terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sessão Temática "Ecoteologia" na VI ANPTECRE

IV CONGRESSO DA ANPTECRE
UNICAP – Recife - 04 a 06/09/2013
ST 1: ECOTEOLOGIA. TEMAS EMERGENTES
Na sessão temática, no dia 5 de setembro, apresentaram-se comunicações que articulam “ecologia, consciência planetária e religião”. Coordenação: Afonso Murad e Carlos Cunha (FAJE).

1. A ambiência da Teologia da criação.
Nilton Pereira Marinho - Mestrando em Teologia - PPG da EST. marinho.teologia@bol.com.br
A comunicação tem como objetivo mostrar que temas emergentes da Ecoteologia perpassam a teologia bíblica desde o Antigo até o Novo Testamento. O escritor dos primeiros capítulos do livro de Gênesis registra que só após o Criador ter proporcionado uma ambiência favorável, chamado no texto de Jardim (Gan) do Éden (Lugar de delicias), pôs o Homem para habitar nesse lugar. Passeava com o Homem toda tarde e no meio do Gan (jardim) pôs a arvore da Vida. A vida então passa a ser celebrada.  O que é a vida na proposta de Deus senão uma caminhada com Ele  todos os dias na praça ou no Jardim? Toda a criação geme esperando a manifestação dos filhos de Deus. Segundo o Apocalipse, na nova Polis celestial, a nova Jerusalém, há uma platéia (praça) em cujo meio encontra-se a mesma árvore, cujas folhas servirão para a cura das nações.
A ecoteologia encontra assim suas bases no início e no final da Bíblia. O Gan (jardim) do éden do início retornará como platéia (praça) da nova pólis. Da árvore da vida dependerá a saúde e a vida dos povos. O ser humano deve cuidar da Terra e dessa forma cumprir a orientação que Deus lhe dera desde a origem. A pesquisa será feita por meio de uma revisão bibliográfica.
Palavras-chave: Teologia. Ecoteologia. Vida. Ambiência

2. Mandato cultural: resgatando a teologia da criação para uma vivência pública da fé
Rodomar Ricardo Ramlow - Doutorando em Teologia no PPG da EST. Bolsista CAPES. rodomar.ramlow@gmail.com
Para que os cristãos possam avançar do debate teológico para uma vivência prática da fé na esfera pública é necessário um fundamento sólido. No que diz respeito à perspectiva ecológica, é necessário resgatar uma teologia da criação a partir do Mandato Cultural de Deus. Contribuir para esta reflexão é objetivo deste trabalho. Com uma pesquisa bibliográfica e um olhar sobre os primeiros capítulos do livro bíblico de Gênesis procuramos resgatar o conceito de Mandato Cultural, a fim de contribuir para uma conscientização planetária. Lembrando a influência do dualismo grego e o desprezo pela matéria, voltar-se à tradição hebraica significa assumir o desafio de uma compreensão mais integrada de todas as coisas. De maioria cristã, o Brasil precisa superar o dualismo platônico e encarnar a compreensão de que todos são responsáveis pela boa criação de Deus. A intervenção humana na realidade pressupõe responsabilidade e cuidado. Observa-se, no entanto, uma incoerência entre os ensinamentos do livro sagrado dos cristãos e a prática dos fieis no dia a dia no que se refere à relação humana com o mundo criado.
Palavras chave: Ecoteologia; Mandato Cultural; Teologia Pública; Criação.

2. “Natureza e Revelação testificam o amor de Deus”: A práxis ecoteológica de Ellen White como reflexão para a consciência planetária
Fábio Augusto Darius. Doutorando em Teologia no PPG - EST. Bolsista CAPES. augustodarius@gmail.com
 “O amor de Deus” é o mais abrangente tema abordado por Ellen Gould Harmon White, cofundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ao apresentar o “Livro da Natureza” como fonte privilegiada para o conhecimento prático de Deus e (por conseguinte) de Seu amor, em plena Era Vitoriana, ela possibilitou um novo olhar às relações entre o ser o humano e o divino mediante intrínseca e visceral relação do homem e da mulher com o meio-ambiente. Assim, refletir acerca de seus escritos sobre a natureza é abrir a consciência ao cuidado do planeta e ao mesmo tempo perceber a beleza da criação de Deus. Segundo a proposta da teologia holística de Ellen White, é impossível buscar a progressiva santificação e a negação do eu sem humildade para contemplar na terra e no céu o Deus abscôndito que na natureza se revela de forma privilegiada. Desta forma, conclui, conhecer e amar a natureza para perceber pessoalmente o amor de Deus expresso na Bíblia deve ser objetivado desde a mais tenra infância. O objetivo deste artigo é compartilhar e analisar textos whiteanos selecionados acerca do tema, vinculando-o à educação vivencial, com o intuito de promover possibilidades de diálogo e ações colaborativas para um mundo focado na interação entre o ser humano e a Natureza.
Palavras-chave: Religião, Natureza, Teologia Adventista

