sexta-feira, 10 de julho de 2009

Brasil: lixão da Inglaterra?

Circula a notícia de que toneladas de lixo orgânico foram importadas da Inglaterra por uma empresa brasileira – e o pior é que é verdade! Os resíduos saíram da Inglaterra em fevereiro, viajaram por diversos países e chegaram ao Brasil em junho, nos portos de Santos e do Rio Grande.

A partir daí, por conta de uma denúncia de irregularidade, a Receita Federal passou a fiscalizar, em sigilo, as cargas de importação dos dois portos e acabou encontrando uma surpresa nada agradável: 56 containers, com cerca de mil toneladas de lixo orgânico.

Na carga, dá pra achar todo o tipo de resíduo: plástico, papel e vidro – totalmente deteriorados e que, portanto, não podem ser reciclados –, restos de comida, cabos de computador, embalagens de produtos de limpeza e, pior ainda, seringas e preservativos usados.

Segundo o fiscal de exportações e importações do Rio Grande, Marco Medeiros, as empresas importadoras envolvidas no escândalo – que, por incrível que pareça, estavam com os documentos de regularização em dia – realizam esse tipo de prática fraudulenta por dinheiro.

Na Europa, custa cerca de € 200 descartar uma tonelada de lixo. Assim, essas empresas oferecem bem menos – cerca de € 10 – para importar a mesma quantidade e se livrar dos resíduos de forma ilegal – e totalmente insustentável –, o que faz com que os envolvidos na atividade saiam lucrando e todo o resto da população sofra as consequências.

Depois de analisar a carga, a Anvisa declarou que os resíduos são altamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e, sendo assim, o Ibama multou, em R$ 150 mil, a empresa importadora e a transportadora, além de abrir um processo criminal contra elas e exigir a devolução da carga. Mas tem um detalhe: o Ministério Público ainda não sabe como o lixo saiu da Inglaterra e, portanto, não há para quem devolver o conteúdo dos containers.

A história nos parece absurda do começo ao fim. Qual é a sua opinião sobre tudo isso?

Fonte: Planeta Sustentável.

4 comentários:

  1. Cadê o lixo nuclear dos países europeus e dos EUA? Cadê o lixo químico das grandes indústrias chinesas ou o lixo farmacêutico de Bayer (sem contar o prejuízo que Bayer causa com seu arroz transgênico)? Pelo menos Greenpeace conseguiu contestar Bayer nas Filipinas. É assustador a fluidez do mal! Exportar lixo é um mal que sacude as fronteiras de qualquer nação, alias chacoalha neste nosso caso Brasil como terra sem males! Além disso, este crime torna o Brasil contra o próprio povo brasileiro que afinal permitiu um transporte absurdo deste tipo.
    Acabo ler o livro "A crise estrutural do capital" do István Mészáros (São Paulo: Boitempo, 2009). Numa entrevista de janeiro 2009, ele capta o que esta história do lixo britânico nos portos brasileiros mostra: "Temos até um Ministério da Energia e da Mudança Climática, que na realidade é um Ministério do papo furado, porque nada faz além de anunuciar uma meta." (Mészáros, "Crise estrutural", p. 130). A leitura deste denso livro vale a pena!
    Tudo é inter-ligado: será que o "papo-furado" sobre as leis do lixo vai resolver a questão deste lixo nas costas brasileiras? Será que o "papo-furado" da G8 em L´Aquila vai resultar numa mudança climático pelo melhor? O dinheiro prometido ao continente africano não resolve nada, se não caminha junto com educação e uma mudança radical do poder político.
    Tenho momentos quando não sei o que mais devo fazer: subir parede, protestar em frente dos palácios governamentais, rezar pela conversão dos "mal-feitores" ou escrever e continuar dialogando. Hoje optei pela última alternativa, talvez, junto com a penúltima, fosse a mais construitiva.
    Assim seja!

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  2. Cadê o lixo nuclear dos países europeus e dos EUA? Cadê o lixo químico das grandes indústrias chinesas ou o lixo farmacêutico de Bayer (sem contar o prejuízo que Bayer causa com seu arroz transgênico)? Pelo menos Greenpeace conseguiu contestar Bayer nas Filipinas. É assustador a fluidez do mal! Exportar lixo é um mal que sacude as fronteiras de qualquer nação, alias chacoalha neste nosso caso Brasil como terra sem males! Além disso, este crime torna o Brasil contra o próprio povo brasileiro que afinal permitiu um transporte absurdo deste tipo.
    Acabo ler o livro "A crise estrutural do capital" do István Mészáros (São Paulo: Boitempo, 2009). Numa entrevista de janeiro 2009, ele capta o que esta história do lixo britânico nos portos brasileiros mostra: "Temos até um Ministério da Energia e da Mudança Climática, que na realidade é um Ministério do papo furado, porque nada faz além de anunuciar uma meta." (Mészáros, "Crise estrutural", p. 130). A leitura deste denso livro vale a pena!
    Tudo é interligado: será que o "papo-furado" sobre as leis do lixo vai resolver a questão deste lixo nas costas brasileiras? Será que o "papo-furado" da G8 em L´Aquila vai resultar numa mudança climático pelo melhor? O dinheiro prometido ao continente africano não resolve nada, se não caminha junto com educação e uma mudança radical do poder político.
    Tenho momentos quando não sei o que mais devo fazer: subir parede, protestar em frente dos palácios governamentais, rezar pela conversão dos "mal-feitores" ou escrever e continuar dialogando. Hoje optei pela última alternativa, talvez, junto com a penúltima, fosse a mais construitiva.
    Assim seja!

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  3. Regina, concordo com você! Escrever traz leveza para o enfrentamento dos desafios e contribui para a formação de opinião. Carla

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