domingo, 20 de dezembro de 2009

Pós Copenhague: Há muito por fazer!

Não temos ainda o tratado justo, ambicioso e legalmente vinculante que milhões de pessoas por todo o planeta exigiram. Mas é impossível não sentir uma enorme esperança, vendo um movimento que cresceu tanto, tão rápido.
Os "lideres mundiais" ainda podem fazer o que é preciso, e entregar o que devem à Humanidade. Não esperamos menos, e não aceitaremos menos. Eles ainda têm muito que fazer. E nós também!Apesar de mais de 120 "líderes mundiais" terem ido a Copenhague, eles foram incapazes de resolver os obstáculos que bloquearam o caminho para um resultado decente. Desapontamento e decepção são os primeiros sentimentos pelo que eles não fizeram.

Apesar disso, é impossível pensar nas últimas duas semanas e não sentir uma enorme esperança! Vimos ao longo deste ano o rapidíssimo crescimento de um processo de articulação e mobilização social, no Brasil e em todo o planeta, que não arrefecerá.
Milhões de pessoas e centenas de organizações, em praticamente todos os países do mundo, estão agora despertas e conectadas em torno da questão do clima, demandando medidas urgentes, com efetividade e justiça climática.
Nós, brasileiros, além de esperança devemos sentir um grande orgulho, pelos resultados de nosso trabalho. Sem sombra de dúvida, a mobilização da qual a campanha TicTacTicTac e seus parceiros são partes fundamentais, foi um fator decisivo na posição adotada pelo Brasil na CoP15, sintetizada no discurso e nas ações do presidente Lula, especialmente nos dias 17 e 18 de dezembro.
Agora, esta é nossa palavra de ordem: Há Muito Por Fazer!

Resumimos assim nossa conclusão sobre a CoP15: os chefes de estado e diplomatas responsáveis por dar à sociedade mundial referências claras e instrumentos efetivos para o combate às mudanças climáticas falharam em Copenhague, e têm um dever a terminar. Também nós, sociedade civil global, temos muito que fazer, para manter a pressão e ampliar a mobilização pelo que queremos e precisamos.

Saímos da CoP15 com ânimo redobrado. O ceticismo, o desânimo e o derrotismo não destruirão nosso movimento, que reuniu já mais de 15 milhões de assinaturas e colocou 100.000 pessoas marchando em Copenhague dia 12 de dezembro, representando a esperança dos que, em todo o planeta, compartilharam a bandeira da campanha TicTacTicTac / TckTckTck.
Colocar 120 "líderes mundiais", reunidos e encurralados pela opinião publica, trabalhando noite adentro para tentar fazer em 2 dias o que deveriam ter feito em 2 anos já foi uma enorme vitória. O mesmo podemos dizer da inédita atenção que o tema teve das empresas, da mídia, dos políticos e do público em geral. Mesmo ainda sem uma boa base para políticas públicas, são conquistas irreversíveis.2010 será um ano de muitas realizações.
Os "lideres mundiais" ainda podem fazer o que é preciso e entregar o que devem à Humanidade. Não esperamos menos, e não aceitaremos menos.
Eles ainda têm muito que fazer. E nós também!
(Fonte: Campanha TicTacTicTac)
O nosso blog "Ecologia e Fé" e o programa de Rádio "Amigo da Terra" são parceiros da campanha TicTacTicTac na luta pelo Clima, na Conferência de Copenhague. Apoiaram e divulgaram iniciativas similares de outras organizaçóes, como a CNBB, o AVAAZ e o Greenpeace.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Lula: é hora de agir pelo Clima!

As notícias que chegam de Copenhague são preocupantes, e existe mesmo um grande risco de que a CoP15 termine sem acordo ou - pior ainda - com um acordo fraco, só para salvar as aparências dos chefes-de-estado lá presentes.

ESTE É UM MOMENTO CRUCIAL, E DEVEMOS MANTER A PRESSÃO POR
UMA ACORDO PRA VALER! A HORA É AGORA!

Ligue ou escreva para Lula, Dilma e Minc, e deixe seu recado (veja abaixo)- Espalhe esta mensagem, para que muitos mais façam o mesmo.
Fonte: www.tictactictac.org.br

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COP 15: Os ricos têm grana, os pobres, pressa.

Os mais de 5 mil jornalistas reunidos em Copenhague fazem o jogo previsível de amplificar vazamentos de informação em busca de manchetes. É muito difícil, neste momento, saber o que os países realmente querem e o que estão levando apenas como moeda de troca nas negociações. Em reuniões fechadas, pequenos grupos de diplomatas trabalham para construir propostas que agradem às nações desenvolvidas, que terão de pagar a conta, e os pobres, que já estão lidando com os impactos mais extremos das mudanças climáticas.
Além dos números financeiros, há outro que circula pelos corredores: 360 milhões de seres humanos vão morrer nas áreas de maior risco, caso a temperatura do planeta aumente apenas 2 graus, em média. São áreas localizadas em sua quase totalidade na Índia, Bangladesh, África e algumas regiões das Américas Central e do Sul. Não há maiores problemas para a América do Norte e Europa, que em alguns casos poderão até mesmo beneficiar-se com um pouco mais de calor.
Um sentimento também comum é de que o encontro possa terminar sem um acordo definitivo assinado pelos mais de cem chefes de Estado que prometem participar da reunião. É muito poder junto, principalmente se lembrarmos que na COP-13, na Indonésia, o único chefe de Estado presente era o anfitrião. Segundo o embaixador Luís Alberto Figueiredo, um dos principais negociadores da delegação brasileira, “o processo é longo e mesmo pontos consensuais ainda passarão por negociações detalhadas para a sua implementação”.
Um desses casos é o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), não previsto pelo Protocolo de Kyoto, de 1997. O Redd é antes de tudo um projeto que vai apoiar financeiramente a preservação de florestas e áreas degradadas. Para o Brasil, esta é uma aposta importante, e que entrou na agenda oficial apenas nos últimos meses. De acordo com o embaixador brasileiro, não se discute mais se o mecanismo de compensação entra ou não no acordo final. “Sem o Redd não existe acordo.”
A afirmação de Luís Alberto Figueiredo agradou aos brasileiros da Amazônia. O secretário de Meio Ambiente de Manaus, Marcelo Dutra, defensor firme da implantação do mecanismo, afirma que o apoio ao Reed é essencial para os povos do bioma. “A floresta passa a ser vista como aliada do desenvolvimento e não como um entrave”, diz. Outra voz a favor é a de Virgílio Viana, da Fundação Amazonas Sustentável, que aposta no mecanismo não apenas para manter a floresta em pé, mas “para melhorar a qualidade de vida e erradicar a pobreza na região”. Da perspectiva do Brasil, que já assumiu o compromisso de redução do desmatamento na Amazônia em 80% até 2020, o Reed é muito importante, pois o Estado não tem capacidade de cumprir essas metas sem o apoio de projetos de governos locais, empresas e ONGs.
Diante da pressão dos países mais frágeis às mudanças climáticas, há um certo pessimismo em relação ao sucesso de Copenhague. Não existe por parte das economias que vão doar recursos o senso de urgência necessário e apontado pelos mais pobres. Bangladesh, por exemplo, estima que 20% de sua população terá de ser deslocada nos próximos anos para áreas mais altas e seguras, em consequência do avanço do mar. Por conta disso, a delegação do país quer receber 15% da ajuda internacional, seja ela qual for. Terá de disputar com outras centenas de vítimas. Os protestos da comitiva de Tuvalu, estado da Polinésia ameaçado de desaparecer tragado pelo mar, foram tão intensos que chegaram a paralisar o evento em Copenhague.
O presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, acredita que não chegaremos ao “acordo dos sonhos”, mas olha o horizonte com algum otimismo. “Não teremos retrocessos, haverá avanços, pois empatar ou perder, definitivamente, não é mais uma opção.”

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CNBB convoca para mobilização pela COP 15

A CNBB publicou nota convocando os cristãos católicos a fazerem gestos concretos de apoio e mobilização em vista da Conferência do Clima. Veja, divulgue e faça algo em sua comunidade no próximo final de semana.

Nos dias 7 a 18 de dezembro, realiza-se a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente - COP 15, em Copenhague. As decisões que serão tomadas pelos governantes terão impacto no futuro da humanidade e em todas as formas de vida no Planeta.

Considerando a importância dessa Conferência, bem como a urgência do tema em pauta, nós bispos do Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, nos unimos ao apelo global direcionado aos líderes mundiais, exigindo um acordo corajoso com metas necessárias e mensuráveis na emissão de poluentes. Esperamos igualmente que as populações mais vulneráveis afetadas pelas mudanças climáticas recebam os recursos necessários para a sua adaptação e o seu desenvolvimento sustentável.

Diante da declaração de intenção do Governo brasileiro em diminuir, até 2020, em 38% a emissão de gases que provocam aquecimento da Terra, e a redução de 80% do desmatamento da Amazônia, manifestamos a nossa expectativa para que essas metas sejam acompanhadas por políticas nacionais coerentes, que promovam a sustentabilidade do desenvolvimento humano, especialmente das populações mais empobrecidas e a integridade da criação, em obediência aos seguintes princípios:

· O reconhecimento da água como direito humano, bem público e patrimônio de todos os seres vivos, com a conseqüente implementação de políticas hídricas que priorizem o ser humano e a dessedentação dos animais;
· A implementação de uma ampla política de reforma agrária e agrícola com uma justa distribuição da terra, em favor das unidades familiares e comunitárias, mais produtivas por hectare, geradoras de oportunidade de trabalho, produtoras de alimentos, em consonância com o meio ambiente;
· O aprimoramento e a implementação do Plano Nacional de Mudanças do Clima (PNMC), que orientem de modo adequado e coerente outros planos e iniciativas governamentais;
· A opção por uma matriz energética limpa e diversificada, junto com um maior investimento tecnológico e atenção à sabedoria e ás práticas das populações tradicionais;
· A manutenção do código florestal e a busca de mecanismo de incentivo para a sua implementação;
· Transparência e controle social sobre os investimentos públicos e privados para que as políticas de Reduções de Emissões Associadas ao Desmatamento e à Degradação Florestal (REDD) não sejam regidos pelos interesses do mercado.

