sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ultima década foi a mais quente desde 1850!

A primeira década deste novo século apresentou as temperaturas médias mais altas já registradas desde que começaram as medições modernas, em 1850. Além disso, mais recordes de calor foram batidos entre 2001 e 2010 do que durante qualquer outro período.  Para piorar, o aumento do nível dos oceanos se deu em um ritmo duas vezes mais rápido do que nos 100 anos anteriores. Essas são apenas algumas das constatações do recém-publicado “The Global Climate 2001-2010, A Decade of Climate Extremes”, da Organi zação Meteorológica Mundial (OMM).

“O relatório mostra que o aquecimento global acelerou nas quatro décadas entre 1971 e 2010 e que a taxa de aumento entre 1991-2000 e 2001-2010 é sem precedentes. O aumento da concentração de gases do efeito estufa está transformando nosso clima, com implicações para nosso meio ambiente e oceanos, os quais estão absorvendo tanto dióxido de carbono quanto calor”, explica Michel Jarraud, secretário-geral da OMM. De acordo com o documento, a concentração de CO2 na atmosfera subiu para 389 partes por milhão em 2010, um aumento de 39% com relação ao começo da Era Industrial.  Vale lembrar que essa concentração atualmente está na faixa das 400ppm.“Variabilidades climáticas naturais, causadas por interações entre nossa atmosfera e os oceanos – como evidenciadas pelo El Niño e La Niña – significam que alguns anos foram mais frios que outros. Observada em uma escala anual, a curva da temperatura global apresenta nuances. Mas em termos de longo prazo, a tendência é claramente para cima, ainda mais no período recente”, afirmou Jarraud.

A temperatura média global entre 2001-2010 foi estimada em 14,47°C, 0,47°C acima da média entre 1961-1990, que por sua vez já havia sido 0,14°C mais quente do que a década anterior. Todos os anos da última década, com exceção de 2008, estão entre os dez mais quentes já registrados, sendo que 2010 apresenta o recorde histórico, com 14,54°C. Dos 139 países observados pelo relatório, 94% tiveram na década passada a mais quente já monitorada. No Brasil, a anomalia de temperatura foi ainda mais elevada, com um aumento na média de 0,74 °C.  Porém, coube à Groenlândia a maior anomalia, com 1,71°C, alta que foi ainda mais pronunciada em 2010, com espantosos 3,2°C acima da média.
Todo esse calor resultou, é claro, em um maior degelo nas regiões polares e nas cadeias de montanhas. O que, por sua vez, teve impacto na elevação do nível dos oceanos. Segundo a OMM, o mar avançou uma média de três milímetros por ano, quase o dobro do observado durante o século XX, 1,6 milímetros. O nível atual dos oceanos está 20 centímetros acima do que estava em 1880. (...)
O “The Global Climate 2001-2010, A Decade of Climate Extremes” é gratuito está disponível para download.
Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=734483

terça-feira, 9 de julho de 2013

Forum Temático: Religião, ecologia e cidadania planetária (2)

Eis a síntese das comunicações de cada um dos membros do Forum Temático 2: Religião, ecologia e cidadania planetária, durante a 26º Congresso da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências da Religião).

1. Direitos da Terra, Bem-viver e superação do especismo: incidências no cristianismo
Pedro A. Ribeiro de Oliveira. Doutor em sociologia – PUC-Minas pedror.oliveira@uol.com.br
A Carta da Terra levou o debate sobre consciência planetária do restrito âmbito de ambientalistas e pensadores/as para o público externo à academia. Embora esse público ainda seja pequeno, é certo que o tema tem-se desdobrado em várias questões que atingem um número cada vez maior de pessoas, muitas delas com forte marca cristã. Tendo presente a tradução antropocêntrica do cristianismo, cabe perguntar sobre as incidências dessas três dessas questões – Direitos da Terra, Bem-viver e especismo – na concepção cristã. Onde percebe-se pontos de resistência e de aceitação.

