quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O cântico da fraternidade cósmica


Se queremos conhecer em profundidade e autenticidade a vida, a mística e o espírito de São Francisco, precisamos recorrer a uma das suas mais belas composições: o “Cântico do Irmão Sol”, uma das primeiras obras primas escritas em língua italiana antiga.
São Francisco, antes da sua conversão, era o chefe de um grupo de jovens e barulhentos trovadores da sua cidade natal. O ambiente do século em que ele viveu era marcado pela poesia e pela música da cavalaria, que, mais tarde, resultarão na lenda do Rei Artur e seus cavaleiros. Esse espírito cavalheiresco e de trovador não foi abandonado por Francisco após a sua conversão. Pelas ruas de Assis e dos burgos da região, ele, juntamente com seus companheiros, cantava louvores a Deus, chamando os seus ouvintes à conversão.
O Cântico do Irmão Sol carrega esse espírito trovador de Francisco. Entretanto, para conhecermos em profundidade o espírito presente nos versos desse cântico, é importante conhecermos o contexto em que ele foi gestado.

O Cântico do Sol é um cântico à luz. Mas esse cântico jorrou da noite mais escura e profunda. O período em que o Cântico do Irmão Sol começou a ser redigido foi um tempo particularmente difícil para Francisco. Dois anos antes de sua morte, após receber os estigmas do crucificado no monte Alverne, Francisco fez-se transportar até São Damião, local de moradia de Clara e suas irmãs. A própria Clara preparou-lhe uma palhoça com caniços e ramagem para protegê-lo da luz do dia. Uma doença dos olhos contraída durante sua estadia no oriente já o havia feito perder praticamente toda a visão. Nessa palhoça, Francisco passou mais de cinqüenta dias sem poder suportar a luz do sol ou do fogo à noite, com muito sofrimento causado pela sua doença. Nos raros momentos em que a dor lhe dava descanso e que ele conseguia dormir um pouco, eram tantos os ratos que corriam sobre ele que não conseguia descansar. Mesmo durante o dia e nos momentos de oração, os ratos não lhe davam descanso.

Foi nesse ambiente que Francisco começou a compor o seu Cântico do Irmão Sol, depois de receber a certeza de que participaria do reino celeste. Compôs os versos e a melodia para os mesmos, que ensinou aos seus irmãos. Instruiu esses mesmos irmãos a cantarem o cântico quando fossem pelo mundo e que o cantassem depois das pregações. Dizia que “Ao nascer do sol, deviam todos louvar a Deus por ter criado este astro, que durante o dia fornece luz aos nossos olhos; assim também, quando anoitece, todos deviam louvar a Deus por essa criatura, o nosso irmão fogo, que nos alumia os nossos olhos. Por isso nós devíamos, por estas e pelas outras criaturas que usamos todos os dias, louvar sempre o seu glorioso Criador”. Nos momentos em que estava mais atormentado pelas suas enfermidades, ele começava a entoar o cântico e pedia aos irmãos que prosseguissem. E assim foi até a hora da sua morte.
Essa capacidade de louvar o sol, a luz e as demais criaturas, mesmo sem poder contemplá-las, resulta da pacificação que foi sendo operada na vida de Francisco desde a sua conversão. Francisco é uma pessoa reconciliada com a sua própria humanidade, com os seus limites, com os seus medos. E porque há essa reconciliação interior, todas as demais criaturas são vistas como irmãs, fráteres, sorelas. Por isso Francisco pode cantar: amo irmã Clara, amo o irmão sol, amo o irmão fogo, amo o irmão verme. E foi dessa fraternidade ecológica que nasceu um dos mais belos escritos místico-ecológico do ocidente: o Cântico do Irmão Sol.

“Altíssimo, onipotente e bom Senhor, vossos são o louvor, a glória, a honra e toda bênção”. Assim Francisco inicia seu Cântico do Irmão Sol, afirmando já no início o sentido e a fonte de todo o louvor que se seguirá. Somente Deus é digno de ser louvado. Reaparece aqui mais uma vez a reação de Francisco contra o desejo latente que existe no ser humano de apropriação. Nada nos pertence e tudo pertence a Deus e somente a ele é devido o louvor. Na raiz da violência contra a vida de todas as criaturas está esse desejo que faz com que o ser humano disponha das demais vidas humanas e sacrifique o planeta de forma inconseqüente com as gerações que nos sucederão.
Mas, Francisco dá-se conta de que nem mesmo é possível louvar a Deus, pois “homem algum é digno de vos mencionar”. É então que ele se volta para toda a criação, espelho da bondade desse mesmo Deus. Há, primeiramente, um movimento em direção ao alto, que parece arrancar o homem da terra, distanciando-o das demais realidades terrenas. Mas, esse movimento de ascensão tomará, ao longo das demais estrofes, a direção horizontal da fraternidade com as criaturas.