Movidos pelos gritos da Terra e dos seus filhos e filhas especialmente, dos mais empobrecidos, conclamamos as nossas comunidades eclesiais a realizarem nos dias 12 e 13 de dezembro próximo, atos que sinalizem nossa preocupação com as decisões que serão tomadas na Conferência de Copenhague. “Antes que seja tarde demais, precisamos fazer escolhas corajosas, que possam restabelecer uma forte aliança entre o ser humano e a Terra” (Papa Bento XVI, discurso em Loreto).
Como gesto concreto, sejam promovidos debates, orações e vigílias junto com iniciativas de outras Igrejas e organizações sociais, Em consonância com a iniciativa das Igrejas de outros Continentes, incentivamos que se dêem 350 repiques de sino, às 12 horas do próximo dia 13 de dezembro. Este gesto simbólico visa alertar os governos a não permitirem que se ultrapassem 350 partes por milhão (PPM), limite máximo e seguro de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, conforme atestam os cientistas que estudam o clima.
Que as celebrações do Advento nos coloquem em vigilante atitude na defesa e promoção da vida na Terra.

Brasília, DF, 10 de dezembro de 2009.

Dom Geraldo Lyrio Rocha (Presidente da CNBB)
Dom Luiz Soares Vieira (Vice-Presidente)
Dom Dimas Lara Barbosa (Secretário-Geral)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Participe da vigília mundial por um acordo eficaz na COP15

No dia 12 de dezembro, pessoas de todos os cantos do mundo realizarão vigílias em prol de um acordo climático eficaz em Copenhague. Trata-se do movimento “Real Deal – o mundo quer um acordo pra valer”, da Avaaz.org
A expressão “Avaaz” significa “voz”, em várias línguas asiáticas e européias, e exatamente por isso deu nome à rede Avaaz.org – uma organização fundada por ativistas de diversos países, que tem como objetivo utilizar a internet para unir pessoas do mundo inteiro em prol de causas socioambientais, como o combate ao aquecimento global, à pobreza e à corrupção.
Em meio às discussões da COP-15, em Copenhague, o que anda ocupando a cabeça dos ativistas do Avaaz.org – e de todo o mundo – são as decisões que serão tomadas durante o encontro e, por isso, o movimento criou a campanha “Real Deal – o mundo quer um acordo pra valer”, em conjunto com a campanha TicTacTicTac. Trata-se de uma vigília mundial que acontecerá no dia 12 de dezembro, exigindo dos líderes que estão em Copenhague um acordo climático ambicioso, justo e vinculante.
No site da Avaaz.org, é possível ver os mais de 2 mil eventos que acontecerão no “Dia D”, em mais de 132 países diferentes.
No Brasil, mais de 130 cidades participarão do “Real Deal”. Destas, São Paulo é a campeã em número de eventos. Ao todo, serão 13 manifestações – entre as quais, estão: caminhada pela Avenida Paulista, show musical na Barra Funda e encontro cultural no Obelisco. O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com manifestações no deck do Parque dos Patins, na praia do Flamengo e na Praça do Largo do Machado, entre outros lugares. Mais 22 estados brasileiros promoverão vigílias no dia 12 de dezembro por um acordo climático eficaz em Copenhague.
Clique aqui, procure a manifestação que acontecerá mais perto de você e participe! Saiba mais sobre a campanha “Real Deal – o mundo quer um acordo pra valer” no vídeo abaixo.


Pergunte aos líderes, direto da COP15

Tantas informações a respeito das mudanças climáticas, divergências entre o que dizem os céticos e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) e as novidades de COP15 devem ter deixado várias perguntas sem respostas para você.
Para solucionar suas dúvidas, nada melhor do que questionar quem está - ou deveria estar - mais por dentro do assunto: os líderes mundiais que participam da COP-15.
Isso será possível, graças a uma parceria entre CNN e Youtube. Até o dia 14 de dezembro, você pode formular e enviar perguntas ou votar nas que considerar mais interessantes do "Raise your Voice". As melhores serão encaminhadas a um debate que acontecerá, ao vivo, no dia 15 deste mês, com ativistas e líderes globais que estão em Copenhague.
As perguntas devem ser sobre mudanças climáticas e postadas em inglês. Elas estão dispostas em categorias como “os efeitos sobre o planeta”, “economia e mudança no clima” e “responsabilidade pessoal”. Mas não se preocupe! Um dos tópicos é destinado justamente a “perguntas gerais”.
Os questionamentos também podem ser feitos por meio de vídeos.
E aí, o que você quer saber?
Fonte: Planeta Sustentável

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dia de Ação no mundo - 12 de dezembro‏.

Na 12ª hora do 12º dia do 12º mês, milhões de pessoas ao redor do globo estarão unidas para pressionar as autoridades que estão em Copenhague por um Acordo que valha de verdade! Escolhemos duas ações simbólicas:
  • Velas para uma vigília em prol da vida humana no planeta.
  • Muros que serão pintados com mensagens das populações clamando por decisões efetivas para caminhar rumo às condições climáticas mais aceitáveis.
Participe!
Mais informações: http://www.tictactictac.org.br/

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Garota de Fiji chora por acordo climático com a presidente da COP

Leah Wickham, uma garota de 24 anos, entrou no auditório da imprensa, no momento em que acontecia uma coletiva de imprensa com o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, e a presidente da COP15, Connie Hedegaard para chamar a atenção.

Não para si mesma, mas para a ameaça que seu país, as Ilhas Fiji, e outros tantos arquipélagos no mundo estão sofrendo por conta das mudanças climáticas. A estudante é voluntária do Greenpeace desde 2006 e resolveu se envolver com a causa ao perceber que seu lar poderia desaparecer nos próximos anos se nada for feito para conter o aumento de temperatura no planeta e, consequentemente, o aumento do nível do mar. Para ela, isso significaria o fim de um povo, de uma cultura e de uma identidade.

Atrás de Leah, entraram, no auditório, outros 14 jovens, de vários lugares do mundo, segurando caixas que representavam o número 10 milhões – quantidade de assinaturas que a Campanha TckTckTck coletou nos últimos meses. O abaixo assinado gigante pressiona os líderes políticos a assinarem um acordo em Copenhague que tenha força de lei e garanta que os países cumpram o compromisso de reduzir emissões de carbono e ajudar os países menos desenvolvidos a se adaptarem aos efeitos das mudanças climáticas que já se tornaram inevitáveis.

Em frente a De Boer, Hedegaard e uma multidão de jornalistas, Leah chorou ao contar sobre seu povo. E não só provocou lágrimas em quem presenciou a cena, como arrancou do secretário da UNFCCC a seguinte promessa: “Só lhe peço um pouco mais de paciência, duas semanas de conversa. Depois disso, prometo que partiremos para a ação”.

A presidente da COP15 ainda acrescentou que o depoimento da jovem e as assinaturas são mais um exemplo de que a pressão pública pode interferir e muito no resultado das negociações e que há conseqüências climáticas que não podemos aceitar.

Procurada por diversos fotógrafos e jornalistas, Leah se tornou uma das celebridades da COP15 e deu várias entrevistas em esquema de coletiva de imprensa. Confira no vídeo abaixo.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Copenhague é aqui

No último domingo (6), cerca de 10 mil pessoas participaram gratuitamente do evento TÔ NO CLIMA PARA SALVAR O PLANETA, que aconteceu no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
10 mil pessoas estiveram presentes no show TÔ no Clima da Campanha TicTacTicTac para as mudanças climáticas. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou do evento e anunciou 3 medidas importantes para mitigar o problema
Organizado pela campanha global de ações pelo clima TicTacTicTac, o evento, além de oferecer pocket-shows de Gabriel, O Pensador, Mariana Aydar, Zélia Duncan e Simoninha, contou com a participação de líderes políticos e representantes da sociedade civil e depoimentos de famosos, como Marcos Palmeira, Regina Casé, Malu Mader, Marcelo Tas, Hélio de La Peña, assim como atividades lúdicas e educacionais na marquise do parque.

Eu estive lá e participei.
Afinal, Copenhague é aqui também!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Anúncio futurista faz pressão para COP-15

Um Lula velhinho, pedindo desculpas por sua má atuação na COP-15. Por enquanto, essa cena pode ser vista, apenas, em nossas mentes e nos aeroportos de Copenhague, na Dinamarca.

O Greenpeace lançou esta campanha para chamar a atenção da população para a COP-15 e, assim, pressionar os líderes mundiais que participarão do encontro. Sabe o que eles fizeram dessa vez? Encheram o aeroporto de Copenhague, na Dinamarca, de anúncios como este, que está acima na foto.

É o presidente Lula, em uma versão mais velha – como se estivesse no ano de 2020 –, dizendo: “I´m sorry. We could have stopped catastrophic climate change... we didn´t.” (Algo como: “Me desculpe. Nós poderíamos ter parado a catastrófica mudança climática. Mas não o fizemos.”, em tradução livre).

E o presidente do Brasil não foi a única vítima dos anúncios futuristas do Greenpeace. Outros sete líderes globais – entres eles, Barack Obama – também estão protagonizando a campanha da ONG. (Clique aqui para ver as outras imagens)

A ideia é pressionar os líderes globais para que assumam metas de redução de emissões mais agressivas na COP-15, o que evitaria a cena proposta nos anúncios. Faltando, apenas, três dias para o encontro, o que você acha: é um pouco tarde para fazer esse tipo de ação?



Fonte: Planeta Sustentável
Foto de Christian Aslund

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dia lindo

Acompanhe a música Beautiful Day(Dia Lindo), com U2, gravado no topo de um prédio em Dublin e dedique suas vibrações aos líderes que participarão da COP 15- Conferência do Clima,em Copenhague,de 07/12 a 18/12/2009.


domingo, 29 de novembro de 2009

Flagrante

O fotógrafo Jefferson Rudy flagrou, na tarde do dia 16/11, essa pobre pomba, com uma sacola plástica agarrada a sua asa.
Consuma sacolas plásticas de maneira consciente – REDUZA, reutilize, recicle, e, sempre que puder, RECUSE.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Alô presidente!

