sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Yvo De Boer renuncia ao cargo na ONU

Depois de quatro anos a frente do principal cargo da ONU para questões climáticas, o holandês Yvo De Boer enviou à Organização, nesta quinta-feira, 18 de fevereiro, uma carta de demissão, na qual abre mão do seu cargo de secretário-executivo da UNFCCC – Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática.
No documento, De Boer afirma que há algum tempo tinha a intenção de se desvincular da ONU, mas confessa que a vontade se acentuou após a COP15, em que atuou como principal articulador das negociações entre os líderes mundiais.
Isso porque, após a Conferência, ele teria recebido inúmeras críticas da ONU, culpando-o pelo fracasso do encontro. A resposta às críticas foi dada: na carta, após pedir demissão, De Boer afirma que, apesar da COP15 não ter definido um acordo legalmente vinculante, ele não considera que a Conferência tenha sido um fracasso.
“Copenhague deixou claro o comprometimento político e o senso de direção rumo a um mundo de baixas emissões. Isso é irresistível e pede novas parcerias com o setor de negócios. É o que eu vou fazer a partir de agora”, declarou o holandês, que a partir do dia 1º de julho deixará o cargo da ONU para se dedicar às questões climáticas no mundo acadêmico e no grupo privado de consultoria KPMG.
Enquanto isso, outro órgão da ONU, o IPCC – Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas, também está enfrentando problemas. Coordenado por Rajendra Pachauri, o órgão foi alvo de uma série de acusações que colocaram sua veracidade científica em xeque e provocaram a indignação dos próprios cientistas do IPCC, que estão pedindo a renúncia de Pachauri. (Saiba mais em Fragilidade na ONU: Rajendra Pachauri por um fio)
Que crise, não?!


Fonte: Planeta Sustentável
Foto de Creative Commoms/Simon Wedege

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mudanças climáticas influenciarão o voto dos brasileiros

Os furacões extratropicais no sul do país, os alagamentos e chuvas torrenciais em Belo Horizonte e São Paulo, o radicalismo da seca no nordeste e as temperaturas cada vez mais extremas em todo o país parecem estar mudando a forma de pensar do eleitor brasileiro.
Segundo a pesquisa “Barômetro Ambiental”, realizada pela Market Analysis nas nove principais capitais brasileiras, dois em cada três brasileiros irão às urnas nas próximas eleições levando em conta o posicionamento dos candidatos em relação às mudanças climáticas.
E mais: a pesquisa apontou que os jovens são os mais interessados no assunto. 73% das pessoas que têm entre 18 e 24 anos garantem colocar as questões climáticas no topo de suas exigências eleitorais, enquanto 52% dos entrevistados entre 55 e 69 anos afirmam se preocupar com isso na hora de votar. De acordo com a pesquisa, o dado significa um “corte geracional”, quando o assunto são as mudanças climáticas.
Além disso, segundo o estudo, as mulheres estão mais ligadas no tema: 68% delas votarão em 2010 pensando no clima do planeta, contra 64% dos homens entrevistados.
A pesquisa ainda elegeu a classe econômica e a região brasileira mais conscientes. Segundo ela:
– as cidades do nordeste (Recife, com 86%, e Salvador, com 75%) são as que possuem mais eleitores que aderem a plataformas políticas sobre mudanças climáticas;
– Brasília é a região menos preocupada com o assunto: apenas 50% dos votantes levam o clima em consideração, percentual que ficou abaixo da média nacional, de 66%;
– as classes média e média baixa são as mais sensibilizadas pelas questões climáticas;
– a elite econômica do país foi a que demonstrou menor receptividade às candidaturas que colocam a questão ambiental no centro do debate eleitoral.

Fonte: Planeta Sustentável

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Pandora é aqui? Sobre Belo Monte

Transcrevemos o lúcido e profético artigo de Marina Silva, a respeito dos impactos socioambientais da Usina de Belo Monte. Leia e reflita. Manifeste-se!

