IV CONGRESSO DA ANPTECRE
UNICAP – Recife - 04 a 06/09/2013
ST 1: ECOTEOLOGIA. TEMAS EMERGENTES
Na
sessão temática, no dia 5 de setembro, apresentaram-se comunicações que articulam
“ecologia, consciência planetária e religião”. Coordenação: Afonso Murad e Carlos Cunha (FAJE).
1. A ambiência da Teologia da criação.
A
comunicação tem como objetivo mostrar que temas emergentes da Ecoteologia perpassam
a teologia bíblica desde o Antigo até o Novo Testamento. O escritor dos
primeiros capítulos do livro de Gênesis registra que só após o Criador ter
proporcionado uma ambiência favorável, chamado no texto de Jardim (Gan) do Éden
(Lugar de delicias), pôs o Homem para habitar nesse lugar. Passeava com o Homem
toda tarde e no meio do Gan (jardim) pôs a arvore da Vida. A vida então passa a
ser celebrada. O que é a vida na
proposta de Deus senão uma caminhada com Ele todos os dias na praça ou no Jardim? Toda a
criação geme esperando a manifestação dos filhos de Deus. Segundo o Apocalipse,
na nova Polis celestial, a nova Jerusalém, há uma platéia (praça) em cujo meio
encontra-se a mesma árvore, cujas folhas servirão para a cura das nações.
A
ecoteologia encontra assim suas bases no início e no final da Bíblia. O Gan
(jardim) do éden do início retornará como platéia (praça) da nova pólis. Da
árvore da vida dependerá a saúde e a vida dos povos. O ser humano deve cuidar
da Terra e dessa forma cumprir a orientação que Deus lhe dera desde a origem. A
pesquisa será feita por meio de uma revisão bibliográfica.
Palavras-chave:
Teologia. Ecoteologia. Vida. Ambiência
2. Mandato cultural: resgatando a
teologia da criação para uma vivência pública da fé
Rodomar
Ricardo Ramlow - Doutorando em Teologia no PPG da EST. Bolsista CAPES. rodomar.ramlow@gmail.com
Para que
os cristãos possam avançar do debate teológico para uma vivência prática da fé
na esfera pública é necessário um fundamento sólido. No que diz respeito à
perspectiva ecológica, é necessário resgatar uma teologia da criação a partir
do Mandato Cultural de Deus. Contribuir para esta reflexão é objetivo deste
trabalho. Com uma pesquisa bibliográfica e um olhar sobre os primeiros
capítulos do livro bíblico de Gênesis procuramos resgatar o conceito de Mandato
Cultural, a fim de contribuir para uma conscientização planetária. Lembrando a
influência do dualismo grego e o desprezo pela matéria, voltar-se à tradição
hebraica significa assumir o desafio de uma compreensão mais integrada de todas
as coisas. De maioria cristã, o Brasil precisa superar o dualismo platônico e
encarnar a compreensão de que todos são responsáveis pela boa criação de Deus.
A intervenção humana na realidade pressupõe responsabilidade e cuidado.
Observa-se, no entanto, uma incoerência entre os ensinamentos do livro sagrado
dos cristãos e a prática dos fieis no dia a dia no que se refere à relação
humana com o mundo criado.
Palavras
chave: Ecoteologia; Mandato Cultural; Teologia Pública; Criação.
2. “Natureza e Revelação
testificam o amor de Deus”: A práxis ecoteológica de Ellen White como reflexão
para a consciência planetária
“O amor de Deus” é o mais abrangente tema
abordado por Ellen Gould Harmon White, cofundadora da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Ao apresentar o “Livro da Natureza” como fonte privilegiada para o
conhecimento prático de Deus e (por conseguinte) de Seu amor, em plena Era
Vitoriana, ela possibilitou um novo olhar às relações entre o ser o humano e o
divino mediante intrínseca e visceral relação do homem e da mulher com o
meio-ambiente. Assim, refletir acerca de seus escritos sobre a natureza é abrir
a consciência ao cuidado do planeta e ao mesmo tempo perceber a beleza da
criação de Deus. Segundo a proposta da teologia holística de Ellen White, é
impossível buscar a progressiva santificação e a negação do eu sem humildade
para contemplar na terra e no céu o Deus abscôndito que na natureza se revela
de forma privilegiada. Desta forma, conclui, conhecer e amar a natureza para
perceber pessoalmente o amor de Deus expresso na Bíblia deve ser objetivado
desde a mais tenra infância. O objetivo deste artigo é compartilhar e analisar
textos whiteanos selecionados acerca do tema, vinculando-o à educação
vivencial, com o intuito de promover possibilidades de diálogo e ações
colaborativas para um mundo focado na interação entre o ser humano e a
Natureza.