"Alô, alô presidente: vá para Copenhague salvar o clima do planeta” é o nome da nova campanha mobilizadora do Greenpeace.
Dessa vez, a entidade decidiu espalhar “orelhões itinerantes” pelas ruas das principais capitais brasileiras, incentivando a população a ligar para o gabinete da presidência e para a embaixada dos Estados Unidos no Brasil, pedindo que Lula e Obama compareçam à COP-15.
E não pense que será uma ligação curta.
A presença na reunião climática de Copenhague, de 7 a 18 de dezembro, será, apenas, o primeiro assunto da “conversa com o presidente”.
O Greenpeace ainda estimulará a população a reinvindicar outras coisas, via orelhão – como, por exemplo:
  • o desmatamento zero,
  • a proteção dos oceanos,
  • e o incentivo às energias renováveis.
São Paulo e Salvador foram as primeiras capitais a receber os orelhões, que ficaram nas principais ruas das duas cidades até o dia 19 de novembro.
Depois disso, o Greenpeace seguirá para Recife, Manaus, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro. (Para saber os locais exatos em que os orelhões estarão, clique aqui)
E se ao ler este post você está se perguntando:
“Mas o Lula e o Obama já não haviam confirmado presença na COP-15?”
Você está certo. Os presidentes já disseram que irão à Copenhague. Mas reforçar nosso desejo nunca é demais.

Fonte: Planeta Sustentável
Foto de Fernando Vivas

domingo, 15 de novembro de 2009

COP 15- Mande um recado para os líderes do mundo

Queridos Líderes do Mundo”. É assim que começa o cartão postal que você pode preencher e enviar, virtualmente, para os chefes de Estado dos países-membro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
É muito importante que todos eles compareçam em Copenhague, durante a COP-15, e assinem um acordo climático global ambicioso e eficiente.
Essa é a proposta do hotsite Climate Greetings.
Entre os diversos apelos dos mais diferentes lugares do mundo, as pessoas pedem para que os dirigentes das nações pensem nas gerações futuras; tomem soluções radicais para controlar o clima; mantenham o aumento de temperatura em, no máximo, 2ºC; cortem suas emissões de carbono; ajam com urgência e salvem o Planeta Terra.

E você, que mensagem deixaria para os chefes de Estado em relação ao que devem fazer em Copenhague?

Conheça o Climate Greetings.

Fonte: Planeta Sustentavel

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um minuto para salvar o clima

A rede brasileira sobre mudanças climáticas, Observatório do Clima, lança a campanha 1 minuto pelo clima. Seja via celular, webcam ou filmadora, qualquer um pode gravar um vídeo de um minuto, com um depoimento dirigido a Lula e ao governo brasileiro sobre o que espera deles na 15ª Conferência das Partes, em Copenhague, a menos de um mês, quando será fechado um acordo climático global.
Os vídeos devem ser postados no Youtube, com a tag 1minutopeloclima, e aparecem, automaticamente, no site da campanha. Os depoimentos serão encaminhados aos representantes do governo brasileiro que estarão presentes da COP-15.
Um dos pedidos a eles poderia ser a presença do próprio presidente na conferência. Afinal, o comparecimento dos chefes de Estado em Copenhague é muito importante para que o acordo firmado ali seja eficiente e ambicioso e possa ser cumprido com seriedade.

O que mais você pediria a Lula em relação ao compromisso brasileiro frente às mudanças climáticas?

Veja o site da campanha 1 minuto pelo clima.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Questões sobre "Ecologia e Fé Cristã"

1. Caracterize o que é “ecologia”, enquanto ciência, paradigma e ética. Mostre como estas dimensões se relacionam.
2. Retome o texto de F. Capra sobre Alfabetização Ecológica e Sustentabilidade. Destaque ao menos dois elementos significativos para a práxis cristã.
3. Justifique a afirmação: “A originalidade da Ecoteologia não reside na teologia da criação, mas sim na forma de articular a Criação com a história humana, a encarnação do Filho de Deus, sua morte e ressurreição salvadoras e a consumação escatológica”.
4. Que oportunidades e apelos a educação ambiental e a gestão ambientail oferecem aos cristãos e às Igrejas?
5. Destaque ao menos três pontos significativos do texto de Lúcio Flávio R. Cirne: “VISÃO TEOLÓGICA DA CRIAÇÃO-SALVAÇÃO”.
6. A partir da leitura dos Salmos, do texto de Teilhard de Chardin (http://ecologiaefe.blogspot.com/2009/04/espiritualidade-ecologica-teilhard-de.html), das nossas aulas e de suas descobertas, caracterize os elementos básicos da espiritualidade ecológica cristã.
7. Explique em que consiste a “COP 15” em Copenhage e a importância deste evento para o futuro do nosso planeta. Em que os cristãos (individualmente e em grupo) e as Igrejas podem contribuir no processo de preparação, realização e divulgação da COP 15?
8. O que o curso acrescentou na sua vida pessoal e na sua atuação pastoral?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ações e atitudes sustentáveis no dia- a- dia

Assista o programa Biosfera, um vídeo vencedor do 1o Prêmio Bosch / Puc-Campinas de Jornalismo, e escolha uma das ações para o seu dia-a-dia. Comece sua semana com atitude!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mapa mostra cenários do aquecimento global

Não precisa nem piorar. Se a concentração de gases de efeito estufa no planeta continuar como está, o aumento da temperatura na Terra deve chegar aos 4ºC até o final do século, ou mesmo antes. É o que diz o estudo encomendado pelo governo britânico, lançado no Museu de Ciência de Londres, na semana passada.
O Met Office Hadley Centre, realizador da pesquisa, usou um programa de projeções de modelos climáticos e os dados de emissões fornecidos pelo IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. O resultado é um mapa que mostra quais os efeitos da elevação de temperatura em cada região do planeta. Os cenários não são nada animadores.
De um modo geral, os continentes vão aquecer muito mais rápido que o mar, e devem chegar aos 5,5ºC, em média. Os pólos terão elevações ainda maiores em relação ao restante do globo. Ainda teremos que enfrentar escassez de água – os reservatórios do planeta estarão 70% mais vazios – e falta de comida e grandes períodos de seca.
No Brasil, os termômetros devem subir entre 5ºC no litoral e 8ºC no interior. A Amazônia e todas as nossas florestas ficarão ultravulneráveis a incêncios, que serão mais ainda difíceis de controlar.
Até 2050, as geleiras do Himalaia estarão pela metade, o que significa que 23% dos chineses ficarão sem sua principal fonte de água durante a estação seca.
Confira no mapa abaixo o que pode acontecer com o mundo até 2100 de acordo com os cientistas.
Será que os céticos do aquecimento global ainda vão insistir no fato de que o aumento de temperatura não tem nada a ver com a gente?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estudo de meio na Serra do Cipó (2)

Os(as) estudantes do curso de Gestão Pastoral do ISTA, em Belo Horizonte fizeram um "Estudo de meio" na Serra do Cipó.

Como atividade prática da disciplina "Ecologia e práxis cristã", a imersão possibilitou uma experiência sensorial múltipla (ver, ouvir, tocar, cheirar, molhar o corpo) e o acesso a noções básicas de: caraterísticas do bioma Cerrado, solo e ciclo das plantas, classificação e usos diversos das águas, potabilidade da água, conservação e poluição da água.

O dia nublado não impediu a vivência comunitária estimuladora e saborear a beleza da Serra.
E para finalizer, desfrutamos do banho gostoso nas águas frias e límpidas do rio Cipó.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Troféus da Fórmula 1, de plástico reciclável

Os vencedores do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, realizado ontem em Interlagos, receberam troféus ecológicos, feitos de plástico reciclado recolhido durante os três dias de treinos e da corrida. A iniciativa, promovida pela Braskem, teve o apoio da Plastivida.
Desde sexta-feira, dia 15, até a data do evento, os resíduos plásticos que deram origem aos troféus foram coletados nas latas de lixo do próprio autódromo, por membros da Coopercaps – Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro.
Todo o material recolhido foi levado para a usina de reciclagem montada dentro de Interlagos e, em três horas, os troféus ecológicos foram entregues, quentinhos, aos vencedores da corrida: Mark Webber, Robert Kubica e Lewis Hamilton.
A iniciativa teve por objetivo chamar a atenção para a importância da coleta seletiva e do descarte correto dos materiais recicláveis.
O evento foi escolhido por sua repercussão mundial e, também, em função da grande quantidade de lixo que produz – só no ano passado, segundo a Plastivida, nos três dias de treino e competição, foram descartadas 420 mil latas e garrafas plásticas de água e refrigerante.
Os envolvidos na iniciativa ainda prometem que o plástico coletado e não utilizado na fabricação dos troféus será destinado a usinas de reciclagem, para dar origem a novos produtos reciclados.
Trata-se de uma boa notícia em meio a insustentabilidade que domina o automobilismo.

Leia também:
Carro de corrida ecológico
Corrida Biomaluca
Corrida limpa
Fonte: Planeta Sustentável

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Blog Action Day

Hoje é dia
15 de outubro
Blog Action Day!
A blogsfera toda sintonizada no nosso planeta.
As mudanças climáticas não sáo obra de ficção
ou mera projeção inconsistente de cientistas.
Basta sentir, olhar em volta, pensar nos fatos.
Que estranho início de primavera,
com chuvas, frio, ondas de calor
e rastro de destruição!
Enquanto isso, os governos (inclusive o do Brasil)
ensaiam passos tímidos em vista do encontro de Copenhage.
Parece um jogo de "esconde esconde".
Ora, náo dá mais para esconder.

Participe você também do Blog action Day.
Deixe mensagens nas suas comunidades sociais.
Mande emails para os amigos.
Veja os vídeos (aqui no blog tem uns...).

