quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tarefas ecológicas das religiões (3)

Tarefa: (3) Participar da elaboração de uma epistemologia ambiental
Marcial Maçaneiro

Emergem ensaios de uma nova epistemologia, voltada para o saber complexo. Nesta direção convergem os ensaios interdisciplinares, o diálogo entre ciências humanas e ciências naturais e o encontro das várias esferas de realização do humanum com seus saberes (arte, direito, ética, comunicação, psicologia, sociologia, religião). Edgar Morin tem desenvolvido longa reflexão, tocando não apenas os elementos tópicos da epistemologia (e suas pretensões), mas o próprio paradigma do conhecimento humano. Também Pierre Dansereau tem reclamado a construção de uma epistemologia ecológica que inclua a ética e o princípio da síntese.
Tratar-se-ia de um verdadeiro desafio civilizacional. Alfredo Pena-Vega assume e desenvolve as perspectivas de Edgar Morin: insiste na ciência ecológica como construção e percepção complexas; um conhecimento até mesmo crítico, pois coloca “em xeque” nossas coordenadas gnosiológicas, nossa delimitação das ciências e até nosso comportamento.

Segundo os autores, não se trata apenas de reconfigurar o conhecimento, mas de colocá-lo a serviço da vida do planeta — o que requer também a revisão epistemológica. Para Alfredo Pena-Vega, participam da elaboração da epistemologia ecológica os dados da biologia, psicologia e física — desde que todos se disponham a rever seus paradigmas com humildade intelectiva e rigor metodológico.
A valorização das ecofontes, o paradigma da síntese (com seus emblemas milenares) e a relação pessoa-natureza no âmbito do sagrado têm levado vários desses autores a incluir elementos religiosos em suas propostas, ao menos em perspectiva.

Mirando uma nova epistemologia ambiental, Enrique Leff fala da colaboração dos saberes ancestrais e simbólicos, guardados secularmente pelas religiões, mas quase sempre desqualificados do ponto de vista considerado “científico”. Esse autor propõe, antes de tudo, rever o que seja “científico” para depois rever o que seja “conhecimento”. Investiga os diferentes “saberes” e procura recuperar a dignidade epistemológica do patrimônio simbólico, mítico e ritual dos povos.

2 comentários:

  1. http://ecologiaemeioambiente.blogspot.com/23 de fevereiro de 2011 às 08:01

    Ao longo dos últimos séculos houve uma valorização do conhecimento baseado nos princípios cartesianos, sempre valorizando o pensamento baseado na lógica, por isso uma mudança de paradígma voaltada a interdisciplinidade é bem vinda, pois o ser humano possui várias dimensões do conhecimento.

    http://ecologiaemeioambiente.blogspot.com/

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