Três pares aparecerão dispostos lado a lado ao longo do cântico: o sol e a lua, o vento e a água, o fogo e a terra. Há aqui um sentido de totalidade, sinal da integração daquela ecologia interior já referida anteriormente: três pares de elementos, entre os quais figuram os quatro elementos tidos como essenciais pela filosofia e mentalidade de então (ar, água, fogo e terra). As criaturas, transformadas em freis e irmãs – integração do masculino e do feminino, – são convidadas a louvar a Deus, de quem procede todo o bem.
A pessoa de Jesus aparece de forma implícita no cântico através de três elementos: do sol, figura de raízes bíblicas para indicar o messias esperado; através das trinta e três linhas do cântico original, referência à idade de Cristo no momento de sua morte; e através do confronto das primeiras com as últimas palavras do cântico: Jesus é o altíssimo que se fez humilde, é o onipotente que se fez servo de todos.

É importante notar que Francisco sabe reconhecer a utilidade de todas as criaturas, mas essa utilidade assume um caráter bem diferente do utilitarismo moderno que depreda a natureza em função de um suposto bem estar da humanidade. O sol é útil porque clareia o dia e nos ilumina; a água é útil e preciosa porque sacia a sede do homem e da terra, que por sua vez produz frutos, ervas e flores para os animais e para o ser humano; a lua e as estrelas no céu despertam no humano o sentimento do belo, da poesia.
O cântico prossegue convocando o homem e a mulher a louvarem a Deus através da reconciliação e da paz, que constituem o verdadeiro louvor para Francisco. Essa penúltima estrofe não fazia parte do cântico original. Foi acrescentada por Francisco em julho de 1226 para buscar a reconciliação entre o bispo e o podestá (o prefeito) de Assis. O bispo havia excomungado o podestá, que por sua vez, decretou que nenhum cidadão de Assis podia ter com ele qualquer relação comercial ou legal. Francisco pediu que ambos se reunissem no palácio do bispo e, quando lá se encontravam, dois frades levantaram-se e cantaram o cântico como Francisco lhes havia ordenado. Foi o suficiente ambos se reconciliarem e evitar uma guerra civil na cidade.

Como os demais elementos do cântico, o humano aparece em par com um segundo elemento. Reconciliado com todas as criaturas e com o seu semelhante, resta a Francisco e à humanidade a reconciliação definitiva com a morte, companheira inseparável do ser humano e de toda forma de vida. Este último verso do cântico foi composto no princípio de Outubro de 1226, poucos dias antes de sua própria morte. Quando sentiu-a próxima, pediu que o despissem e o colocassem nu sobre a terra que ele havia cantado como irmã e mãe. Nu sobre a terra, Francisco manifestou a radical condição humana face ao Absoluto, diante do qual nos apresentamos despidos de nossas máscaras, revestidos apenas com nossa pobreza. Mas esse gesto possui também um outro significado não menos importante: a reconciliação e o retorno do humano ao útero materno da terra, de Gaia.

E assim, cantando, Francisco morreu. Deixou-nos na saudade e na orfandade. Mas também herdeiros de uma riqueza místico-ecológica que pode ajudar a humanidade a sair do caminho da autodestruição em que tem enveredado.

7 comentários:

  1. enhor Afonso Murad, por favor leia os meus comentáriosmas em os resultados da COP 15 é veja que o ambientalismo é pior que o comunismo. O senhor nunca ouviram sobre a farsa do aquecimento global antropogênico?

    Sei disso porque minha esposa foi ribeirinha e sua família sofreu com a ditadura ambientalista do Ibama, Não é a toa que os municípios do interior do Amazonas é uns dos redutos mais pobres e abandonados do Brasil.

    Agora: "a reconciliação e o retorno do humano ao útero materno da terra, de Gaia."

    Isso é panteismo, é uma Anatéma.

    Paulo Kelson, Manaus. AM.