É preciso somar gestos para multiplicar consciência.
Viva o Blog Action Day!

sábado, 10 de outubro de 2009

Participe também: Blog Action Day


Um blog sozinho não pode fazer muito pelo planeta. Mas, se grande parte da blogosfera mundial postar uma mensagem sobre o aquecimento global, poderá conscientizar muita gente por aí!
E é exatamente isso o que pretende o Blog Action Day, evento que acontece todos os anos – desde 2007 - e reúne blogueiros do mundo todo para falar de um tema específico num único dia. Este ano, a bola da vez são as mudanças climáticas, assunto que dominará os blogs participantes no dia 15 de outubro.
Há várias formas de participar dessa manifestação pela sobrevivência do planeta – já que a mudança do clima afeta a todos, aumentando a fome, gerando inundações, provocando mais guerras e deixando milhares de refugiados. As mensagens podem ser enviadas via blog, site, Twitter, Facebook e demais redes sociais.
Todos podem fazer parte da iniciativa, basta acessar o site da organização e registrar seu blog (assista ao vídeo abaixo). Mas lembre-se: é necessário postar pelo menos uma mensagem sobre mudanças climáticas no dia 15.
O tema do ano passado foi pobreza e o Blog Action Day contou com a cobertura de mais de 12 mil blogs, superando a marca de 13 milhões de leitores.
Interessou? Então, comece já!
Promova o evento para todos que conhece e faça do dia 15 uma data memorável. Nós já estamos nessa!

*Blog Action Day


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Aula prática no Parque das Mangabeiras


A turma de "Ecologia e Fé Cristã" do curso de graduação em Teologia da Faculdade Jesuíta (FAJE), de Belo Horizonte, fez uma aula prática no Parque das Mangabeiras. Trata-se de uma Unidade de Conservação localizada em área urbana da capital mineira, utilizada pela população como área de lazer.

Fez parte da experiência de aprendizagem a observação de fauna e flora do cerrado e a apresentação de noçóes básica sobre biomas, conservação do solo, fontes e mananciais, poluição do ar em contexto urbano e unidades de conservação. E a convivência foi estimuladora!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cantando pelo clima

É prática comum no meio artístico usar a música para engajar pessoas em assuntos variados. Agora, chegou a vez das mudanças do clima.
Para chamar a atenção da população mundial sobre a urgência do tema, mais de 60 artistas aceitaram o convite da campanha TicTacTicTac e cantaram em nome da justiça climática. Duran Duran, Jamie Cullum, Milla Jovovich, Fergie e Lily Allen são apenas algumas das estrelas envolvidas.
O lançamento da canção aconteceu em Paris, com a presença do ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. A canção “Beds are burning” foi gravada pela primeira vez em 1987 pela banda Midnight Oil, conhecida por embutir o ativismo em suas músicas. Assista aqui:



Fonte: Greenpeace

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

História das Coisas (novamente)



A pedidos, postamos novamente o vídeo "A história das coisas". A bem da verdade, o título poderia ser outro. Trata-se de uma análise profunda sobre o mecanismo explorador que marca a economia de mercado, na qual estamos submersos. A história das coisas é, na realidade, a história de milhões de pessoas, das plantas, dos animais, do solo e da água, transformados em mercadoria. E você vai se perguntar: E agora? Tem saida? Sugiro que após ver o vídeo você leia neste blog o artigo de F. Capra, ecoalfabetização e sustentabilidade. E deixe sua opinião. Ela é muito importante para nós e para quem visita este blog. Um abraço.
Afonso Murad

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Qual a sua sugestão para a COP-15?

Em dezembro, os países-membro da UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima vão se reunir em Copenhague (Dinamarca) e tentar chegar a um acordo climático global.
Trata-se da COP-15 – a 15ª Conferência das Partes, da ONU - , na qual serão definidos:
1. um consenso sobre o aumento da temperatura do planeta e a concentração de gases de efeito estufa a que estamos dispostos a chegar em prol do desenvolvimento;
2. a responsabilidade de cada país para a redução de emissões de carbono;
3. as medidas de adaptação aos efeitos que certamente sofreremos em função do aquecimento global;
4. a transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para os demais para que seja feita a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas
5. a doação de recursos para fundos internacionais e a formatação de mecanismos financeiros de compensação de emissões.
Diversas ONGs e empresas já enviaram suas contribuições ao governo federal dizendo o que gostariam de ver como decisões finais em Copenhague.
E você?
Se pudesse participar desse movimento, que sugestão daria aos negociadores brasileiros para a COP-15 atingir o seu propósito de conter o aquecimento global? Deixe sua sugestão no comentário.
Fonte: Planeta Sustentável

Acompanhe neste blog tudo sobre a 15ª Conferência das Partes.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Esqueceram do desmate do cerrado

Em tempos de mudanças climáticas, de redução de emissões e de propostas para COP-15 - encontro que irá reunir mais de 200 países para discutir políticas e frear o aquecimento global - o Ministério do Meio Ambiente divulgou que a emissão de CO2 do cerrado é igual, em volume, à da Amazônia, cerca de 350 milhões de toneladas por ano.
E tem mais. A degradação do cerrado entre 2002 e 2008 foi o dobro do contabilizado na floresta: ultrapassou 21 mil km, contra 10 mil km. De acordo com o MMA, enquanto a taxa
de desmatamento da Amazônia caiu 50% ao ano, a do cerrado se manteve a mesma, em torno de 1%.
A cultura de soja para exportação e a pecuária extensiva são apontados como grandes vilões, embora o ministro Carlos Minc tenha insinuado que parte da culpa é da gestão passada que se dedicou à Amazônia em detrimento do cerrado. E como vai ser daqui para frente?Segundo o ministro, os números não caracterizam o desmate como legal ou ilegal, mas acredita-se que boa parte do prejuízo ambiental seja legalizado, já que o Código Florestal prevê cerrado que integra a Amazônia Legal seja preservado em 35% e, fora, dela, a reserva legal é de menos de 20%.
A partir desse levantamento, e da constatação de que essas perdas afetam o ciclo hídrico das principais bacias brasileiras, diminuindo a oferta de água, e eliminam algo em torno de 12 mil espécies, o bioma ganhará novos rumos, o PPCerrado - Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento no Bioma Cerrado.
A ideia é monitorar o desmatamento anual do cerrado, via satélite, como já acontece na Amazônia, em um programa realizado em parceria com o Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ainda sem data para entrar em funcionamento. Atualmente, o bioma tem 7,5% do seu território protegido, mas a intenção é chegar a 10%, por meio do aumento do número de áreas de conservação.
Outra ideia do Ministro é transformar o cerrado em patrimônio nacional, como acontece com a Mata Atlântica, o Pantanal, a Amazônia, a Serra do Mar e a Zona Costeira.
Será o suficiente?

Fonte: Planeta Sustentável

*Ministério do Meio Ambiente
*Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
*Foto: Isabel Schimidt

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Declaração budista sobre mudanças climáticas

A espiritualidade budista diz que um dos maiores desafios dos seres humanos é se livrar da ilusão de que somos seres separados uns dos outros, conceito que, aliás, casa muito bem com a ideia de sustentabilidade. “Precisamos nos dar conta de que a Terra é nossa mãe e também nosso lar”, é o que diz a Declaração Budista sobre Mudanças Climáticas*.
O documento, que está no site Ecological Buddhism**, propõe diversas mudanças de atitude para enfrentarmos o desafio do aquecimento global e está aberto a assinaturas – até agora já são mais de 5 mil – não apenas da comunidade budista, mas de todos os que estão preocupados com o assunto.
A declaração, cujo título é “A hora de agir é agora” tem o reconhecimento de Dalai Lama, que escreveu uma carta de aprovação às questões colocadas pelo texto budista durante a 14ª COP – Conferência das Partes, da ONU, que aconteceu em dezembro do ano passado, em Poznan, na Polônia.
Dalai Lama afirmou que nossa maior responsabilidade, hoje, se refere ao grande estrago que fizemos ao clima durante o crescimento da civilização humana e chama atenção para a quantidade de eventos climáticos extremos que estamos presenciando nos últimos tempos, como o derretimento sem precedentes do gelo no Ártico e das grandes geleiras do Tibete.
Tanto Dalai Lama quanto a Declaração são claros ao afirmar que a concentração de carbono na atmosfera precisa ser reduzida a 350 ppm, quantidade máxima recomendável pelos cientistas. Atualmente, essa concentração já chega a 387ppm e aumenta cerca de 2 ppm por ano. “É urgente tomar as atitudes corretas para garantir um futuro climático seguro para as próximas gerações de seres humanos e de outras espécies”, escreveu o Lama.
Fonte: Planeta Sustentável
Leia também:Budismo ecológico

terça-feira, 1 de setembro de 2009

TIC TAC: é hora de agir pelo clima


A Campanha Global de Ações pelo Clima-Brasil, mais conhecida como Campanha TicTacTicTac, reivindica que esse encontro internacional estabeleça um acordo ambicioso e eficiente de redução de emissões de carbono. Pessoas, ONGs, sindicatos e grupos religiosos já aderiram à causa, participando de um abaixo-assinado (assine você também) que pressiona os governos a fazerem uma negociação em Copenhague que seja boa para o planeta e a humanidade.