2. Culpa e mérito do Ocidente Cristão na Crise Ambiental
Douglas Jorge Arão. Doutor em Filosofia. PUC-Minas. djarao@gmail.com
Lynn White Jr., em seu celebre artigo “As raízes históricas da nossa crise ecológica”, não somente lamenta que o mandamento de Deus ao homem no livro do Gênesis seja de “dominar” a natureza, lamenta também o fato de ser um mandamento de “multiplicar” o número de descendentes deste homem primordial. De fato, Lynn White Jr., começa seu artigo mencionando Audous Huxley, e o efeito que o crescimento da população humana teve na degradação ambiental. A partir da constatação que a cristandade haveria uma enorme culpa no que diz respeito à crise ambiental, o autor duvida que a solução a esta crise possa estar no correto uso da ciência e da técnica e propõe uma visão alternativa àquela cristã. Mesmo depois de Copérnico ainda acreditaríamos na centralidade do nosso mundo, e mesmo depois de Darwin ainda “não seriamos capazes de nos conceber como membros do mundo natural”, segundo White. Ainda acreditamos na nossa superioridade e isso seria deplorável para o autor. Um ponto de fuga dessa visão seria o fato do autor salvar a figura de São Francisco de Assis, que White chama simplesmente Francis, como a figura cristã de maior impacto depois do próprio Cristo. Sua concepção democratiza a relação entre as criaturas de Deus, considerados como irmãos. White afirma que São Francisco “queria substituir o papel ilimitado do homem no cenário natural por uma idéia de igualdade entre as criaturas inclusive o homem” (..) A solução para a crise ecológica, profundamente enraizada em solo religioso, precisa de um remédio que seja igualmente religioso e a figura de São Francisco é de vital importância nesta empresa. Partindo da atualidade desta visão que vê uma grande culpabilidade a tradição Cristã no atual estado de alarme ecológico, analiso outros autores e outras versões do mesmo problema, comparando, principalmente com as ideias do economista e professor David Landes e sua obra "A Riqueza e pobreza das nações: Porque umas são tão ricas e outras tão pobres".

3. Viabilidade da Ética e Espiritualidade biocêntricas na Igreja Católica: uma análise do Catecismo romano
Luiz Eduardo S. Pinto. Mestre em Ciências da Religião. UNIMONTES. eduardosouzait@yahoo.it
Esta comunicação tem por objetivo apontar as contribuições e os limites do catolicismo romano a uma ética e espiritualidade biocêntricas. Ele toma como pressuposta a matriz antropocêntrica das religiões abraâmicas – entre as quais se inclui o cristianismo – mas levanta a hipótese de sua abertura a uma concepção biocêntrica. O campo empírico da busca é o Catecismo da Igreja Católica (CIC). O Catecismo é o documento oficial sobre a prática da fé e do ensinamento da doutrina. Nele estão contidos elementos que servem de orientações para a prática do catolicismo em todo o mundo, é um documento oficial de referência para os católicos. Nele há instruções sobre a profissão de fé, os sacramentos, a vida e a oração, sendo o mais completo documento da Igreja Católica acerca de sua doutrina. Justamente por isso serve de referência para qualquer estudo que se desenvolva sobre esta instituição religiosa. O período de elaboração do CIC (1985-1992) coincide com o início dos debates em várias partes do globo sobre questões como a extinção de espécies, o desmatamento, a poluição, o aquecimento global, o efeito estufa e o desenvolvimento sustentável. É um período de florescimento acentuado da consciência ambiental e das discussões sobre a relação dos humanos com a natureza. Nessa fase a perspectiva biocêntrica começa a entrar na pauta de discussão de intelectuais e instituições internacionais, dentre elas a Igreja Católica.

4 . As sete chaves da consciência planetária à luz da ecoteologia.
Afonso T. Murad. Doutor em Teologia, FAJE. murad4@hotmail.com
Inicialmente, caracterizaremos de forma breve os elementos que compõem o conceito de “Consciência planetária” e “Ecoteologia”. A seguir, apresentaremos as sete chaves, a saber:
- Encantamento: experiência sensível de contato com o meio ambiente, que desperta no ser humano o sentimento de reverência diante do mistério de todos os seres.
- Indignação: postura ética de “desconforto” diante das situações que atentam contra a dignidade dos seres humanos, sobrecarregam os ecossistemas e comprometem a continuidade da “teia da vida” no planeta.
- Informação: conhecer a situação dos ecossistemas no planeta, os impactos ambientais, a configuração do antropoceno e as alternativas de sustentabilidade.
- Visão sistêmica: superação da visão analítica que fragmenta a realidade, através do exercício da “alfabetização ecológica”, de compreensão holística e holográfica.
- Mística: desenvolvimento da eco-espiritualidade a partir da Bíblia, da Tradição Eclesial, do diálogo interreligioso e da sensibilidade aos Sinais dos Tempos, favorecendo a unidade da experiência salvífica cristã (criação – encarnação – redenção – recapitulação).
- Atitudes pessoais: posturas individuais, traduzidas em ações cotidianas referentes ao consumo de produtos e serviços e ao exercício da cidadania.
- Ações coletivas: complexo de iniciativas que abrange diversos âmbitos, do nível local à governança global, incluindo educação ambiental, gestão sócio-ambiental, comunicação, legislação e comunicação.