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    1. Meu caro, lamento que voce tenha iniciado o diálogo com linguagem tão agressiva. Sou cristão, e não panteísta. Portanto, não compreendo o motivo de sua crítica gratuita.
      Além disso, sua teoria de que o aquecimento global é uma farsa é desmentida por milhares de pesquisadores em todo o mundo.
      Atenciosamente,
      Afonso Murad

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  2. O que o leitor Kelson quer afirmar que o seu blog está fundamentado em mentiras:
    http://www.midiasemmascara.org/artigos/ambientalismo/12450-estudo-afunda-mito-do-aquecimento-global-de-origem-humana.html

    http://www.midiasemmascara.org/artigos/ambientalismo/12510-premio-nobel-recusa-qnova-religiaoq-de-mitos-sobre-o-qaquecimento-globalq.html

    Maria Antônia.

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  3. Tem mais, um link de assuntos que podem interressar ao leitores e inclusive ao Afonso Murad:

    http://www.mises.org.br/Subject.aspx?id=2

    Maria Antônia.

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  4. REVELAÇÃO/EXORTAÇÃO
    Urge propagarmos a certeza de que Jesus Cristo já vive espiritualmente na terra pelejando por nós, espargindo a luz do saber em sí, criando Irmãos Espirituais, e a nova era Cristã. Eu não minto, e a Espiritualidade que esperava pela sua volta, pode comprovar que digo a verdade original da eternidade:. E por princípio da nossa sublimação, basta recompormos as 77 letras e os 5 sinais que compõe o título do 1º. livro bíblico, assim: O PRIMEIRO LIVRO DE MOISÉS CHAMADO GÊNESIS: A CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA E DE TUDO O QUE NÊLES HÁ: Agora, pois, todos já podem ver que: HÁ UM HOMEM LENDO AS VERDADES DO SEU ESPÍRITO: ÊLE É O GÊNIO CRIADOR QUE ESSA AÇÃO DE CRISTO: (LC.4.21) – Então passou Jesus a dizer-lhes: Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir: (JB.14.17) – O Espírito da verdade que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem conhece, vós o conheceis; porque Ele habita convosco e estará em vós.(MT.14.27) – Tende ânimo! Sou Eu: Não temais: (JB.2.5) – Fazei tudo o que Ele vos disser, (JB.5.27) – porque é o Filho do Homem: (JÓ.9.19) – Se se trata da força do poderoso Ele dirá: Eis-me aqui: (JÓ.33.2) – Passo agora a falar, em minha boca fala a língua:Regozijai-vos e fazei jus ao poder que o Nosso Espírito traz às Almas Justas, para a formação da verdadeira Cristandade.

    (MT.26.24) – O FILHO DO HOMEM VAI, COMO ESTÁ ESCRITO A SEU RESPEITO, MAS AI DAQUELE POR INTERMÉDIO DE QUEM O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO TRAIDO! MELHOR LHE FÔRA NÃO HAVER NASCIDO:

    E, ao recompormos as 130 letras e os 7 sinais que compõem esse texto, todos já podem ler, saber, e entender quem é o Filho do Homem:

    E O FILHO DO HOMEM É O ESPÍRITO QUE TESTA AS ALMAS DO HOMEM E DA MULHER, NA VERDADE DO SENHOR, COMO CRISTO: E EIS A PROVA QUE O FILHO DO HOMEM FOI TREINADO NA LEI CRISTÃ:

    DESPERTAI-VOS, FUTUROS CRISTÃOS: : (MC.14.41) – AINDA DORMIS E REPOUSAI! BASTA! CHEGOU A HORA, O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO ENTREGUE NAS MÃOS DOS PECADORES:: E à partir desse Santo Dia, toda Criatura racional que desejar interagir conosco na obra comum da nossa criação, precisa fundamentar-se n`A Bibliogênese de Israel; que já está disponível na internet, no portal Amazon, e em todas as boas livrarias: E quem não quiser, pode continuar vegetando na de esperança vã, assistindo passivamente a agonia da vida terrena, à par da auto-destruição do nosso planeta: (NM.24.4)-PALAVRA DAQUELE QUE OUVE OS DITOS DE DEUS, O QUE TEM A VISÃO DO TODO-PODEROSO E PROSTA-SE, PORÉM DE OLHOS ABERTOS....