4. Proposta cosmogônica da ontologia do divino baseada em Gn 6,  à luz do livro de I Enoque
Filipe de Oliveira Guimarães. Doutorando em Ciências da Religião - PPG da UMESP. filipeoligui@gmail.com
Este trabalho foi elaborado com o objetivo geral de contribuir para uma Teologia da Sustentabilidade. No primeiro momento abordamos a temática na perspectiva da cosmogonia demonstrando, pelo viés da história das religiões, o seu lugar na vivência cristã e na academia. Em seguida analisamos o relato de Gêneses 6,  à luz do livro de I Enoque, objetivando resgatar a crença cosmogônica dos cristãos dos primeiros séculos. Na sequência, a pesquisa dá apontamentos ontológicos, de caráter hermenêutico, que posicionam Deus em relação a sua criação, com a finalidade de aproximar a temática da sustentabilidade do texto bíblico, no palco da cosmogonia. Em relação à sua estrutura, classificamos como sendo sistemático-fragmentária (construímos a partir de pequenas porções das Escrituras buscando obter relações entre elas), metodologicamente direcionada pela História das Religiões, fundamentada em pressupostos bíblicos e da pseudoepígrafe, tendo como chave de leitura a temática contemporânea da sustentabilidade. O resultado da pesquisa aponta que é possível, aos cristãos, uma práxis sustentável se adquirirem uma consciência do divino harmonizada com a temática da Sustentabilidade.
Palavras-chave: Teologia, Sustentabilidade, Cosmogonia, I Enoque.

5. Deslumbramento e preservação ante a sacralidade da vida: despertar para a religiosidade holística.
Mauro Luiz Ferreira Silva. Mestrando em Teologia - PPG da EST. Bolsista da CAPES.  mauroposest@yahoo.com.br
O artigo aborda a relevância do deslumbramento ante o mistério da vida, e a atitude preservacionista da natureza, enquanto meio e evidência, respectivamente, de experienciação do sagrado. À luz de antigos relatos diluvianos globais, como a epopeia mesopotâmica de Gilgamesh, o mito grego de Posseidon e Deucalião e o relato bíblico de Noé, descritores de vasta inundação na qual pequeno grupo de humanos e numerosas espécies animais são mantidos vivos, veem-se como elementos comuns a iniciativa divina da preservação e certa espécie de pacto sagrado com a natureza. Em ambas as eras, a pré-histórica, quando humanos até mesmo teriam acolhido animais numa grande barca, e a contemporânea, quando diversas ações individuais e políticas organizacionais “verdes” se desdobram em nível mundial, as atitudes de preservação parecem revelar a vivacidade de mentes capazes de deslumbramento ante o mistério e sacralidade da vida, e uma consequente autorresponsabilização pela continuidade desta. Sob tal viés, o da vida como sacramento, desponta a religiosidade plena. Com base em pesquisa bibliográfica, esta comunicação pretende contribuir para o debate sobre a espiritualidade holística que, ante a criação, deslumbra-se e responsabiliza-se.
Palavras-chave: dilúvio, preservação,  encantamento, religiosidade holística.

6. Comunidade da criação, comunidade da esperança: reflexões a partir da ecoteologia de Jürgen Moltmann.
Matteo Ricciardi. Mestrando em Ciência da Religião do PPG da UFJF. teomusik@gmail.com
O tema do trabalho será a reviravolta antropológica proposta por Jürgen Moltmann a partir da sua Ecoteologia. Na elaboração do autor, a construção da identidade do ser humano pode realizar-se apenas na medida em que este se confronta com o restante da criação, com seu semelhante e com o próprio Deus criador, numa “comunidade da criação”. Posto isso, a humanidade pode ser entendida como “co-criatura” na rede de conexões que compõem o complexo sistema do cosmo. O objetivo será apresentar o aggiornamento proposto pelo autor segundo três eixos principais: pautas para uma nova antropologia, à luz dos desafios pós-modernos e da crise ecológica; a reflexão acerca dos direitos da humanidade e os direitos da natureza; vias para um novo estilo de vida. Para atender os objetivos acima expostos, será realizada uma pesquisa bibliográfica das principais obras do autor sobre a temática, entre as quais Uomo (1971), Deus na criação (1985), Dio nel progetto del mondo moderno (1997) e Ética da esperança (2010) a fim de identificar os conteúdos inerentes à discussão proposta. Por fim, será apresentada a conclusão da investigação bibliográfica: o fomento de uma comunidade da criação na esperança de um futuro cósmico para a humanidade.
Palavras-chave: Moltmann, Ecoteologia, Co-criaturalidade, Sustentabilidade

