quinta-feira, 15 de maio de 2014

Teólogos e cientistas naturais no caminho da sabedoria

No seu texto “Teólogos e cientistas naturais no caminho da sabedoria”, o teólogo Jürgen Moltmann reflete sobre a colaboração entre as ciências naturais e a teologia partindo da seguinte pergunta: Em que áreas as ciências naturais e as religiões se encontram e travam um diálogo produtivo visando a uma cooperação benéfica à vida?
Segundo ele, o diálogo entre a ‘ciência natural pura’ e ‘teologia científica’ tem um sucesso limitado por dois motivos. Primeiro, porque ele não promete nenhum ganho de conhecimento aos cientistas naturais em seu próprio campo; e segundo, porque falta a muitos cientistas e teólogos a filosofia como plano mediador. Como consequência, muitas vezes se usam conceitos que não são refletidos criticamente e, por isso, não são compreendidos. Nesse sentido, para conseguir uma influência recíproca de ciência natural e teologia científica podem se procurar planos mediadores numa abrangente teoria filosófica da ciência ou numa hermenêutica geral da história. Isso permitiria assimilar e interpretar experiências da natureza como experiências transcendentes.
Tentativa interessante nessa direção é feita pelos cientistas incentivados a elaborar pensamentos religiosos sem vinculá-los à determinada religião, e também pelos teólogos que, por causa e para além de sua teologia, tem pensamento científico-natural. Mas nem sempre é fácil achar a harmonia desejada entre a experiência científica da natureza, que é universal, objetiva e repetível e a experiência religiosa, que é comunitária, subjetiva e irrepetível. Diante dessa dificuldade, Moltmann se pergunta se não seria esse conceito amplo e multívoco de experiência um plano mediador para o geral e o particular, o regular e o contingente.
Outra tentativa consiste nos esforços para relacionar ‘ciências naturais’ e ‘ética’. Moltmann afirma que a pesquisa científica é, sem dúvida, objetiva, mas não “livre de valores”, já que ela se submete a determinados interesses na sociedade. Nesse sentido, o ethos inerente do progresso técnico-científico tem sua própria dinâmica e, infelizmente, no seu desenvolvimento, no lugar do velho otimismo do progresso entrou o fatalismo, que não permite, no fundo, nenhuma alternativa ética. Por isso, as ciências naturais, em especial as biociências, devem ser compreendidas em seu contexto econômico-social (complexo científico-técnico-industrial). Então, perguntar-se se esse complexo é sábio, quer dizer, se está a serviço da vida.
Outro intento de articular ciência natural e teologia no contexto da vida comum é efetuada no plano da sabedoria, seguindo a tradição antiga para a qual todo saber está incrustado na sabedoria da vida. A phrónesis ou sabedoria prática abarca saber e moral, de modo que o ser humano aprende a lidar sabiamente com seu conhecimento e a relacionar de modo realista sua moral à realidade conhecida. É somente pelas experiências, positivas e negativas, que ficamos sábios, enquanto permanecemos interessados pela vida.
A revolução científica moderna desvinculou as ciências desse contexto amplo e compreendeu a razão científica como “razão instrumental”, isto é, como poder sobre a natureza e sobre a vida própria, ocasionando a emancipação e separação das ciências naturais da sabedoria. Uma teologia emancipada da sabedoria se fundamenta total e exclusivamente na auto-revelação de Deus ou na autocerteza da fé, e em consequência do conflito “razão-revelação” surge a controvérsia sobre a justiça ou injustiça da “teologia natural”.
O autor sustenta que não deve haver concorrência entre teologia da revelação e teologia natural. Por um lado, a teologia natural, por meio da qual o ser humano se torna sábio, reconhece Deus como criador a partir da mesma criação. Por outro lado, é pela teologia da revelação, que se oferece o conhecimento da revelação de Deus, do Salvador, que o ser humano se torna bem-aventurado. Então, sendo ambas as teologias complementares, se deduz que a fé e a razão podem habitar a mesma casa da sabedoria e contribuir, cada uma a seu modo, para a construção desse edifício, numa cultura com experiência de vida.
Na procura da sabedoria, o ser humano descobre e aprende. São necessárias as observações e os experimentos das ciências naturais, não apenas para colher informações, mas também para aprender com a sabedoria que é inerente à natureza. Pois existe um complexo processo de aprendizagem do ser vivo e uma antiquíssima memória armazenada na estrutura da matéria e nos estágios do orgânico. Uma ciência intervencionista, que não procura a sabedoria, mas unicamente saber o que se pode “fazer” com o objeto conhecido ou como modificá-lo para ser útil, emudece a natureza e emburrece o ser humano.
Moltmann conclui que a busca pela sabedoria da vida humana cria um diálogo entre a sabedoria natural descoberta e a sabedoria humana a ser aprendida. A sabedoria humana procurará a conciliação entre a cultura humana e os ecossistemas da Terra, cuja meta é um acordo com a natureza que lide de forma inteligente com a vida. Esse acordo começa com o respeito à antiquíssima memória da vida nos processos naturais e a “reverência à vida” como o mandamento supremo que deriva do “direito à vida”.

Resumo de: MOLTMANN, Jürgen. Teólogos e cientistas naturais no caminho da sabedoria. In: ______. Ciência e sabedoria. São Paulo: Loyola, 2007. p. 41-47, como atividade de PIBIC, bolsa da FAPEMIG, realizado por Gonzalo Benavides Mesones.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Oficina Espiritualidade e Ecologia

Durante o 1º Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidade Libertadora, em Fortaleza, de 1 a 4 de maio de 2014, realiza-se a Oficina "Espiritualidade e Ecologia".
Os 27 jovens e adultos participantes se envolveram nas atividades, nas discussões e na convivência, formando rapidamente um grupo em sintonia.