A expectativa da campanha é de que:
- o acordo garanta que a temperatura não suba mais do que 2ºC e que as emissões globais de gases de efeito estufa comecem a diminuir antes de 2020;
- os países desenvolvidos reduzam suas emissões em pelo menos 45% em relação aos níveis de 1990, até 2020;
- os objetivos estabelecidos para os países em desenvolvimento sejam mensuráveis, verificáveis e reportáveis;
- sejam pensados mecanismos que garantam ajuda dos países ricos aos países em desenvolvimento para a estabilização e redução de suas emissões, bem como para a adaptação às consequências inevitáveis das mudanças climáticas;
- seja aprovada a criação de mecanismos de REDD – Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação Florestal a curto prazo e- haja transformações econômicas e o fortalecimento da democracia, levando-se em conta a sustentabilidade, a dignidade humana e a integridade dos processos ecológicos.
Todas as assinaturas vão para um único banco de dados mundial. Espera-se que haja cerca de 6 milhões até o dia 7 de dezembro, quando começa a COP. Relógios de três metros de altura, movidos a energia solar, serão espalhados a partir de amanhã nas 10 capitais brasileiras para fazer a contagem regressiva até a data.
Duas manifestações de rua estão previstas para movimentar a campanha e chamar a atenção das pessoas. Uma será no dia 21 de setembro, véspera do Dia Mundial sem Carro, e a outra no dia 24 de outubro, com o tema Hora de pensar bem e agir rápido.
Diga sim. Mostre seu apoio agora. Convença os seus amigos, família e vizinhos a fazer o mesmo.
A hora é agora.

sábado, 22 de agosto de 2009

Ecoteologia e a unidade da experiência salvífica

Um dos elementos originais da ecoteologia consiste na forma de compreender a relação entre criação, graça e pecado, encarnação, redenção e consumação. Ou seja, a unidade e a interdependência dos elementos que constituem a experiência salvífica cristã. E, no interior desta reflexão, proclama-se que todos os seres participam do projeto salvífico de Deus. Vejamos como se percebe tal realidade a partir da Bíblia.

Na experiência do Povo de Israel, a crença no Deus criador amplia e aprofunda a fé em Javé salvador. Salvação aqui é entendida em sentido histórico, e não inclui ainda o destino do ser humano após a morte. O mesmo Senhor que libertou o povo da escravidão do Egito – e esta é a experiência salvífica fundante -, convoca-o para o pacto de Aliança. Interessante notar como em alguns Salmos passa-se tranquilamente da proclamação do Deus criador para o Deus-salvador. O Sl 136 resume este louvor ao Deus criador e salvador: o amor de Javé perdura para sempre! O Deus que criou os céus, a terra, as águas, os astros (v.1-9), libertou o povo da escravidão do Egito (v.10-15) e o conduziu pelo deserto (v.16-24). Deus cria salvando e salva criando.

Após a frustrante experiência do reinado e da destruição da nação, eclode através da consciência profética a esperança de uma nova criação (Is 40,3-5; Is 11,6-9; Ez 47,1-12). O termo não alude a uma reconfiguração da comunidade biótica, com o desenvolvimento de novas espécies de plantas e animais, e sim, a uma nova sociedade onde reina a paz, a fraternidade, o conhecimento de Deus, a justiça e a misericórdia. Diríamos hoje: a criação é a mesma, a situação dos seres humanos nela muda radicalmente. Por que então o escritor bíblico usa este termo? Ele expressa que a criação não é algo acabado, pois está aberta ao futuro. Se o povo de Deus mudar suas posturas com relação a Javé e colocar em prática os seus preceitos, algo se transformará também no ambiente. E há algo mais. De forma simbólica – e não se trata somente de uma metáfora – os autores bíblicos tem consciência de que os outros seres participam da glória que Deus reserva ao seu povo: “É na alegria que vocês vão sair, e serão conduzidos na paz. Na passagem de vocês, montanhas e colinas explodirão em aclamações, e todas as árvores do campo baterão palmas” (Is 55,12s).

Nos evangelhos sinóticos, anuncia-se que Jesus é o messias, o salvador, o Filho de Davi, aquele que inaugura o Reinado de Deus (Mc 1,15) e manifesta o Deus do Reino. Pelos gestos e as palavras de Jesus, o Reino está acontecendo. A salvação já começou! O evangelista Lucas tematiza isso de forma breve e inequívoca, no encontro de Jesus com Zaqueu: Hoje a salvação entrou nesta casa (Lc 19,9). Já o quarto evangelho, especialmente no prólogo, explicita que a experiência salvífica ganha densidade com a encarnação do Filho de Deus: O verbo habitou entre nós, e nós vimos sua glória (Jo 1,14).
Os escritos paulinos buscam interpretar o sentido da morte e da ressurreição de Jesus para as primeiras comunidades cristãs. Paulo usa várias imagens e analogias, tomadas de seu contexto cultural: libertação do pecado, vitória sobre a morte, vida entregue, redenção da escravidão do pecado, expiação, morte do justo (2 Cor 5,15; Rm 6,10, Gl 2,20, Ef 5,2). Nenhuma delas, de forma isolada, dá conta de explicar o sentido salvífico da morte de Jesus. Paulo explicita que a ressurreição de Jesus também é salvadora. Jesus, o ressuscitado, é o primogênito, o verdadeiro Adão, o primeiro membro da nova humanidade (Cl 1,15.18). Por isso, podemos esperar a vinda gloriosa de Jesus, na qual ele entregará o Reino ao Pai (1 Cor 15,24). Desta esperança ativa da consumação, da recapitulação, todas as outras criaturas participam, gemendo e clamando (Rm 8,22)! E o autor do Apocalipse anuncia que esta esperança já começou a se realizar: “Eu vi um novo céu e uma nova terra” (Ap 21,1).

Como bem observa Moltmann, quem procura por declarações sobre a criação no Novo Testamento, frequentemente se decepciona. O testemunho neotestamentário da criação não está centrado no início do mundo e sim no querigma da ressurreição e na pneumatologia. Nelas, o criar de Deus é escatologicamente compreendido como “chamar à vida”, “ressuscitar” e “vivificar”, pois se referem à criação no fim dos tempos, ou seja, a nova criação.
Podemos dizer, à luz da Sagrada Escritura, que criação do mundo e nova criação, iniciada com a ressurreição de Jesus, são realidades interdependentes. Da forma semelhante, a encarnação de Jesus, sua vida e missão, sua morte de cruz e a ressurreição são distintos momentos de uma mesma realidade salvífica. Ofertada ao ser humano como graça e dom, a salvação começa a se realizar na história (irrupção do Reino de Deus) e se consuma para além dela. Os que acolhem a graça divina são transformados em novas criaturas (2 Cor 5,17) e estabelecem relações, baseadas no amor, com a comunidade humana e todos os outros seres.

O que isso tem a dizer à Teologia em perspectiva ecológica? A ecoteologia não é simplesmente uma teologia da criação com tons verdes. A partir da unidade da experiência salvífica na Bíblia, a ecoteologia afirma que há ligações estreitas e complexas entre a criação do cosmos e seu processo evolutivo, o surgimento dos seres humanos no nosso planeta, a história da revelação divina com suas etapas, a encarnação do Filho de Deus, a inauguração do Reino de Deus em Jesus, sua morte redentora e a ressurreição como primícia da nova criação. O Espírito de Deus anima e sustenta todos os seres bióticos e abióticos, nas belas e múltiplas relações da teia da vida. Portanto, a história humana e seu destino final devem ser compreendidos em íntima relação com o ecossistema, a nossa casa comum. Não se trata somente de uma mudança de conceitos e de percepção, mas também na espiritualidade e na ética. A luta pela “vida plena” (Jo 10,10) se traduz também em empenho pela sustentabilidade, em garantir a continuidade da vida no nosso planeta. E a experiência de Deus, no cultivo da sintonia orante com todos os seres, criados com carinho pelo Senhor e destinados à glória.
Texto: Afonso Murad (parte de artigo publicado em Pistis e Práxis, 2009)
Figura: Elda

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Alunos do Curso "Ecologia e Práxis Cristã"

Alunos da Graduação do Curso de Gestão Pastoral do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino), que estão fazendo fazendo a disciplina "Ecologia e práxis cristã".

Estudantes do Curso "Ecologia e Fé Cristã"

Parte dos alunos da graduação de Teologia da FAJE (Faculdade Jesuíta), em Belo Horizonte, cursando a disciplina opcional "Ecologia e Fé Cristã".

terça-feira, 11 de agosto de 2009

ATITUDE- Recuse sacolas plásticas

Quantas sacolas descartáveis você recusa por dia?
Para provocar a reflexão sobre a importância de reduzir as sacolas descartáveis do cotidiano, o SITE Planeta Sustentável criou uma campanha diferente: através de um contador – na sua home do site -, você pode registrar a quantidade de sacolas descartáveis que recusar a cada dia. Para cada NÃO, um clique. Que tal participar? E, ainda, compartilhar esta ideia?

