Dios en la creacíon, Salamanca: Sígueme, p. 22-26
“A criação é um acontecimento trinitário: o Pai cria pelo Filho no Espírito. Conseqüentemente, a criação foi realizada por Deus, conformada por meio de Deus e existe em Deus”.
O Espírito leva a termo a atuação do Pai e do Filho. O Deus uno e trino inspira sua criação sem interrupção alguma. “Tudo quanto é, existe e vive sob o permanente afluxo das energias e possibilidades do Espírito cósmico”. Assim, compreende-se a realidade criada em chave energética e a consideramos como possibilidade realizada do Espírito divino. “O criador mesmo está presente em sua criação, mediante as energias e possibilidades do Espírito (..) Entra nela e é, ao mesmo tempo, imanente a ela”.
O fundamento bíblico para a “criação no Espírito” é o Sl 104, 29s: Escondes teu rosto e se aniquilam, retiras teu sopro e expiram, e ao pó retornam. Envias teu sopro e são criadas, e renovas a face da terra. Assim, “as criaturas são criadas com o afluxo permanente do Espírito divino, existem no Espírito e são renovadas mediante ele”.
Como Ruah é feminino em hebraico, deve-se captar a vida divina da criação com metáforas femininas. É o caso também da visão da sabedoria da criação, filha de Deus (Prov 8,22-31). Até nossos dias não se desenvolveu teologicamente a sabedoria da criação e o conceito teológico da criação no Espírito.
Se o Espírito Santo é derramado sobre toda criatura, então a fonte da vida está presente em tudo o que é e vive. As criaturas manifestam a presença da divina fonte da vida. Ora, o Espírito cria a comunhão de todas as criaturas com Deus e entre elas mesmas. Então, “a existência, a vida e o tecido das relações recíprocas subsistem no Espírito: nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,28).
Aqui há uma mudança de perspectiva. Superando a teoria mecanicista, vemos que as relações são tão primigênias como as coisas. “Tudo existe, vive e se move em outros, com outros, para outros, nas conexões cósmicos do Espírito divino” (..) Da e na comunhão do Espírito divino nascem os modelos e simetrias, os movimentos e os ritmos, os campos e os conglomerados materiais da energia cósmica.
O ‘ser’ da criação no Espírito é, pois, a cooperação, e as conexões manifestam a presença do Espírito na medida em que permitem conhecer a harmonia global”. Como diz M. Buber: no princípio era a relação.
Não é um panteísmo, pois o Espírito de Deus atua introduzindo-se no mundo sem confundir-se com ele. E este mundo está aberto ao futuro do Reino da glória, “que renovará, unirá e consumará a terra e o céu”.
O Espírito Santo atua na criação como sujeito, como força e como possibilidade. O Espírito que cria, também conserva, renova e leva à consumação todos os seres.
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