5. Um olhar essencial e primordial sobre a simbologia sagrada das águas para os candomblecistas.
Amarildo Fernando de Almeida. Mestre em Ciências da Religião. PUC-Minas. amarildo-fernando@uol.com.br
Um olhar essencial e primordial sobre a simbologia sagrada das águas para os candomblecistas. Para os candomblecistas o simbolismo das águas ultrapassa, e muito, o seu significado dos seus compostos químicos e das suas variadas formas de benefícios e de utilização do/no mundo moderno. O significado das águas nos terreiros de Candomblé situa-se num amplo universo de narrativas sagradas seculares, salvaguardando suas similaridades e suas diferenças com outras tradições religiosas, pois jamais se pode permitir ser interpretado e analisado com os procedimentos e os métodos da racionalidade cartesiana do mundo moderno. Dessa forma, as águas devem ser interpretadas a partir de “hidrofanias”, uma outra forma de ser no mundo: sagrada/profana. Assim sendo, a água no Candomblé é um elemento essencial e primordial a partir do qual tudo se configura e estrutura. E a água está presente na quartinha dos orixás; nos banhos e purificação dos corpos, dos animais, dos alimentos e folhas sagradas; ela restabelece a força regeneradora da energia vital; cura as diversas moléstias do corpo e da alma... E, necessário se faz lembrar, os candomblecistas ritualizam os significados primordiais das suas narrativas sagradas dos diferentes tipos de água: lamacenta, Nanã; doce, Oxum; salgada, Iemanjá. Portanto, diferente da racionalidade cartesiana que utiliza e beneficia da água em diversos momentos da sua comercialização, pois água é fonte de lucro e de riqueza.

6. Dimensão pública da teologia messiânica: ensaios sobre a constituição de uma ecoteologia
Andrea G. Santiago Tomita. Doutora em Ciências da Religião. Faculdade Messiânica. andreatomita@hotmail.com
O curso de Teologia da Faculdade Messiânica foi reconhecido pelo MEC em 2011 e tem uma proposta diferenciada de currículo que integra eixos de conhecimentos teológicos gerais com os específicos de uma teologia sui generis: a teologia da Igreja Messiânica Mundial (IMM - religião de origem japonesa fundada em 1935). Nesta comunicação pretendemos apresentar aspectos da proposta missionária da IMM que integra aspectos religiosos e práticas sociais (em terminologia messiânica denominada ‘ultrarreligião’) que conferem uma dimensão pública à sua teologia. Em especial, nos debruçaremos na análise do conteúdo e métodos de uma teologia prática com ênfase na visão do Fundador Meishu-Sama sobre “Arte da Agricultura Natural”; nos desdobramentos de uma práxis peculiar no campo da saúde, agricultura e meio ambiente e, finalmente, na reflexão sobre os possíveis fundamentos de uma ecoteologia messiânica.

7. O lugar da teoria da complexidade na ética ecológica de Leonardo Boff
Gabriel do Nascimento Vieira. Doutorando em Ciências da Religião. UNIMONTES. bielvi@ig.com.br
Esta pesquisa se propõe a esclarecer os vínculos da Teoria da Complexidade, interpretada a partir de Edgar Morin, com a Ética Ecológica Planetária proposta por Leonardo Boff. Ela ganha importância à medida que enfatiza o pensamento complexo como sustentação teórica dos problemas globalizados apontados por Boff e que, por sua vez exigem soluções complexas que atendam a diversidade de povos e culturas. Não dá mais para esperar soluções milagrosas vindas de um determinado segmento religioso, científico ou político que atenda a todos de maneira satisfatória. Deve-se aprender a pensar de outro modo, como diz Edgar Morin em seu escrito sobre o método, (sexto volume: tema ética a exigência da solidariedade e da responsabilidade como meios de religação ética entre os seres humanos e o planeta terra, nossa pátria-mãe).

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Forum Temático: Religião, ecologia e cidadania planetária

Durante a 26º Congresso Internacional da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências da Religião), realizado nos dias 8 a 11 de julho de 2013, reúne-se o Forum Temático 2, em torno de "Religião, ecologia e cidadania planetária".
Coordenadores: Afonso Murad (FAJE) e Pedro Ribeiro de Oliveira (PUC-Minas)

Programação:
9 de julho: 14h às 15h45
14h às 14h15: Introdução do Fórum Temático. Finalidade e metodologia
14h15 às 14h45: Um olhar essencial e primordial sobre a simbologia sagrada das águas para os candomblecistas - Me. Amarildo Fernando de Almeida
14h45 às 15h15: Viabilidade da ética e espiritualidade biocêntricas na Igreja Católica: uma análise do catecismo romano - Me. Luiz Eduardo S. Pinto
15h15 às 15h45: O lugar da teoria da complexidade na ética ecológica de Leonardo Boff - Doutorando Gabriel do Nascimento Vieira

10 de julho: 14h às 16h30
14h às 14h15 Síntese do dia anterior e apresentação da pauta do dia
14h15 às 14h45 Culpa e mérito do ocidente cristão na crise ambiental - Dr. Douglas Jorge Arão
14h45 às 15h15 Direitos da Terra, bem-viver e superação do especismo: incidências no cristianismo - Dr. Pedro Assis Ribeiro de Oliveira
15h15 às 15h45 As sete chaves da consciência planetária à luz da ecoteologia - Dr. Afonso Tadeu Murad
15h45 às 16h Intervalo
16h às 16h30 Conclusão e avaliação do FT. Proposta de grupo de pesquisa permanente.

(Os resumos e publicações se encontram no site www.soter.org.br )