A proposta do contador do site Planeta Sustentável – que está em destaque na home do site - é incentivar a discussão e a reflexão a respeito de um problema tão sério como a proliferação das sacolas descartáveis, a partir do seu uso indiscriminado e irresponsável. Precisamos, realmente, de tantas sacolas – feitas de plástico e de outros materiais igualmente nocivos ao meio ambiente? Será que precisamos delas para carregar qualquer produto que compramos ou, mesmo, para forrar latas de lixo? Por que não as substituímos por sacolas retornáveis – de pano, de lona vinílica (muito usada em banner promocionais) ou outros materiais recicláveis – que podem estar sempre à mão na bolsa ou no carro? Essa é a provocação que fazemos. Recusou uma sacola descartável no supermercado, na farmácia, na padaria ou numa loja? Ótimo! Registre, aqui, no contador. Para cada sacola, um clique. Divulgue esta ideia em casa, para seus amigos e colegas de trabalho ou da escola, em seu condomínio, no bairro...
DURA REALIDADE
Hoje, a urgência em eliminarmos - ou, pelo menos, reduzirmos - o uso das sacolas descartáveis é inegável. Desde o início desta década - pelo menos - há diversas iniciativas, nesse sentido, pelo mundo. Algumas baseadas em pura ideologia e consciência; outras levando em conta “o bolso”, já que boa parte da humanidade - infelizmente - só entende a linguagem do dinheiro. Mas, que seja! O que importa é o resultado que se obtém da iniciativa: a redução da agressão ao meio ambiente.
Eis alguns exemplos:
- a Irlanda foi o primeiro país da Europa a aplicar impostos sobre o uso de sacolas plásticas. Isso aconteceu em 2002 e reduziu em 90% o consumo do produto;
- em 2005, Ruanda acabou com a "festa" das sacolinhas;
- em Bangladesh, isso aconteceu em 2007;
- em 2007, também, São Francisco foi a primeira cidade a proibir o uso dessas sacolas;
- no ano passado, a China começou uma campanha para acabar com as descartáveis gratuitas e
- Israel, Canadá, Índia, Botswana, Kenya, Tanzânia, África do Sul, Taiwan e Singapura também proibiram seu uso ou estão a caminho disso.
E por aqui? No Brasil, ainda não há registro de cobrança de impostos para o consumidor que optar pelas sacolinhas descartáveis. Talvez fosse uma boa alternativa. Mas já existem algumas iniciativas interessantes: no ano passado, em Santa Catarina, a ACATS - Associação Catarinense de Supermercados liderou uma campanha para incentivar os supermercados a abandoná-las de vez. Em junho deste ano, foi a vez do governo se manifestar: o Ministério do Meio Ambiente - MMA lançou a campanha “Saco é um saco”, focando diretamente no consumo das sacolas plásticas. E a tendência é que esse tipo de manifestação cresça, cada vez mais. Afinal, as sacolas descartáveis ocupam espaço considerável nos aterros sanitários e lixões, onde demoram cerca de 400 anos para se decompor e ainda entulham ruas e parques e poluem os oceanos, matando os animais - baleias, focas, golfinhos, tartarugas e aves, só para citar alguns - que as engolem porque as confundem com alimento. Assusta pensar na quantidade de sacolinhas que circulam pelo planeta anualmente: - no mundo, são produzidas de 500 bilhões a 1 trilhão de sacolas plásticas - só no Brasil, são 12 bilhões.
Hoje, a sacola descartável está presente no cotidiano de pessoas de todas as idades e classes sociais. Para quem vende ou para quem compra, tornou-se automático associar qualquer produto a uma sacola: não só em grandes compras, como também nas pequenas. Quem nunca carregou um simples livro, uma caixa de remédio, uma lata de refrigerante ou qualquer objeto solitário numa sacola descartável? Mas o que o MMA aponta como a maior causa para sua proliferação é seu uso para forrar latas de lixo – seja em casa, na escola, em banheiros, nos escritórios... Então, está na hora de alterar hábitos.
Veja mais números e entenda porque é importante participar: vamos supor que você use/aceite seis sacolas plásticas por semana. Isso representa cerca de:
- 24 sacolas plásticas/mês
- 228 sacolas/ano
- mais de 22 mil ao longo de sua vida.
Já imaginou onde vai parar tudo isso?

LEIA TAMBÉM: O perigo da sacola plástica

Fonte: Mônica Nunes, 05/08/2009

domingo, 9 de agosto de 2009

Pobreza e meio ambiente

Há alguns dias, entrevistei Nereide Mazzucchelli, consultora em desenvolvimento local e meio ambiente, que levantou uma ideia muito interessante: será que não deveríamos ter uma “licença social” para grandes projetos de exploração de recursos naturais, assim como já temos a licença ambiental?
Grande parte dos impactos polêmicos que saem nos jornais e atrasam obras e geram reações judiciais que podem durar anos não são ambientais, mas sociais.
No caso das hidrelétricas do rio Madeira, o problema que ficou mais famoso foi o dos peixes migratórios, já que o presidente reclamava que “jogaram o bagre no colo dele”. Mas um empreendimento desse tamanho tem de lidar com os efeitos sobre as terras indígenas, as formas de realocar as populações atingidas e, acima de tudo, o problema das migrações em massa para onde os empregos estão sendo gerados.
Para isso, diz Nereide, não há roteiros e procedimentos pré-estabelecidos. Não tem órgão licenciador, enquanto o Ibama tem de tratar de questões alheias ao seu expertise. E as questões sociais seguem a reboque das ambientais.
Para mim, a cada vez que dizemos que o meio ambiente é um nó no Brasil, estamos fazendo uma presunção baseada no licenciamento ambiental, que é onde se dão os embates. Mas a pecha ambiental encobre uma boa parte da história.
Todos (órgão ambientais, empreendedores, gestores públicos) ainda têm muita dificuldade de lidar com as implicações sociais dos rumos do progresso. Ou daquilo que se entende por progresso. Mesmo com tantos pesquisadores há décadas apresentando estudos que comprovam sempre o mesmo padrão na Amazônia. Numa região em que quase a metade da população vive abaixo da linha da pobreza, sem alternativas de renda, uma mega obra sempre atrai migração descontrolada.
É o mesmo para hidrelétricas, para mineração, para estradas. Sigo vendo prefeitos e secretários extasiados com a possibilidade de um empreendimento gigante trazer desenvolvimento para locais empobrecidos, sem nunca perceberem que, se as localidades crescerem demais sem planejamento, eles podem ficar ainda mais pobres do que estavam de partida.
Muita gente se apavora com a possibilidade de mais burocracia. Mas me alegra que a ideia de “licença social” pelo menos insista em levantar questões esquecidas.

Fonte: Carolina Derivi- Eco Balaio

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Desenvolvimento sustentável, 30 anos.

No mês de agosto, a expressão Desenvolvimento Sustentável completa 30 anos. De acordo com o economista José Eli da Veiga, em seu livro “Meio Ambiente e Desenvolvimento”, o termo foi usado pela primeira vez em 1979, durante o Simpósio das Nações Unidas sobre Interrelações de Recursos, Ambiente e Desenvolvimento, em Estocolmo. Na época, discutia-se o recente dilema “é possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental?”, ainda contaminado com receios de explosão demográfica e testes nucleares. A expressão apareceu em um texto de W. Burger, cujo título era “A busca de padrões sustentáveis de desenvolvimento” e adquiriu relevância quando a WCS - World Conservation Strategy decidiu fazer dela uma meta. Engana-se quem pensa – e muitos ainda pensam - que a expressão foi criada pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU em 1983 e presidida por Gro Harlem Brundtland, que lançou o relatório Nosso Futuro Comum, em 1987. A avó do termo, “Ecodesenvolvimento”, lançada em 1973 por Maurice Strong na primeira reunião do PNUMA, desapareceu sem motivo aparente. Cá entre nós, não fez muita falta. Quanto menos burocráticas e instituicionais as expressões se tornarem, mais fácil será fazer com que as pessoas não tenham medo de aprender sobre o tema.

*World Conservation Strategy: Estratégia de conservação do Mundo
*PNUMA : Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Fonte: Planeta Sustentável

domingo, 26 de julho de 2009

CEBs e Ecologia

Selecionei aqui alguns pontos da carta final do Interclesial das CEBs, sobretudo aqueles que versam sobre a questão socioambiental e o compromisso da Igreja com ela. Se você quer ver a carta inteira, acesse: http://www.cebs12.org.br/

1. Nós, participantes do XII Intereclesial das CEBs, daqui das margens do Rio Madeira, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as irmãs e irmãos de todos os cantos do Brasil e dos demais países do continente, que sonham conosco com novos céus e nova terra, num jeito novo de ser igreja, de atuar em sociedade e de cuidar respeitosa e amorosamente de toda a criação!
2. Fomos convocados de 21 a 25 de julho de 2009, pelo Espírito e pela Igreja irmã de Porto Velho/RO, para nos debruçar sobre o tema que nos guiou por toda a preparação do Intereclesial em nossas comunidades e regionais: “CEBs: Ecologia e Missão – Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”.
4. Somos 3.010 delegados, aos quais se somam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando cinco mil pessoas envolvidas neste Intereclesial. Dos delegados de quase todas as 272 dioceses do Brasil, 2.174 são leigos, sendo 1.234 mulheres e 940 homens; 197 religiosas, 41 religiosos irmãos, 331 presbíteros e 56 bispos, dentre os quais um da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, além de pastores, pastoras e fiéis dessa Igreja, da Igreja Metodista, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e da Igreja Unida de Cristo do Japão. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico de nossa Assembléia encontra-se espelhado no rosto das 38 nações indígenas aqui presentes e no de irmãos e irmãs de nove países da América Latina e do Caribe, de cinco da Europa, de um da África, de outro da Ásia e da América do Norte. Queremos ressaltar a presença marcante da juventude de todo o Brasil por meio de suas várias organizações.

5. Fomos recebidos, na celebração de abertura pela equipe da celebração e por Dom Moacyr Grechi, com muita música e canto, ao cair da noite, ao lado dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que lembra para os trabalhadores, que a construíram e para os indígenas e migrantes nordestinos, o sofrido ciclo da borracha na Amazônia. Foram evocadas ali e, seguidamente nos dias seguintes, as palavras sábias do provérbio africano: “Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias”.
6. Iniciamos o primeiro dia, dedicado ao VER, partindo do grito profético da terra e dos povos da Amazônia, símbolos da humanidade, na sua rica diversidade. Partimos para os locais dos mini-plenários de 250 participantes, nas paróquias e escolas. Eles levavam os nomes de doze RIOS da bacia amazônica: Madeira, Juruá, Purus, Oiapoque, Guamá, Tocantins, Tapajós, Itacaiunas, Guaporé, Gurupi, Araguaia e Jari.
8. Divididos nos Rios em 12 CANOAS, com duas dezenas de participantes cada uma, partilhamos as experiências, gritos e lutas das comunidades em relação à nossa Casa comum, a partir do bioma amazônico e dos outros biomas do Brasil (cerrado, caatinga, pantanal, pampas, mata atlântica e manguezais da zona costeira), da América Latina e do Caribe. Vimos nossa Casa ameaçada pelo desmatamento, com o avanço da pecuária, das plantações de soja, cana, eucalipto e outras monoculturas, sobre áreas de florestas; pela ação predatória de madeireiras, pelas queimadas, poluição e envenenamento das águas, peixes e humanos pelo mercúrio dos garimpos, pelos rejeitos das mineradoras e pelo lixo nas cidades. Encontra-se ameaçada também pelo crescente tráfico de drogas, de mulheres e crianças e pelo extermínio de jovens provocado pela violência urbana.
9. Somamos nosso grito ao das populações locais, para que a Amazônia não seja tratada como colônia, de onde se retiram suas riquezas e amazonidades, em favor de interesses alheios, mas que seja vista em pé de igualdade, no concerto das grandes regiões irmãs, com sua contribuição específica em favor da vida dos povos, em especial de seus 23 milhões de habitantes, para que tenham o suficiente para viver com dignidade.
10. Fazemos um apelo para que os governantes sejam sensíveis ao grito que brota do ventre da Terra e, pautados por uma ética do cuidado, adotem uma política de contenção de projetos que agridem a Amazônia e seus povos da floresta, quilombolas, ribeirinhos, migrantes do campo e da cidade, numa perspectiva que efetivamente inclua os amazônidas, como colaboradores verdadeiros na definição dos rumos da Amazônia.
11. Tomamos consciência também de nossas responsabilidades em relação ao reto uso da água, da terra, do solo urbano e à superação do consumismo, respondendo ao apelo, para que todos vivamos do necessário, para que ninguém passe necessidade.
12. Constatamos, com alegria, a multiplicação de iniciativas em favor do meio ambiente, como a de catadores de material reciclável, no meio urbano, tornando-se profetas da ecologia e as de economia solidária, agricultura orgânica e ecológica. Saudamos os muitos sinais de uma “Terra sem males”, fazendo-nos crescer na esperança de que “outro mundo é possível, necessário e urgente”.
13. Realizamos a Caminhada dos Mártires, em direção ao local onde o rio Madeira foi desviado e em cujo leito seco, ao som dos estampidos das rochas dinamitadas, está sendo concretada a barragem da hidroelétrica. Celebrou-se ali Ato Penitencial por todas as agressões contra a natureza e a vida humana. Defronte às pedreiras que acolhiam as águas das cachoeiras de Santo Antônio, agora totalmente secas, ao lado da primeira capela construída na região, foram proclamadas as Bem-aventuranças evangélicas (Mt 5, 1-12), sinal da teimosa esperança dos pequenos, os preferidos de Deus.