7. “Novo céu e nova terra”: Por que o pentecostalismo brasileiro não se engaja em causas ecológicas?
Carlos Alberto Motta Cunha. Doutorando em Teologia - PPG da FAJE. Bolsista CAPES. carlosbedri@terra.com.br
O título desta comunicação já pressupõe a hipótese sugerida: o pentecostalismo brasileiro rejeita o engajamento ecológico. “Novo céu e nova terra” (Ap 21,1), para a fé pentecostal, são lugares de um futuro distante, longe da Terra. A esperança de um planeta restaurado não faz parte do imaginário pentecostal que, por sua vez, determina o comportamento alienante diante das causas ecológicas. Quais são os elementos teológicos determinantes de tal comportamento? Com o intuito de responder esta pergunta fundamental, o texto analisa as matrizes hermenêutica e escatológica do movimento pentecostal no Brasil e suas implicações para o não engajamento ecológico.
Palavras-chave: Pentecostalismo. Escatologia. Hermenêutica bíblica. Ecologia.

8. “Terra Prometida”. A emergência da “eco-espiritualidade”: ecologia e espiritualidade cósmica.
Aparecida Maria de Vasconcelos.  Doutoranda em Teologia – PPG FAJE. Bolsista da FAPEMIG. aparecidamv@ig.com.br
Terra salutar e salva – “Terra prometida” – é objeto da fé que convida simultaneamente a acolher a criação como dom e a humanizá-la. O neologismo “eco-espiritualidade” aponta para esse alvo que desejamos aprofundar. Frente à perda do sentido da terra e da vocação dos cristãos como co-responsáveis ante uma criação em processo, nós questionamos: 1) O que inspira as atitudes pessoais e coletivas nas relações com o meio ambiente? 2) Qual o lugar de Deus numa perspectiva cosmológica? 3) Quais os aportes da “eco-espiritualidade” para autêntica atitude ecológica e para novo imaginário  religioso? Estas questões abrem três momentos reflexivos. A ecologia provoca uma releitura da tradição cristã de modo a reequilibrá-la em alguns dos seus componentes. É o primeiro momento.  Em seguida, desenvolveremos a espiritualidade cósmica de Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955). Ele consagrou um interesse especial à Terra bem como ao seu futuro. Para o geopaleontólogo o futuro não é um horizonte potencialmente ameaçado, como ele inclina a tornar-se na situação contemporânea, mas um pólo de atração, o ponto Ômega. O que está em jogo em sua reflexão é a construção de algo novo que esteja, ao mesmo tempo, em coerência com as aspirações mais autênticas da humanidade. Enfim, proporemos alguns princípios, que emergem das provocações da ecologia à fé cristã e da mística cósmica teilhardiana, em vista a se pensar a missão própria dos cristãos na construção da "terra prometida".
Palavras chaves: Terra, eco-espiritualidade, Cósmica, Teilhard.

9. Ecoteologia: introdução didática
Afonso Murad. Doutor em Teologia. Docente no PPG em Teologia - FAJE. Bolsista de produtividade em pesquisa no CNPq. murad4@hotmail.com
Em diferentes partes do mundo, as teologias contextuais tem se desenvolvido como parte de um esforço conjunto de ampliar o diálogo da fé cristã com o mundo contemporâneo, de forma significativa. A ecoteologia se insere na imensa tarefa de atualizar a mensagem cristã, estabelecer interfaces com outras áreas do saber e contribuir para a sustentabilidade e a cultura da paz. O presente trabalho, de caráter programático, visa levantar os pontos essenciais para a produção de uma obra de ecoteologia, que sirva de texto-base, material de estudo para pessoas e grupos, e colabore efetivamente para o avanço da pesquisa. Quais seriam os elementos imprescindíveis para um texto-base de ecoteologia? Propomos, para reflexão e debate nesta Sessão Temática: (1) Estatuto epistemológico, método e abrangência da ecoteologia. Relação com outras teologias contextuais. (2) Religiões, consciência planetária e sustentabilidade. Síntese e tarefas. (3) Ecoteologia cristã: bases bíblicas. (4) Doutrina cristã e ecologia: novas interrelações. (5) Ética da sustentabilidade à luz da fé cristã. (6) Espiritualidade Ecológica. (7) Síntese: a fé cristã e as sete chaves da consciência planetária.

Palavras-chave: Ecoteologia, Teologia e sustentabilidade, religião e consciência planetária.

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