segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O clima depois da COP 18

Liana John (blog Planeta sustentável)
O principal tema da COP 18, com uma decisão de fato foi a continuidade do Protocolo de Kyoto, a vigorar a partir de 1 de janeiro de 2013 e até 31 de dezembro de 2020, desde que os países depositem de imediato seus documentos de aceitação. As metas não diferem muito do protocolo original. A rediscussão de novos compromissos ficou mesmo para as próximas COPs, cujo foco será o período após 2020.
Isso significa empurrar para cima o limite do aquecimento global considerado crítico pelos cientistas. Com os prazos do novo período do Protocolo de Kyoto mais esticados enquanto as metas de reduções de emissões continuam tímidas, o mundo deve ultrapassar o limite dos dois graus centígrados de aumento na temperatura média da atmosfera.

De acordo com os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), se a temperatura média da atmosfera subir mais do que dois graus, aumenta muito o risco de grandes rupturas no “comportamento” do clima: mais furacões, mais chuvas fortes, mais secas, mais nevascas, evolução do derretimento de geleiras para colapsos e, sobretudo, interferência na circulação oceânica (responsável pelos padrões climáticos, como os conhecemos). Ainda em outras palavras: se limitássemos o aumento da temperatura média a dois graus centígrados talvez assistíssemos “apenas” ao aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos violentos. Acima disso estamos caminhando para rupturas e colapsos.
A única grande novidade dos documentos finais desta COP18 é a concordância dos países desenvolvidos em ajudar a pagar perdas e danos relacionados aos desastres climáticos nos países em desenvolvimento. Todos sabemos que a fatura será alta e crescente. Mas seria mais barato e eficiente investir na prevenção, pois a conta da remediação (ou, pior, do caos) certamente será muito mais alta. Sem mencionar as perdas de vidas, que desmerecem qualquer tipo de cálculo.

Se os governos com seus negociadores oficiais não chegaram a compromissos reais, é hora de refletir sobre o que estamos delegando a eles. O assunto é sério demais para ficar apenas nas mãos de autoridades. Nenhum outro problema ambiental é tão universal quanto as mudanças climáticas. Suas consequências nos atingem a todos, mas suas causas também são responsabilidade de cada um de nós. Podemos sentar e esperar pelo pior. Ou podemos agir tomando as atitudes ao nosso alcance, oficiais ou não, contabilizadas nos relatórios nacionais ou não. Cidades estão tomando atitudes extra-oficiais para reduzir emissões; comunidades estão trabalhando com desmatamento evitado, independentemente da contabilidade protocolar; empresas e organizações não governamentais estão investindo em alternativas de baixo carbono.
As iniciativas podem não ter chancelas e carimbos, mas são ações. E se somam. E podem se multiplicar.

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