14. No segundo dia do encontro, partimos em grupos, em visita às muitas realidades locais: populações indígenas, comunidades afro-descendentes, ribeirinhas, extrativistas, grupos vivendo em assentamentos rurais ou em áreas de ocupação urbana; bairros da periferia; hospitais, prisões, casas de recuperação de pessoas com dependência química e ainda a trabalhos com menores ou pessoas com deficiência. O retorno foi rico na partilha de experiências, nas quais descobrimos sinais de vida nova. Reiteramos que os projetos dos grandes, principalmente as barragens das usinas hidroelétricas,as usinas nucleares geradoras de lixo atômico que põe em risco a população local, são projetos do capital transnacional que não favorecem os pequenos. Apoiados na sabedoria milenar dos povos indígenas, nos animamos a repetir com eles: “Nunca deixaremos de ser o que somos”. Nós, como CEBs no meio dos simples e pequenos, reafirmamos nossa teimosa opção pelos pobres e pelos jovens, proclamada há trinta anos em Puebla, resistindo e lutando para superar nossas dificuldades, sustentados pela fé no Deus que se revelou a nós como Trindade, a melhor comunidade.

15. No terceiro dia, a oração foi alentada pela promessa do Êxodo: “Decidi vos libertar... vos farei subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra, onde corre leite e mel” (Ex. 3, 8). Em cada canoa, os relatos iam revelando uma igreja preocupada com a justiça social e a defesa da vida nos testemunhos de gente simples em todos aqueles lugares visitados. Esses relatos aqueceram nosso coração e nos desafiaram a perseverar na caminhada das CEBs.
16. À tarde, fomos tocados por vários testemunhos. Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba, retomou em sua história a trajetória dos negros no Brasil, suas dores, resistências e esperanças de um mundo melhor, nos seus Quilombos da liberdade. Marina Silva, senadora pelo Acre e ex-ministra do Meio Ambiente, contou sua eu caminhada de menina analfabeta do seringal para a cidade de Rio Branco e de lá para São Paulo, mas principalmente sua incessante busca, a partir da fé herdada de sua avó, alimentada pela experiência das CEBs, da leitura da Palavra de Deus e pelo exemplo de Chico Mendes, de bem viver e de colocar-se publicamente a serviço, em favor do povo amazônida. Por fim, acompanhamos pelo vídeo o testemunho de Dom Pedro Casaldáligo e nos emocionamos com suas palavras de esperança e confiança em Jesus e na utopia do seu Reinado.
17. Neste dia, ocorreu também o encontro da Pastoral da Juventude de todo o Brasil e outro também muito significativo entre bispos, assessores e Ampliada Nacional das CEBs. Momento fecundo do estreitamento de laços e abertura a novos passos em nossa caminhada, em que foi expressa a alegria e alento trazidos pela presença significativa de tantos bispos. Desse encontro, os bispos presentes resolveram enviar sua palavra às comunidades:

19. Na manhã do último dia, fomos guiados pelo texto do Apocalipse: “O anjo mostrou para mim, um rio de água viva... O rio brotava do trono de Deus e do cordeiro...; de cada lado do rio estão plantadas árvores da vida... suas folhas servem para curar as nações” (Ap 22, 1-2). Bebemos no manancial da fé que nos une a todos e todas, na única família humana, como filhos e filhas da mesma Mãe-Terra, a Pacha-Mama dos povos andinos, a Terra sem Males dos Povos Guarani, na busca, sonho e construção do Reino de Deus anunciado por Jesus.
20. Juntos, representantes das Religiões Indígenas e dos Cultos Afro-brasileiros, de Judeus, Cristãos Ortodoxos, Católicos e Evangélicos, Muçulmanos, de mulheres e homens de boa vontade e de todas as crenças, no diálogo e respeito à diversidade da teia da vida, acolhemos os gritos da Amazônia e de todos os biomas e reafirmamos nossa solidariedade e compromisso com a justiça geradora da paz.

COMPROMISSOS ASSUMIDOS
21. Caminhamos como povo de Deus que conquista a Terra Prometida e a torna espaço de fartura e fraternura, acolhendo todas as expressões da vida.
22. Comprometemo-nos a fortalecer as lutas dos movimentos sociais populares: as dos povos indígenas, pela demarcação e homologação de suas terras e respeito por suas culturas; as dos afro-descendentes, pelo reconhecimento e demarcação das terras quilombolas; as das mulheres, por sua dignidade e igualdade e avanço em suas articulações locais, nacionais e internacionais; as dos ribeirinhos pela legalização de suas posses; as dos atingidos pelas barragens, pelo direito à terra equivalente, restituição de seus meios de sobrevivência perdidos e indenização por suas benfeitorias; as dos sem terra, apoiando-os em suas ocupações e em sua e nossa luta pela reforma agrária, contra o latifúndio e os grileiros; as dos Movimentos Ecológicos, contra a devastação da natureza, pela defesa das águas e dos animais.
23. Queremos defender e apoiar o movimento FLORESTANIA, no respeito à agrobiodiversidade e aos valores culturais, sociais e ambientais da Amazônia.
24. Assumimos também o compromisso de respaldar modelos econômicos alternativos na agricultura, na produção de energias limpas e ambientalmente amigáveis; de participar na luta sindical, reforçando a ação dos sindicatos do campo e da cidade, com suas associações e cooperativas e sua luta contra o desemprego, com especial atenção à juventude.
25. Convocamos a todos nós para o trabalho político de base, para a militância em movimentos sociais e partidos ligados às lutas populares; para participar nas lutas por políticas públicas ligadas à educação, saúde, moradia, transporte, saneamento básico, emprego, reforma agrária e para tomar parte nos conselhos de cidadania, nas pastorais sociais, no movimento pela não redução da maioridade penal, no Grito dos Excluídos, nas iniciativas do 1º. de Maio e das Semanas Sociais.
26. Comprometemo-nos ainda a fortalecer e multiplicar nossas Comunidades Eclesiais de Base, criando comunidades eclesiais e ecológicas de base nos bairros das cidades e na zona rural, promovendo a educação ambiental em todos os espaços de sua atuação; fortalecendo a formação bíblica; incentivando uma Igreja toda ela ministerial, com ministérios diversificados confiados a leigas e leigos; assumindo seu protagonismo, como sujeitos privilegiados da missão; fortalecendo o diálogo ecumênico e inter-religioso e superando a intolerância religiosa e os preconceitos.

29. Escolhida a Igreja do Crato, que irá acolher, nas terras do Pe. Cícero, o XIII Intereclesial, recolocamos nos trilhos o trem das CEBs, rumo ao Ceará, enviando a vocês, irmãos e irmãs das comunidades, nosso abraço fraterno, e cheio de revigorada esperança. amém! axé! auere! aleluia!

sábado, 25 de julho de 2009

Intereclesial das CEBs (3)