O Ibama concedeu a licença prévia para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Trata-se de um projeto muito polêmico, localizado no rio Xingu, no Pará, próximo ao município de Altamira, numa região conhecida como Volta Grande do Xingu. O nome deve-se ao desenho do rio que, visto de cima, assemelha-se a uma "ferradura".
Por meio de barragens, as águas do rio serão desviadas para um canal que unirá as pontas mais próximas dessa "ferradura". Ao final desse canal, as águas passarão pelas turbinas antes de retornarem ao seu curso normal.
Como tudo na Amazônia, os números que envolvem a obra são gigantescos. A quantidade de terra e pedra que será retirada na escavação do canal - cerca de 210 milhões de m³ - é um pouco menor da que foi removida na construção do Canal do Panamá. E ainda nem se definiu qual a destinação desse material.
Pelo leito do rio Xingu passa uma vazão de 23.000 m³/s de água no período de cheia. Um volume correspondente a quatro vezes a vazão, também nos períodos de cheia, das Cataratas do Iguaçu.
Os impactos socioambientais também terão essa mesma ordem de grandeza. E ainda não foram concluídos. Só sobre a fauna, segundo dados coletados durante o Estudo de Impacto Ambiental, podemos ter uma idéia. Na área existem 440 espécies de aves (algumas ameaçadas de extinção, como a arara-azul), 259 espécies de mamíferos (40 de porte médio ou grande), 174 de répteis e 387 de peixes.
Apenas a eficiência energética da usina não será tão grande. Uma obra colossal que custará certamente mais de R$ 30 bilhões - se somados todos os gastos, como o custo e a extensão da linha de transmissão, por exemplo - terá uma capacidade instalada de gerar, em média, 4.428 MW, em razão do que poderá ser suportado pelo regime hídrico do rio, nesta configuração do projeto. E não os 11.223 MW que estão sendo equivocadamente anunciados.
A energia média efetiva entregue ao sistema de distribuição será de 39% da capacidade máxima de geração, enquanto a recomendação técnica indica que essa eficiência seja de pelo menos 55%.
Para que Belo Monte possa apresentar um grau de eficiência energética compatível com as recomendações técnicas, seria necessária a construção de outras três hidrelétricas na bacia do rio Xingu, que teriam a função de regularizar a vazão do rio. Por ora, a construção dessas usinas foi descartada pelo governo porque estão projetadas para o coração da bacia, onde 40% das terras pertencem aos indígenas.
No entanto, a insistência em manter o projeto nessa dimensão (apesar de haver alternativa de barragem com quase metade da capacidade instalada e perda de pouco mais de 15% na potência média gerada) provoca forte desconfiança, tanto dos analistas como das comunidades e dos movimentos sociais envolvidos, de que a desistência de construir as outras três hidrelétricas seja apenas temporária.
A população indígena - são mais de 28 etnias naquela região - ficará prensada entre as cabeceiras dos rios que formam a bacia, hoje em processo acelerado de exploração econômica e com alto nível de desmatamento acumulado. E a barragem, além de interromper o fluxo migratório de várias espécies, vai alterar as características de vazão do rio.
É incrível que um empreendimento com esse nível de interferência em ambientes sensíveis seja idealizado sem um planejamento adequado quanto ao uso e à ocupação do território.
A solução de problemas dessa dimensão não pode ser delegada exclusivamente a uma empresa com interesse específico na exploração do potencial hidrelétrico, com todas as limitações conhecidas do processo de licenciamento.
Com a obra, são esperadas mais de 100 mil pessoas na região. Não há como dar conta do adensamento populacional que será provocado no meio da floresta amazônica, sem um planejamento para essa ocupação e um melhor ordenamento do território. Isso só pode ser alcançado através da elaboração de um Plano de Desenvolvimento Sustentável na região de abrangência da obra.
Essa foi uma grande omissão nesse processo, mas não a única. Não temos como deixar de indagar se não há outros aproveitamentos hidrelétricos que seriam mais recomendados, sob o ponto de vista dos impactos ambientais ou da eficiência energética.
No entanto, não há projetos com estudo de viabilidade técnica e econômica prontos para serem submetidos ao licenciamento ambiental. Apesar de o diagnóstico ser conhecido desde 2003, apenas em meados do ano passado foram finalizadas as primeiras revisões de inventário de bacia hidrográfica, como a do Tapajós.
Com isso, projetos polêmicos e com grandes impactos têm que ser analisados em prazos muitas vezes incompatíveis com o grau de rigor que deveriam ter, numa clara demonstração de como, muitas vezes, os ativos ambientais são afetados pela falta de planejamento de outros setores de governo.
Porém, nada foi mais afetado do que nosso compromisso ético frente à responsabilidade com o futuro de povos e culturas. Não foram sequer feitos estudos sobre os impactos que os povos indígenas terão. Só para exemplificar, o que significará para eles ter a vazão reduzida significativamente num trecho de 100km em função do desvio das águas para o canal? O plano de condicionantes tampouco menciona a regularização de duas Terras Indígenas (Parakanã e Arara), já bastante ameaçadas.
Estas e outras comunidades indígenas manifestam inconformidade por não terem sido ouvidas adequadamente, segundo os preceitos da Resolução 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, mas nunca implementada para valer.
O Brasil possui um importante potencial de geração de energia hidrelétrica a ser desenvolvido. Mas as dificuldades em retomar o planejamento do setor na velocidade que possibilite escolhas e uma análise segura por parte do setor ambiental, somada à indisposição em discutir uma proposta de desenvolvimento sustentável para as obras de infraestrutura localizadas na Amazônia, à percepção de que o governo não faz o suficiente para melhorar a eficiência energética do sistema (não só na geração) e para desenvolver as energias alternativas, acaba por produzir conflitos agudos e processos equivocados, que poderiam ser evitados.

Apesar dos discursos em contrário, ainda estamos operando no padrão antigo, que considera o meio ambiente como entrave ao desenvolvimento. Temos ainda um longo dever de casa a ser feito para ingressarmos definitivamente no século 21. Quem pensa que a história relatada no filme Avatar só pode ocorrer em outro planeta, engana-se: Pandora também pode ser aqui.

(Fonte de Texto e Foto: Portal Terra)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Há quatro anos, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade. O objetivo é conscientizar a população mundial sobre a importância da diversidade biológica para a qualidade de vida e sobrevivência da humanidade, além de fazer um alerta para a sua perda contínua.

Mas o que significa, afinal, biodiversidade?
Por que é tão importante conhecê-la e preservá-la?

Assista o vídeo e fique por dentro.