terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COP 15: Os ricos têm grana, os pobres, pressa.

Os mais de 5 mil jornalistas reunidos em Copenhague fazem o jogo previsível de amplificar vazamentos de informação em busca de manchetes. É muito difícil, neste momento, saber o que os países realmente querem e o que estão levando apenas como moeda de troca nas negociações. Em reuniões fechadas, pequenos grupos de diplomatas trabalham para construir propostas que agradem às nações desenvolvidas, que terão de pagar a conta, e os pobres, que já estão lidando com os impactos mais extremos das mudanças climáticas.
Além dos números financeiros, há outro que circula pelos corredores: 360 milhões de seres humanos vão morrer nas áreas de maior risco, caso a temperatura do planeta aumente apenas 2 graus, em média. São áreas localizadas em sua quase totalidade na Índia, Bangladesh, África e algumas regiões das Américas Central e do Sul. Não há maiores problemas para a América do Norte e Europa, que em alguns casos poderão até mesmo beneficiar-se com um pouco mais de calor.
Um sentimento também comum é de que o encontro possa terminar sem um acordo definitivo assinado pelos mais de cem chefes de Estado que prometem participar da reunião. É muito poder junto, principalmente se lembrarmos que na COP-13, na Indonésia, o único chefe de Estado presente era o anfitrião. Segundo o embaixador Luís Alberto Figueiredo, um dos principais negociadores da delegação brasileira, “o processo é longo e mesmo pontos consensuais ainda passarão por negociações detalhadas para a sua implementação”.
Um desses casos é o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), não previsto pelo Protocolo de Kyoto, de 1997. O Redd é antes de tudo um projeto que vai apoiar financeiramente a preservação de florestas e áreas degradadas. Para o Brasil, esta é uma aposta importante, e que entrou na agenda oficial apenas nos últimos meses. De acordo com o embaixador brasileiro, não se discute mais se o mecanismo de compensação entra ou não no acordo final. “Sem o Redd não existe acordo.”
A afirmação de Luís Alberto Figueiredo agradou aos brasileiros da Amazônia. O secretário de Meio Ambiente de Manaus, Marcelo Dutra, defensor firme da implantação do mecanismo, afirma que o apoio ao Reed é essencial para os povos do bioma. “A floresta passa a ser vista como aliada do desenvolvimento e não como um entrave”, diz. Outra voz a favor é a de Virgílio Viana, da Fundação Amazonas Sustentável, que aposta no mecanismo não apenas para manter a floresta em pé, mas “para melhorar a qualidade de vida e erradicar a pobreza na região”. Da perspectiva do Brasil, que já assumiu o compromisso de redução do desmatamento na Amazônia em 80% até 2020, o Reed é muito importante, pois o Estado não tem capacidade de cumprir essas metas sem o apoio de projetos de governos locais, empresas e ONGs.
Diante da pressão dos países mais frágeis às mudanças climáticas, há um certo pessimismo em relação ao sucesso de Copenhague. Não existe por parte das economias que vão doar recursos o senso de urgência necessário e apontado pelos mais pobres. Bangladesh, por exemplo, estima que 20% de sua população terá de ser deslocada nos próximos anos para áreas mais altas e seguras, em consequência do avanço do mar. Por conta disso, a delegação do país quer receber 15% da ajuda internacional, seja ela qual for. Terá de disputar com outras centenas de vítimas. Os protestos da comitiva de Tuvalu, estado da Polinésia ameaçado de desaparecer tragado pelo mar, foram tão intensos que chegaram a paralisar o evento em Copenhague.
O presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, acredita que não chegaremos ao “acordo dos sonhos”, mas olha o horizonte com algum otimismo. “Não teremos retrocessos, haverá avanços, pois empatar ou perder, definitivamente, não é mais uma opção.”

2 comentários:

  1. Maicon Donizete Andrade Silva
    GESTÃO PASTORAL - ISTA

    A chamada COP 15 refere-se a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Esse foi um importante encontro entre as grandes nações do mundo em torno a um objetivo comum: o equilíbrio climático como meio para a preservação da vida no planeta.

    Essa, em si, é uma entre tantas outras iniciativas em que o mundo, ciente das alterações do clima e suas implicações sobre a existência da vida na terra, percebe a necessidade de criar meio para a prevenção de desastres climáticos.

    O evento, realizado entre os dias 07 e 18 de dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca, reuniu líderes de todo o mundo e pretendeu definir regras de comportamento dos países que são grandes emissores de gases poluentes, entre eles o Brasil, para a diminuição do aquecimento global.
    Sabemos que existe um efeito estufa tido como o movimento natural do planeta no que tange a retenção equilibrada do calor solar sobre a terra. Quando essa concentração torna-se excessiva, devido à grande acumulação de gases poluentes na atmosfera, provoca o que chamamos “aquecimento global”. Isso tem sido a causa de grandes desastres na terra e tem provocado uma grande alteração no equilíbrio climático do planeta.
    Sabemos que os principais responsáveis por essas emissões são as grandes nações com seu modelo de produção/consumo desenfreado. Frente a isso, vale lembrar que para diminuir a emissão de gases de efeito estufa é necessário adotar alterações no modelo de desenvolvimento econômico e social, como a redução do uso de combustíveis fósseis, energia limpa e renovável, o fim do desmatamento e a mudança de hábitos de consumo.
    Ao adotar medidas como essas, sabemos que o problema não será solucionado, pois é irreversível, mas com medidas como essas, será possível estabilizar a concentração global de carbono até o ano de 2017, quando sua intensidade deve começar a diminuir, chegando a ser 80% menor do que era em 1990.
    Resta, agora, esperar e cobrar para que as grandes nações implementem ações concretas que visem essa diminuição da emissão de CO2 e outros gases poluentes na atmosfera. Só assim será possível resguardar a vida no planeta que é nossa única casa. Ele é nosso “oikos” que precisa ser cuidado e preservado.

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  2. Sempre que algo de magnitude global acontece muitos olhos passam a encherga-lo. E quando o assunto é acologia, esse olhar é ainda mais gritante. Ainda mais para um Planeta quase que engolida pelo capitalismo e suas vertentes.
    Claro que os paises mais ricos pensam apenas em seus benefícios. Não o bastante o que já têm de recursos extraídos de paises pobres, ainda agridem o Planeta de modo a prejudica-los ainda mais.
    Algo tem que ser feito e urgente. Não dá para garantir a sobrevivência de todos sem reduzir a emissão de CO2 e outros gases poluentes. Além de outras medidas terem de ser tomadas. Todos merecemos a vida como direito e como bem. Mas, governos e cidadãos, de todo o mundo devem fazer a sua parte e abrir o seu coração para garantir isso.
    Rogério de Medeiros Silva - Aluno do Curso de Gestão Pastoral - ISTA

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