O Intereclesial das CEBs caminha para seus últimos momentos. Quero partilhar com vocês algumas experiências vividas, impressões e informações. No dia dedicado à missão, fiquei em Porto Velho. De manhã, após a bela celebração, ouvimos a palavra de Pedro Ribeiro de Oliveira, Irmã Julieta e Leonardo Boff. Este último, em especial, falou com sabedoria e unção. Talvez não tenha novidades, mas foi uma palavra simbólica, de esperança.
Neste “dia de missão”, os participantes do Intereclesial visitaram experiências rurais e urbanas das CEBs e do movimento popular na região, além de algumas realidades que clamam. Houve de tudo. Quem foi visitar as comunidades ribeirinhas teve que ficar um longo tempo na estrada, inclusive com ônibus quebrado. Aqueles que optaram por conhecer a triste realidade das penitenciárias de Porto Velho, tiveram que esperar horas e somente alguns puderam ter contato com os presos. Os que visitaram as comunidades urbanas nas periferias perceberam o descaso do poder público para com os pobres, e também provaram a acolhida, a alegria e a fraternidade das comunidades.
Aliás, para mim, este foi o ponto mais forte do Encontro. Entre tantos eventos, congressos, fóruns e encontros em que participei na vida, nunca presenciei um com espírito de colaboração tão forte, somando efetivamente uma multidão de pessoas. Na primeira noite, percebi que havia uma imensa toalha no palco, toda confeccionada de forma artesanal em forma de flores, que se chama “fuxico”. Não podia imaginar quem fez aquilo. Ontem fiquei sabendo: foi a soma de centenas de toalhas artesanais, feitas em muitas comunidades. Tecidas a muitas mãos, com muito carinho. As comunidades rurais e urbanas se prepararam para o encontro durante dois anos.
Este doce sabor da fraternidade e da acolhida foi tematizado na manhã do quarto dia do encontro. Fui novamente para o miniplenário intitulado “Rio Tocantins”. A celebração da manhã, com cantos, leitura da bíblia, salmos entoados e símbolos terminou com a partilha de mel (foto acima), vindo de uma iniciativa de apicultura de socioeconomia solidária de Santa Catarina. Alguns, literalmente, se lambuzaram de mel.... A seguir, partilhou-se nos grupos menores (chamados de “canoa”) a experiência da missão no dia anterior. E, no final da manhã, em cada um dos 12 miniplenários, dois assessores locais apresentaram alguns dados sobre a Amazônia e a Igreja daqui. Onde estive, contamos com a apresentação do Ir. João Gutemberg, marista nascido no Acre, e um bispo da região.
Pude também conhecer e conversar com alguns bispos. Dentre eles, Dom Possamai, vice-presidente da comissão da Amazônia da CNBB e Dom Erwin, bispo prelado do Xingu, região onde viveu Ir. Dorothy. É emocionante ouvir estes homens, que são pastores e profetas.
Dois acontecimentos importantes marcaram ainda o quarto dia do intereclesial das CEBs: os testemunhos de vida e a reunião da equipe ampliada com os bispos. À tarde, no “Porto” (Plenária), a assembléia ouviu os depoimentos do arcebispo negro, emérito da Paraíba, Dom José Maria Pires (Dom Zumbi), com seus quase 90 anos; o bispo emérito de Goiás (GO), dom Tomás Balduíno, grande batalhador e fundador da CPT e a senadora Marina Silva. Veja detalhes no site da cnbb.
Visite http://www.cnbb.org.br/ns/modules/news/article.php?storyid=1892
Sobre o encontro da Equipe de organização do Encontro com os bispos, relata o Padre Geraldo, assessor de comunicação da CNBB: A presença dos bispos também foi ressaltada como muito importante para o Intereclesial. Foram 56, inclusive o presidente e o vice-presidente da CNBB. “A presença numerosa dos bispos, inclusive a Presidência e os assessores da CNBB, são a confirmação de que as CEBs retomaram o rumo”, avaliaram os membros da Equipe Ampliada. “O intereclesial é uma grande assembleia que faz perceber como anda a Igreja no Brasil. Por isso é importante a presença do episcopado neste evento”, acrescentaram. Os bispos destacaram ainda, como pontos fortes do encontro, a espiritualidade e a qualidade dos delegados no Intereclesial. Ressaltaram, igualmente, o número expressivo de padres (331). Os bispos presentes sugeriram que as CEBs entrem como um dos temas prioritários na próxima assembleia. A proposta será levada ao Conselho Permanente da CNBB. Por fim, reconheceram que é necessário dar mais visibilidade ao que foi discutido no Intereclesial.
No último dia, a Assembléia decidiu que o próximo intereclesial das CEBS será no Ceará, a partir da diocese de Crato.
Veja as ultimas notícias do Intereclesial das CEBs no site da CNBB: (www.cnbb.org.br).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Intereclesial das CEBs (2)

Porção de sangue de Irmã Doroth, recolhido com a terra onde tombou seu corpo. Caminhada margeando as matas, recordando tantos mártires da Amazônia. Celebração penitencial diante do canteiro de obras da barragem Santo Antônio, no Rio Madeira. Proclamação das Bem-Aventuranças. Calor e chuva repentina. Renovação da Esperança. Grito que ecoa, clamor a Deus!
Tudo isso compôs a celebração penitencial com a qual se concluiu o segundo dia do Intereclesial das Comunidades de Base, aqui em Porto Velho, Rondônia. Os participantes ainda se encontram, à noite com as famílias que as acolheram carinhosamente em suas casas. Momento de recordar um dia intenso...
Começamos a jornada cedinho, as 7.15h da manhã, no Ginásio do SESI, batizado de “Porto”, em alusão à realidade amazônica. Lá se reuniram os 3 mil delegados para a oração da manhã, que desta vez foi animada pelas comunidades indígenas. Tempos de silêncio de acolhida, diante da forma própria dos índios sintonizarem com o sagrado.
Depois, os ônibus nos esperavam. Fomos divididos em 12 rios, grupos de até 300 pessoas, que se encontraram em escolas da Cidade durante boa parte do dia. Fui para o “Rio Tocantins”, que funcionou na escola das salesianas. Na chegada, como em todo lugar onde estivemos, membros de comunidades e paróquias nos acolheram com música e sorriso. Depois da animação, quatro assessores apresentaram brevemente algumas questões referentes à realidade socioambiental da Amazônia e do Brasil. A seguir, fomos para os grupos menores. Ali se dá o momento onde as pessoas podem se ver, se reconhecer, contar seus “causos”, partilhar lutas e conquistas. Foi isso que aconteceu. Estive no grupo 7 e ouvi algumas experiências significativas de CEBs rurais e urbanas.
Na hora do almoço, outra boa surpresa. O alimento simples, farto e saboroso foi elaborado por voluntários(as) das comunidades. Sabor de família, de partilha, de colaboração, que marca desde o início o jeito de ser das CEBs.
No início da tarde apresentou-se uma síntese dos grupos, centrada no momento de VER a realidade da Amazônia e do Brasil, seus gritos e conquistas. Vieram à tona as grandes questões socioambientais. A primeira, sem dúvida, é a expansão violenta do agronegócio exportador, que traz consigo a destruição do ecossistema, dispersão das comunidades tradicionais e pouca melhoria de condição de vida para a população. Tocou-se também sobre a crescente dificuldade de acesso à água potável no Brasil, em distintas regiões. E, como tudo está interligado, também se falou da violência urbana e do tráfico de drogas. Não senti um clima de desespero ou indiferença diante de um quadro tão sério. Ao contrário, as pessoas sabem que estão fazendo sua parte, que estão colaborando para uma sociedade diferente, animadas pela fé. Partilharam-se algumas experiências bem sucedidas de socioeconomia solidária, de agroecologia e de conscientização ambiental.
E no final da tarde, sob um sol escaldante, fizemos a caminhada até a barragem no Rio Madeira. Aliás, escutei várias pessoas comentando sobre os impactos das barragens em sua região. Penso que a questão da energia é vital para a sustentabilidade.

“Mestre, onde moras? Vinde e Vede – Quem conhece, ama!” Como este mote, hoje o dia está dedicado à missão. Os participantes irão visitar uma das experiências locais: população indígena, comunidades agrícolas, comunidades extrativistas, comunidades ribeirinhas, comunidades de ocupação, casa de detenção, hospitais, casa do menor (salesianos), casa de recuperação de dependentes químicos, bairros populares e comunidades afro-descendentes.
As CEBs continuam sendo um sinal de esperança para uma sociedade justa, inclusiva e sustentável. O intereclesial mostra que um mundo novo é possível e dele já se vêem belos e tênues ramos.

Ir. Afonso Murad

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Intereclesial das CEBs (1)


“Gente simples,
fazendo coisas pequenas
Em lugares não importantes
Conseguem coisas extraordinárias”
Esse refrão de origem africana, e proclamado por Dom Moacir Grechi, arcebispo de Porto Velho, resumiu de forma poética o início do XII Intereclesial das Comunidades de Base, que acontece de 21 a 25 de julho. Realizado pela primeira vez na região amazônica, no estado de Rondônia, o interclesial tem como tema: “CEBs, ecologia e missão”, e como lema: “Do Ventre da Terra o grito que vem da Amazônia”. Este importante encontro reúne aproximadamente 3 mil pessoas, entre delegados de base e agentes de pastoral, eleitos em suas dioceses, bispos, 97 assessores, inúmeros convidados de outras igrejas cristãs e de vários países e uma representativa porção de povos indígenas da região amazônica.
Estima-se que mais de 7 mil pessoas estiveram concentradas na noite de 21 de julho, junto com os participantes do Interclesial, na celebração de abertura que ocorreu no centro de Porto Velho. O momento celebrativo, belo e expressivo em símbolos, trouxe um pouco da complexa realidade amazônica: o rio e a mata, os povos da floresta (indígenas, ribeirinhos e seringueiros), o povo da periferia das cidades, a bio-diversidade e a diversidade cultural, a destruição do bioma pelo agronegócio, a esperança e a resistência do povo.
Na celebração de abertura foram lembrados também todos os regionais presentes, com seus respectivos biomas: mata atlântica, cerrado, caatinga, pampas e pantanal. A questão ecológica, compreendida no viés sócio-ambiental e a partir dos pobres, parece marcar o diferencial deste encontro das CEBs. Outro destaque é tornar mais conhecido a Amazônia para os próprios brasileiros.
O segundo dia do encontro das CEBs terá como temática o VER: “Grito Profético da Terra e dos Povos da Amazônia, símbolos da humanidade”. A disposição dos espaços e dos temas levará em conta a realidade da Amazônia. O lugar central das plenárias denonima-se “Porto”. Os lugares onde se reunirão os 12 miniplinários são os “rios”, que abarcam ao todo 144 grupos de partilha e discussão, chamados de “canoas”. Bem cedinho, como é comum aqui na Amazônia, as 7 horas da manhã, inicia-se a animação musical e a celebração organizada pelos povos indígenas. A seguir, haverá uma introdução dos assessores, seguido de trabalho de grupo. Será o momento em que as pessoas poderão se expressar livremente, partilhando sua experiência de vida, suas convicções, lutas e esperanças. Na parte da parte haverá as miniplenárias, seguida de uma síntese dos respectivos assessores. Por fim, uma celebração penitencial reunindo todos os participantes.
Espera-se que este Intereclesial das CEBs na Amazônia amplie a consciência dos cristãos sobre seu compromisso socioambiental e seja mais um alerta para a sociedade sobre a importância da Amazônia para o nosso planeta. Muitas pequenas luzes, para a grande Luz.

Afonso Murad