rosto bonito
Sem pestanejar
A Terra está morrendo lentamente...
Oremos pela Terra!
Link: http://www.vagalume.com.br/padre-zezinho/oremos-pela-terra.html#ixzz3x9DnSa00
Está cansada a velha mãe
Trilhões de vida já nos deu
Trilhões de filhos já gerou
Bilhões de homens e mulheres
O seu seio alimentou
Fez tanto e tanto e tanto bem
E agora chora a velha mãe
Que tantas vidas já criou
A ingratidão a derrotou
Pra ficar rico e ter dinheiro
O ser humano a espoliou
Pois de tanto se doar
Sem receber cuidados
Foi tanto o que sugaram
Que ela enfraqueceu
A Terra está morrendo lentamente
O mundo enlouqueceu
Desmataram seu verde, sujaram seus rios
Mancharam seus mares, tiraram-lhe o ar
Explodiram seus ventres
Queimaram com fogo seu rosto bonito
Sem pestanejar
A Terra está morrendo lentamente...
Oremos pela Terra!
Link: http://www.vagalume.com.br/padre-zezinho/oremos-pela-terra.html#ixzz3x9DnSa00
Cantico das Criaturas
Onipotente e bom
Senhor
A ti a honra,
glória e louvor!
Todas as bênçãos
de ti nos vêm
E todo o povo te
diz: amém!
Louvado sejas nas criaturas/
Primeiro o sol, lá nas alturas
Clareia o dia, grande esplendor/
Radiante imagem de ti, Senhor
Louvado sejas pela irmã lua/
No céu criaste, é obra tua
Pelas estrelas, claras e belas/
Tu és a fonte do brilho delas
Louvado sejas pelo irmão vento/
E pelas nuvens, o ar e o tempo
E pela chuva que cai no chão/
Nos dá sustento, Deus da criação
Louvado sejas, meu bom Senhor/
Pela irmã água e seu valor
Preciosa e casta, humilde e boa/
Se corre, um canto a ti entoa
Louvado sejas, ó, meu Senhor/
pelo irmão fogo e seu calor
Clareia a noite robusto e forte/
Belo e alegre, bendita sorte
Sejas louvado pela irmã terra/
Mãe que sustenta e nos governa
Todos os frutos, nos dá o pão/
Com flores e ervas sorri o chão
Louvado sejas, meu bom Senhor/
Pelas pessoas que em teu amor
Perdoam e sofrem tribulação/
Felicidade em ti encontrarão
Louvado sejas pela irmã morte/
Que vem a todos, ao fraco e ao forte
Feliz aquele que te amar/ A
morte eterna não o matará
Bem aventurado quem guarda a paz/
Pois o altíssimo o satisfaz
Vamos
louvar e agradecer/ Com humildade ao
Senhor bendizer
(Versão de Zé Vicente)
Para ouvir a melodia:
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Nota dos Atingidos pela Vale: um mês após a tragédia
Após um mês do rompimento da Barragem de Rejeitos do Fundão,
na cidade de Mariana, estado de Minas Gerais, a situação nas regiões afetadas
se agrava. Os mortos e desaparecidos, o soterramento de comunidades inteiras, a
morte do Rio Doce — uma das maiores bacias hidrográficas brasileiras — são
apenas o começo da tragédia provocada pela empresa Samarco S.A., a joint
venture das mineradoras BHP Billiton Ltda e da Vale S.A. O maior desastre
ambiental ocorrido no Brasil foi um crime, e as populações atingidas, que
seguem lutando pela sua sobrevivência, agora lutam por justiça.
Encontra-se em risco a dignidade humana de 3,2 milhões de
pessoas, que é a população estimada da bacia do Rio Doce, principal afetada
pelo desastre socioambiental. Quando, em 05 de novembro de 2015, a barragem de
Rejeitos de Fundão se rompeu, foram derramados 62 milhões de metros cúbicos de
lama tóxica, que em poucos minutos alcançaram o distrito de Bento Rodrigues,
destruindo completamente o local. A quantidade de rejeitos prova que as empresas
tinham ultrapassado, e muito, a capacidade da barragem. Em 04 de dezembro, um
documento do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) revelou que a
Vale depositou uma quantidade maior de rejeitos de minérios na barragem da
Samarco que se rompeu do que havia declarado oficialmente. Ela era responsável
por quase 30% dos rejeitos da minério da barragem que se rompeu. Deste modo, no
contexto das responsabilizações, a Samarco e a Vale devem ser vistas no mesmo
grupo de responsáveis pelo ocorrido, negando, assim, o papel de mera acionista
da Samarco que a empresa Vale declara publicamente.
Em horas, a lama se alastrou, soterrando casas do distrito
de Paracatu de Baixo. As localidades de Paracatu de Cima, Gesteira, Campinas,
Pedras, Camargos, Ponte do Gama e Borba e Bicas também foram imediatamente
atingidas. A população das localidades não foi comunicada em tempo hábil de
salvar objetos, bens e familiares. A lama destruiu casas, igrejas, escolas,
currais, pontes, plantações e criações. Até o presente momento, contabiliza-se
o número de doze mortos e onze desaparecidos. As buscas por vítimas fatais
continuam. O percurso da lama persistiu com intensidade, atingindo o Rio Doce e
todos os municípios cortados por ele entre os estados de Minas Gerais e Espírito
Santo, até chegar ao Oceano Atlântico, a 700 km de distância. Cerca de 8
milhões de toneladas de peixes contaminados e mortos já foram retiradas do rio.