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  5. VIDA É SER: E O AMOR PROVA QUE EU SOU PELA GRAÇA DE DEUS:

    (GN.1.13) – HOUVE TARDE E MANHÃ, O TERCEIRO DIA: (AR.28.3)

    Sejam bem-vindos à Obra Comum dos Amigos que são fiéis à Cristo, que cumprem às leis e os mandamentos eternos de Deus: Não duvidai do poder desse Amor que nos age, trabalhemos e cresçamos na graça dessa fé; pois o que está escrito com 28 letras e 3 sinais na parábola acima, é esta dádiva divina:

    AMOR CRIA VIDA: EU TENHO, E HÃO DE TER (IL.28.3)

    (IS.49.1) - O Senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome, (IS.49.3) – e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado; (LS.9.6) – porque ainda que algum seja consumado entre os filhos dos homens, se estiver ausente dele a tua sabedoria, será reputado como nada. (SL.74.18) – Lembra-te disto: (EC.3.31) – O coração do sábio se descobre na sabedoria, e o bom ouvido com toda a cobiça ouvirá a sabedoria; (LS.7.28) – porque Deus a ninguém ama, senão ao que habita com a sabedoria: (EC.24.1) – A sabedoria louvará a sua Alma, e se honrará em Deus, e se gloriará no meio do seu povo; (LS.8.4) – porque é ela que ensina a ciência de Deus, e a que dirige as suas obras. (MT.25.37) – Então, perguntarão os justos:(JÓ.21.22)- Acaso alguém ensinará Ciência à Deus, a Ele que julga os que estão nos céus? ...

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  6. O VERBO JÁ CONSAGRA A AUTO-REVELAÇÃO DE CRISTO NA EXORTAÇÃO DOS SANTOS PROFETAS, ASSIM:
    (AP.1.10/11) Achei-me em Espírito no dia 30.09.1985, e ouvi por detrás de mim grande voz como de trombeta, dizendo:: (TB.7.7) – Abençoado sejas, filho meu, porque és filho de um Homem de bem e virtuosíssimo; (1SM.9.20) – e para quem está reservado tudo o que é precioso em Israel: (GN.27.43) – Agora, pois, meu filho, ouve o que te digo: (DT.6.6) – Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; (EZ.28.6) pois que estimas o teu coração, como se fora o coração de Deus: (IS.22.4) – Portanto digo: (SL.20.4) – Conceda-te segundo o teu coração, e realize todos os teus desígnios; (LS.15.3) – porque conhecer-te é a consumada justiça, e o saber a tua justiça e o teu poder, é a raiz da imortalidade. (SL.119.130) – A REVELAÇÃO das tuas palavras esclarece, e dá entendimento aos simples: (GN.28.15) Eis que Eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores...
    (LC.20.9) – A seguir passou Jesus a proferir ao povo esta parábola:

    (GN.1.5) – CHAMOU DEUS A LUZ DIA, E AS TREVAS NOITE: HOUVE TARDE E MANHÃ, O PRIMEIRO DIA: (AR.59.5)

    (GN.43.23) – Ele disse:(2TS.1.3) – Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus, no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira e o vosso mutuo amor de uns para com os outros vai aumentando: (JB.6.27) – Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo: (GL.1.9) E assim como já dissemos, agora repito: (JB.14.6) – Eu sou o caminho a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim: (JS.23.14) – Eis que, hoje, já sigo pelo caminho de todos os da terra; (1CO.15.45) – pois assim está escrito, segundo a recomposição das 59 letras e dos 5 sinais que compõem a parábola acima, a saber:

    DEUS ESPIRITUALIZOU O HOMEM: ENTÃO, HA UM CRISTO NA ERA, HA A VERDADE E VIDA: (IL.59.5)

    (MT.21.33) – Atentai noutra parábola:
    (EZ.) – EZEQUIEL: A VISÃO DOS QUATRO QUERUBINS: (ES.5.2) – É AZUL: (AR.37.5)
    (HB.13.22) – Rogo-vos, ainda, irmãos, que suporteis a presente EXORTAÇÃO que vos escrevi resumidamente; (1TS.2.3) – pois a NOSSA EXORTAÇÃO não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; (2CO.2.17) – porque nós não estamos como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus: (JB.8.12) – Eu sou a luz do mundo: Quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida: (1SM.12.3) – Eis-me aqui: Testemunhai recompondo as 37 letras e 5 sinais da parábola acima, gerando o testemunho do Verbo Divino, que diz:
    O QUE NÃO QUIS TER BOA VIDA QUIS SER LUZ: E É A LUZ: (IL.37.5)

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