A Organização Internacional "World Future Council", que reúne importantes personalidades do mundo, comprometidas com a causa sócioambiental, publicou o documento abaixo sobre o Desastre Ambiental na usina nuclear do Japão . Entre os signatários está Dom Erwin, bispo do Xingu. Leia e divulgue.
Apresentamos nossos mais profundos sentimentos ao povo do Japão, que tem sofrido com o devastador terremoto e tsunami seguido por graves danos à Usina Nuclear Fukushima Daiichi. Parabenizamos os corajosos homens e mulheres que estão arriscando suas vidas para impedir a fuga de quantidades maciças de radiação dos reatores nucleares e dos depósitos de combustível usado em Fukushima Daiichi.
O desastre no Japão demonstrou mais uma vez os limites da capacidade humana de manter tecnologias perigosas, livres de acidentes com resultados catastróficos. Os desastres naturais combinados com os erros humanos têm demonstrado uma força potente para minar até mesmo os melhores planos. Confiança na perfeição humana reflete uma arrogância que tem levado a outras grandes falhas de tecnologias perigosas no passado, e que também o fará no futuro. O que tem ocorrido como resultado da confluência de desastres naturais e erros humanos no Japão, também pode ser provocado intencionalmente com objetivos terroristas ou em atos de guerra.
Além da destruição, acidental ou proposital, as usinas nucleares representam outras ameaças para a humanidade e para o futuro humano. As grandes quantidades de resíduos radioativos que são criados pela geração de energia nuclear continuarão altamente tóxicos por muito mais tempo do que a civilização humana existe. E não há, atualmente, nenhuma solução de longo prazo para lidar com as ameaças que estes resíduos radioativos representam para o meio-ambiente e a saúde humana. Além disso, as usinas nucleares, que recebem grandes subsídios pagos pela sociedade, têm desviado recursos financeiros e humanos do desenvolvimento de formas seguras e confiáveis de energia renovável.
Programas de energia nuclear usam e criam material físsil que pode ser usado para fabricar armas nucleares e, assim, proporcionar uma via comprovada de proliferação de armas nucleares. Vários países já utilizaram programas nucleares civis para fornecer o material físsil para fabricar armas nucleares. Outros países, particularmente aqueles que contam com a possibilidade de reprocessar plutônio ou enriquecer urânio, poderiam facilmente seguir o mesmo caminho, caso assim decidissem. A disseminação de usinas nucleares não só irá tornar o mundo mais perigoso, mas tornará mais difícil, senão impossível, realizar a meta de um mundo livre de armas nucleares.
A energia nuclear não é a resposta aos problemas energéticos modernos, nem uma panacéia para os desafios da mudança climática. Não se pode pretender solucionar problemas criando outros. A energia nuclear não é viável economicamente, nem ambientalmente nem socialmente. De todas as opções de geração de energia, a energia nuclear é a que precisa de mais capital para ser produzida, desmantelar usinas é proibitivamente caro e o ônus financeiro continua por muito tempo depois que a usina foi fechada.
A tragédia no Japão aumentou a conscientização mundial sobre os gravíssimos perigos que podem resultar da geração de energia nuclear. Mesmo sendo tão graves, esses perigos não são tão grandes como os que decorrem da posse, ameaça e uso de armas nucleares - armas que têm a capacidade de destruir a civilização e terminar a vida no planeta.
A conclusão que tiramos do acidente da usina nuclear no Japão é que a comunidade humana, agindo por si mesma e com responsabilidade quanto às futuras gerações, deve ser extremamente cuidadosa em um nível muito mais elevado, mundialmente, para lidar com tecnologias capazes de provocar destruição em massa, e deve interromper gradativamente, abolir e substituir o uso dessas tecnologias com alternativas que não ameacem as gerações atuais e futuras. Isso se aplica tanto às armas nucleares como às usinas nucleares.
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