Todo este cenário de destruição comprovam a ausência de um plano de emergência
efetivo da Samarco com o objetivo de conter o alastramento da lama de rejeitos
e o assessoramento das populações do entorno (..).
Um mês após a tragédia, a Articulação Internacional dos
Atingidos e Atingidas pela Vale S.A. reafirma que este não é um caso isolado e
sim mais uma tragédia do setor da mineração. Ao longo dos anos, temos
denunciado muitas tragédias provocadas pela mineração da Vale S.A. sobre a vida
de comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, camponesas e de populações
urbanas empobrecidas. E em diferentes partes do Brasil e do Mundo, de Mariana
(MG) a Moçambique, de Santa Cruz (RJ) a Piquiá (MA), de Perak (Malásia) a
Mendoza (Argentina), as semelhanças entre narrativas sobre os impactos são o
testemunho da insustentabilidade da Vale S.A. e também de todo o setor da
mineração. Não podemos deixar que os responsáveis por mais uma tragédia saiam
impunes.
Diante disso, exigimos:
- A imediata instauração de investigações imparciais e
independentes com o fim de determinar os atores responsáveis pelos crimes
cometidos, e que o Estado garanta assessoria jurídica integral às vítimas;
- Que todas as comunidades recebam medidas de reparação em
conformidade com parâmetros nacionais e internacionais sobre o direito a um
recurso efetivo, inclusive o reassentamento coletivo e integral das famílias
residentes nas comunidades atingidas;
- Que os trabalhadores diretos e terceirizados da Samarco e
da Vale S.A. tenham os seus direitos respeitados e estabilidade garantida
durante o período da paralisação das atividades da Samarco;
- A suspensão das Licenças Ambientais vigentes e a não
concessão de novas licenças para as barragens de rejeitos do Fundão, Santarém e
Germano;
- Que a população da Bacia do Rio Doce seja devidamente
informada, em especial as pessoas diretamente atingidas, sobre os impactos e
riscos à saúde por meio do acesso a informações contidas nas Licenças
Ambientais e outros Estudos;
- Que essas populações recebam toda a assistência necessária
até que seus modos de vida e subsistência sejam restabelecidos;
- Que as posições do Comitê Nacional em Defesa dos
territórios frente à Mineração, do qual nossa articulação faz parte, sejam
incluídas integralmente no novo Marco Legal da Mineração; que o mesmo não venha
a ser votado às pressas, sem o necessário debate público após o maior desastre
ambiental do Brasil, provocado por atividades mineiras.
Justiça para as vítimas do desastre ambiental da Vale e da
BHP!
Articulação
Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale S.A.
07 de Dezembro de 2015
(Texto completo em: https://medium.com/@pacsinstituto/mariana-n%C3%A3o-foi-acidente-525e772996bc#.9bopqq661
)
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Nota da CNBB sobre rompimento da Barragem em Mariana
“Toda a criação, até o presente, está gemendo como que
em dores de parto” (Rm 8,22)
O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília dias 24 e 25 de novembro de 2015,
manifesta sua profunda solidariedade aos atingidos pelo rompimento da barragem
de Fundão, de propriedade da Samarco Mineradora, no distrito de Bento
Rodrigues, em Mariana-MG. Com o mesmo sentimento expresso pela nota da
Presidência da CNBB em solidariedade à Arquidiocese de Mariana, emitida no dia
11 de novembro, assistimos, atônitos e indignados, ao rastro de destruição e
morte, consequência dessa tragédia, nos estados de Minas Gerais e Espírito
Santo, cujas causas devem ser rigorosamente apuradas e os responsáveis
obrigados a reparar os danos causados.
As vidas dos trabalhadores e moradores tragadas pela lama,
bem como a fauna e flora destruídas exigem profunda reflexão acerca do
desenvolvimento em curso no país. É preciso colocar um limite ao lucro a todo
custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e proteção à
vida das pessoas e do planeta. Com efeito, lembra-nos o Papa Francisco que “o
princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras
considerações, é uma distorção conceitual da economia” (Laudato Si, 195).
A atividade mineradora no Brasil carece de um marco
regulatório que tire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do
sacrifício humano e da depredação do meio ambiente com a consequente destruição
da biodiversidade. Urge recordar que “o meio ambiente é um bem coletivo,
patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (Laudato Si, 95).
Lamentavelmente, esta grave ocorrência nos faz perceber que este princípio não
é levado em conta pelo atual desenvolvimento que tem o mercado e o consumo como
principal finalidade.
As consequências do desastre ecológico são incalculáveis e
os danos só serão reparáveis a longo prazo em toda a Bacia do Rio Doce. É dever
moral do Estado fiscalizar a atividade mineradora e aplicar, com rigor, a lei,
aperfeiçoando-a nos pontos em que se mostrar insuficiente ou falha. Aos
parlamentares cabe a responsabilidade ética de rever o projeto do novo Código
de Mineração, em tramitação na Câmara dos Deputados, a fim de responder às
exigências para uma mineração que leve em conta a preservação da vida em todas
as suas dimensões. Os legisladores não podem se submeter ao poderio econômico
das mineradoras. A vida, o trabalho, a história e os sonhos que foram
destruídos sejam motivos para que fatos como este não se repitam.
O Deus de amor, que nos enche de esperança e força, ajude os
atingidos nos caminhos de reconstrução da vida por meio da justiça que lhes
restaure o que perderam. Nossa Senhora Aparecida, mãe atenta à aflição de seus
filhos, interceda por todos junto a Jesus Cristo.
Brasília, 25 de novembro de 2015
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