Palavras-chave:
Religião, Natureza, Teologia Adventista
4. Proposta cosmogônica da
ontologia do divino baseada em Gn 6, à
luz do livro de I Enoque
Filipe
de Oliveira Guimarães. Doutorando em Ciências da Religião - PPG da UMESP. filipeoligui@gmail.com
Este
trabalho foi elaborado com o objetivo geral de contribuir para uma Teologia da
Sustentabilidade. No primeiro momento abordamos a temática na perspectiva da
cosmogonia demonstrando, pelo viés da história das religiões, o seu lugar na
vivência cristã e na academia. Em seguida analisamos o relato de Gêneses 6, à luz do livro de I Enoque, objetivando
resgatar a crença cosmogônica dos cristãos dos primeiros séculos. Na sequência,
a pesquisa dá apontamentos ontológicos, de caráter hermenêutico, que posicionam
Deus em relação a sua criação, com a finalidade de aproximar a temática da sustentabilidade
do texto bíblico, no palco da cosmogonia. Em relação à sua estrutura,
classificamos como sendo sistemático-fragmentária (construímos a partir de
pequenas porções das Escrituras buscando obter relações entre elas),
metodologicamente direcionada pela História das Religiões, fundamentada em
pressupostos bíblicos e da pseudoepígrafe, tendo como chave de leitura a
temática contemporânea da sustentabilidade. O resultado da pesquisa aponta que
é possível, aos cristãos, uma práxis sustentável se adquirirem uma consciência
do divino harmonizada com a temática da Sustentabilidade.
Palavras-chave:
Teologia, Sustentabilidade, Cosmogonia, I Enoque.
5. Deslumbramento e preservação ante a
sacralidade da vida: despertar para a religiosidade holística.
Mauro Luiz Ferreira
Silva. Mestrando em Teologia - PPG da
EST. Bolsista da CAPES. mauroposest@yahoo.com.br
O artigo aborda a relevância do deslumbramento
ante o mistério da vida, e a atitude preservacionista da natureza, enquanto
meio e evidência, respectivamente, de experienciação do sagrado. À luz de
antigos relatos diluvianos globais, como a epopeia mesopotâmica de Gilgamesh, o
mito grego de Posseidon e Deucalião e o relato bíblico de Noé, descritores de vasta
inundação na qual pequeno grupo de humanos e numerosas espécies animais são
mantidos vivos, veem-se como elementos comuns a iniciativa divina da
preservação e certa espécie de pacto sagrado com a natureza. Em ambas as eras,
a pré-histórica, quando humanos até mesmo teriam acolhido animais numa grande
barca, e a contemporânea, quando diversas ações individuais e políticas
organizacionais “verdes” se desdobram em nível mundial, as atitudes de preservação parecem revelar a
vivacidade de mentes capazes de deslumbramento ante o mistério e sacralidade da
vida, e uma consequente autorresponsabilização pela continuidade desta. Sob tal
viés, o da vida como sacramento, desponta a religiosidade plena. Com base em
pesquisa bibliográfica, esta comunicação pretende contribuir para o debate
sobre a espiritualidade holística que, ante a criação, deslumbra-se e
responsabiliza-se.
Palavras-chave:
dilúvio, preservação, encantamento,
religiosidade holística.
6. Comunidade da criação,
comunidade da esperança: reflexões a partir da ecoteologia de Jürgen Moltmann.
O tema
do trabalho será a reviravolta antropológica proposta por Jürgen Moltmann a
partir da sua Ecoteologia. Na elaboração do autor, a construção da identidade
do ser humano pode realizar-se apenas na medida em que este se confronta com o
restante da criação, com seu semelhante e com o próprio Deus criador, numa
“comunidade da criação”. Posto isso, a humanidade pode ser entendida como
“co-criatura” na rede de conexões que compõem o complexo sistema do cosmo. O
objetivo será apresentar o aggiornamento
proposto pelo autor segundo três eixos principais: pautas para uma nova
antropologia, à luz dos desafios pós-modernos e da crise ecológica; a reflexão
acerca dos direitos da humanidade e os direitos da natureza; vias para um novo
estilo de vida. Para atender os objetivos acima expostos, será realizada uma
pesquisa bibliográfica das principais obras do autor sobre a temática, entre as
quais Uomo (1971), Deus na criação (1985), Dio nel progetto del mondo moderno
(1997) e Ética da esperança (2010) a
fim de identificar os conteúdos inerentes à discussão proposta. Por fim, será
apresentada a conclusão da investigação bibliográfica: o fomento de uma
comunidade da criação na esperança de um futuro cósmico para a humanidade.
Palavras-chave:
Moltmann, Ecoteologia, Co-criaturalidade, Sustentabilidade
7. “Novo céu e nova terra”: Por
que o pentecostalismo brasileiro não se engaja em causas ecológicas?
Carlos
Alberto Motta Cunha. Doutorando em Teologia - PPG da FAJE. Bolsista CAPES. carlosbedri@terra.com.br
O título
desta comunicação já pressupõe a hipótese sugerida: o pentecostalismo
brasileiro rejeita o engajamento ecológico. “Novo céu e nova terra” (Ap 21,1),
para a fé pentecostal, são lugares de um futuro distante, longe da Terra. A
esperança de um planeta restaurado não faz parte do imaginário pentecostal que,
por sua vez, determina o comportamento alienante diante das causas ecológicas.
Quais são os elementos teológicos determinantes de tal comportamento? Com o
intuito de responder esta pergunta fundamental, o texto analisa as matrizes
hermenêutica e escatológica do movimento pentecostal no Brasil e suas
implicações para o não engajamento ecológico.
Palavras-chave:
Pentecostalismo. Escatologia. Hermenêutica bíblica. Ecologia.
8. “Terra Prometida”. A
emergência da “eco-espiritualidade”: ecologia e espiritualidade cósmica.
Aparecida
Maria de Vasconcelos. Doutoranda em
Teologia – PPG FAJE. Bolsista da FAPEMIG. aparecidamv@ig.com.br
Terra
salutar e salva – “Terra prometida” – é objeto da fé que convida simultaneamente
a acolher a criação como dom e a humanizá-la. O neologismo
“eco-espiritualidade” aponta para esse alvo que desejamos aprofundar. Frente à
perda do sentido da terra e da vocação dos cristãos como co-responsáveis ante
uma criação em processo, nós questionamos: 1) O que inspira as atitudes
pessoais e coletivas nas relações com o meio ambiente? 2) Qual o lugar de Deus
numa perspectiva cosmológica? 3) Quais os aportes da “eco-espiritualidade” para
autêntica atitude ecológica e para novo imaginário religioso? Estas questões abrem três momentos
reflexivos. A ecologia provoca uma releitura da tradição cristã de modo a
reequilibrá-la em alguns dos seus componentes. É o primeiro momento. Em seguida, desenvolveremos a espiritualidade
cósmica de Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955). Ele consagrou um interesse
especial à Terra bem como ao seu futuro. Para o geopaleontólogo o futuro não é
um horizonte potencialmente ameaçado, como ele inclina a tornar-se na situação
contemporânea, mas um pólo de atração, o ponto Ômega. O que está em jogo em sua
reflexão é a construção de algo novo que esteja, ao mesmo tempo, em coerência
com as aspirações mais autênticas da humanidade. Enfim, proporemos alguns
princípios, que emergem das provocações da ecologia à fé cristã e da mística
cósmica teilhardiana, em vista a se pensar a missão própria dos cristãos na
construção da "terra prometida".
Palavras
chaves: Terra, eco-espiritualidade, Cósmica, Teilhard.
9.
Ecoteologia: introdução didática
Afonso
Murad. Doutor em Teologia. Docente no PPG em Teologia - FAJE. Bolsista de
produtividade em pesquisa no CNPq. murad4@hotmail.com
Em
diferentes partes do mundo, as teologias contextuais tem se desenvolvido como
parte de um esforço conjunto de ampliar o diálogo da fé cristã com o mundo
contemporâneo, de forma significativa. A ecoteologia se insere na imensa tarefa
de atualizar a mensagem cristã, estabelecer interfaces com outras áreas do
saber e contribuir para a sustentabilidade e a cultura da paz. O presente
trabalho, de caráter programático, visa levantar os pontos essenciais para a
produção de uma obra de ecoteologia, que sirva de texto-base, material de
estudo para pessoas e grupos, e colabore efetivamente para o avanço da pesquisa.
Quais seriam os elementos imprescindíveis para um texto-base de ecoteologia?
Propomos, para reflexão e debate nesta Sessão Temática: (1) Estatuto
epistemológico, método e abrangência da ecoteologia. Relação com outras
teologias contextuais. (2) Religiões, consciência planetária e
sustentabilidade. Síntese e tarefas. (3) Ecoteologia cristã: bases bíblicas.
(4) Doutrina cristã e ecologia: novas interrelações. (5) Ética da
sustentabilidade à luz da fé cristã. (6) Espiritualidade Ecológica. (7)
Síntese: a fé cristã e as sete chaves da consciência planetária.
Palavras-chave:
Ecoteologia, Teologia e sustentabilidade, religião e consciência planetária.
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